Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-10-2014

Sindifranca pede cautela a fábricas para coibir compra
Entidade orienta sobre falta de nota fiscal e preço abaixo do mercado. Para polícia, material de origem criminosa é adquirido por firmas da cidade.
Sindifranca pede cautela a fábricas para coibir compra
Foto: g1.globo.com

A sucessão de furtos de couro em fábricas de sapato de Franca (SP) levou a entidade que representa os calçadistas a sugerir medidas de segurança, como exigência de nota fiscal, para evitar que os próprios empresários adquiram matéria-prima de origem duvidosa. Após abrir investigações sobre os crimes e identificar cinco suspeitos, a Polícia Civil informou que intermediários envolvidos na prática acabam vendendo o couro sem procedência para algumas firmas de pequeno e médio porte do município por preços abaixo do mercado.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Calçado de Franca (Sindifranca), José Carlos Brigagão, seis empresas já foram vítimas de ladrões este ano. "Eles [os donos] realmente estão preocupados com essa situação, inclusive pode até ocorrer novamente. Como o couro é caro, acionaram a entidade para que pudéssemos, com a polícia, coibir esse tipo de delito", disse.

Uma dos furtos mais recentes aconteceu na indústria de calçados de Jair Antonio de Oliveira, no dia 30 de setembro. Segundo ele, os ladrões burlaram o circuito de segurança e levaram os maiores lotes que haviam chegado naquele mesmo dia. O prejuízo estimado é de R$ 80 mil. "Com certeza eles já deveriam estar observando ou tiveram alguma informação aqui de dentro. O dia em que mais chegou couro foi o dia em que eles entraram na madrugada", afirmou.

Oliveira acredita que o furto da matéria-prima vai atrasar a produção e comprometer as entregas, principalmente pela dificuldade de se adquirir couro, mais caro no mercado interno. "Não estamos conseguindo o mesmo couro, temos que colocar coisa mais ou menos parecida. Vamos ter que entregar uma mercadoria um pouquinho diferente, o que com certeza vai dar problema também", disse.

Polícia Civil
Através da investigação da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), pelo menos cinco pessoas suspeitas de furto e receptação do couro foram localizadas, segundo o delegado Márcio Murari. A apuração, de acordo com ele, apontou que quem está envolvido com os furtos vende o couro em frações menores para pequenos e médios empresários de Franca. "Pelo que apuramos, ele é comercializado aqui mesmo na cidade, não é vendido em outra localidade, mesmo porque o transporte desse couro exigiria uma logística maior. Tudo é feito através de pessoas que já trabalhavam com a venda de couro aqui, com um preço abaixo do mercado", afirmou.

O delegado revela ainda acreditar que, quem compra o couro furtado sabe a origem do produto e incentiva a ocorrência de novos delitos. Alguns dos suspeitos estão respondendo por receptação qualificada, informou Murari. "A partir do momento que ele está comprando esse couro ele está fomentando esse mercado. Quanto maior a procura, maior a venda desse couro furtado", ressaltou.

Cautela na compra
Diante das ocorrências, o Sindifranca e a polícia estão orientando as fábricas de sapato do município sobre os cuidados na hora da aquisição da matéria-prima. A principal dica é a exigência de nota fiscal. Além disso, José Carlos Brigagão explica que os empresários estão sendo alertados sobre os preços praticados pelos negociadores, bem como sobre a forma com quem armazenam o couro.

"A primeira coisa que a indústria calçadista vai fazer, na hora em que for ser ofertado o couro para ela, pedir nota fiscal e a procedência desse couro. A segunda, se o preço desse couro está dentro do mercado para aquele tipo de couro que está sendo vendido. Se houver discrepância desse preço, que realmente chame a atenção ele não deve fazer a compra, mesmo com a nota fiscal", disse o presidente do sindicato.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir