Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-09-2014

Damiris, "presente" do basquete brasileiro
Aos 21 anos, piv� do Minnesota Lynx � trunfo do Brasil. Atleta fala sobre a temporada na WNBA, a adapta��o nos EUA, a rela��o com a "tia" Janeth e a saudade da fam�lia
Damiris,
Foto: g1.globo.com

Descoberta em uma peneira de 80 meninas em Santo Andr� (SP) por Janeth Arcain, a quem chama carinhosamente de "Tia Jane", Damiris Dantas � apontada como a maior revela��o do basquete brasileiro nos �ltimos anos. Deixou para tr�s o futebol, o v�lei, a dan�a e o xadrez e vem sendo lapidada desde cedo. As quatro horas de trem di�rias de Ferraz de Vasconcelos a Santo Andr� e as dificuldades financeiras para comprar at� mesmo um par de t�nis nunca desanimaram a piv�. O esfor�o dos tios aposentados, que criaram ela e as irm�s (uma delas com paralisia cerebral) foi recompensado. A jovem aprendeu a lidar com a press�o desde cedo e, aos 21 anos, � uma refer�ncia na sele��o brasileira adulta de basquete. Titular do Minnesota Lynx na WNBA e a menina dos olhos da t�cnica Cheryl Reeves, ela � vista por muitos como o futuro do basquete, mas prefere se enxergar como o presente. E o pr�ximo desafio j� foi tra�ado. Ao lado de �rika, Adrianinha e outras promessas da nova gera��o, ela sonha com uma medalha na Copa do Mundo da Turquia, entre os dias 27 de setembro e 5 de outubro.

- A vida de atleta � bastante regrada, com muitos sacrif�cios e supera��es, mas eu adoro a adrenalina dessa vida. N�o mudaria nada e sou muito grata a Deus por tudo. Quando dizem que eu sou o futuro do basquete brasileiro, eu sempre respondo que n�o. Sou o presente. Eu jogo - analisou a jovem Damiris, eleita a melhor jogadora do Mundial sub-19 de 2011, no Chile, e uma das protagonistas da campanha da medalha de bronze no torneio.

Ap�s despontar nas Olimp�adas Escolares, a piv� foi a �nica a passar no teste do CFE Janeth Arcain (SP). Defendeu a equipe de Santo Andr� por quatro anos, onde estreitou os la�os com a "Tia Jane", a quem sempre teve como um espelho e foi uma pe�a fundamental em seu processo de adapta��o nos Estados Unidos. Embora ainda tenha algumas dificuldades com o idioma, tudo fluiu de forma r�pida, assim como a sua pr�pria vida. As saudades da fam�lia foram o maior obst�culo para a jovem, que tem recorrido � tecnologia para aliviar a falta, seja por telefone ou pela webcam do computador. N�o se arrepende de nada. E a evolu��o nas quadras � n�tida.

Com passagens por Celta de Vigo, da Espanha, Jundia� (SP), Ourinhos (SP) e Americana (SP), a piv� fala com propriedade das diferen�as entre o basquete praticado nos Estados Unidos, no Brasil e na Europa. Joia da nova gera��o, ela � um dos grandes trunfos da sele��o brasileira de basquete no Mundial. O Brasil est� no Grupo A, ao lado de Rep�blica Tcheca, Espanha e Jap�o. A estreia ser� contra a Rep�blica Tcheca, no pr�ximo s�bado, �s 15h15 (de Bras�lia), com transmiss�o ao vivo do SporTV e cobertura em Tempo Real do GloboEsporte.com. Os assinantes do Canal Campe�o tamb�m podem acompanhar os lances pelo SporTV Play.

GLOBOESPORTE.COM: Se voc� pudesse destacar as principais diferen�as entre o basquete americano, o europeu e o brasileiro, o que diria?
DAMIRIS: O estilo de jogo � totalmente diferente. O estilo americano � mais vers�til e n�o tem tanta rigidez t�cnica quanto na Europa ou no Brasil. � uma forma de jogar que explora mais a capacidade t�cnica de cada atleta e pautada em cima do talento individual. Sem falar no espet�culo. Os jogos da NBA e WNBA s�o verdadeiros shows.

Como voc� avalia a sua temporada na WNBA e a sua vida nos Estados Unidos? Era como voc� esperava?
Estou gostando bastante e aprendendo mais ainda. Os treinamentos s�o bastante intensos e os jogos bastante disputados. Estou tendo a oportunidade de jogar e aprender com as melhores do mundo. Aqui est� tudo fant�stico. Estou tendo uma grande oportunidade de aprendizado. � o sonho de toda jogadora. Estou amando morar aqui, me dou muito bem com as meninas e somos muito companheiras. � muito melhor do que eu esperava.

Como foi a sua adapta��o? Quem te ajudou? O que tem sido mais dif�cil?
Foi uma adapta��o r�pida. N�o conhecia ningu�m quando cheguei aqui, mas n�o foi um problema. Parece que nos conhecemos h� muito tempo. A "Tia Jane" (Janeth Arcain) me acompanhou nos primeiros dias e me ajudou com o ingl�s. Foi um processo r�pido. A parte ruim � ficar longe da fam�lia e dos amigos. Sinto muita da fam�lia, mas falo com eles todos os dias por telefone e nos vemos pela webcam. Minha irm�zinha est� sentindo muito a minha falta e chega at� ficar doente de saudade. � dif�cil, mas faz parte da minha vida como atleta. Ainda n�o sei quando volto ao Brasil, pois depende muito do desempenho do Minnesota na competi��o.

Como voc� foi recebida em Minnesota pelas suas companheiras de time e pelos f�s do basquete? J� est� fluente no ingl�s?
Fui muito bem recebida. Todas as meninas s�o muito legais e me abra�aram. � uma equipe bastante entrosada e unida. N�o tenho muitos f�s ainda por aqui, mas o interesse do p�blico pelo time � enorme, j� que o Minnesota � o atual campe�o da WNBA. Ainda n�o estou fluente na l�ngua, mas j� me viro muito bem.

O que voc� aprendeu nesse per�odo em que esteve na WNBA? O que acha que evoluiu e quais foram as maiores dificuldades?
Aprendi muita coisa. Todo dia aprendo algo novo. Uma coisa que melhorei muito foi a intensidade do meu jogo, jogar sempre firme. E tamb�m acho que estou mais madura. Estou treinando todos os fundamentos e isso est� me ajudando bastante, mas ainda tenho muito o que melhorar.

Voc� sonhava com esse momento na carreira? Quais s�o os seus maiores sonhos?
Toda jogadora de basquete sonha em um dia chegar na WNBA, assim como os meninos na NBA. � a maior liga de basquete do mundo. Eu sonhava, mas n�o imaginava que seria t�o r�pido. Na minha vida as coisas aconteceram de forma muito r�pida. Meu maior sonho era chegar aqui, agora � fazer bons treinos e conquistar meu espa�o primeiro no time e depois ir crescendo cada vez mais. Al�m disso, espero sempre ajudar a minha sele��o com todo aprendizado que conquistar aqui.

Em quem voc� se espelha no basquete e por que? Quais s�o seus �dolos?
No basquete meus �dolos sempre foram a tia Jane, que foi um grande jogadora pela Sele��o e pela WNBA, e a �rika, que sempre quis conhecer e jogar com ela. Quando vi que jogaria com ela na sele��o, eu realizei um sonho, pois sempre a tive como espelho. Depois que nos conhecemos, virou a minha tia tamb�m e me d� muitos conselhos na quadra e na vida pessoal. Mas meus verdadeiros �dolos s�o minhas irm�s, Tauany e Daiany, e minha fam�lia que sempre me ensinaram coisas boas para eu ser uma pessoa melhor.
Voc� � uma menina nova, tem 21 anos e vem sendo lapidada desde muito cedo. Como voc� lida com a press�o de ser uma atleta t�o jovem e uma refer�ncia na sele��o brasileira? O que precisa abdicar? Se arrepende de alguma coisa?
� uma vida bastante regrada com muitos sacrif�cios e supera��es, mas eu adoro a adrenalina dessa vida. N�o mudaria nada e sou muito grata a Deus por tudo. Quando dizem que eu sou o futuro do basquete brasileiro, eu sempre respondo que n�o. Sou o presente. Eu jogo.

E o Mundial? Qual a sua expectativa?
A expectativa � sempre a melhor. O Zanon � um excelente t�cnico e est� fazendo um trabalho fant�stico no comando da sele��o. Desde que assumiu a equipe ele trabalha com o objetivo de renovar o grupo, mas sabemos que � um trabalho a longo prazo.

Qual os objetivos do Brasil? Voc� confia em um lugar no p�dio?
A nossa proposta para a Copa do Mundo da Turquia � obter o melhor resultado poss�vel. Sonhamos com uma medalha, mas vamos jogar um jogo por dia. Todo dia � um objetivo novo. Sabemos que � uma competi��o que re�ne apenas as 16 melhores sele��es do mundo e n�o ser� f�cil, mas estamos trabalhando para isso.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir