Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-10-2014

Goleira troca seleção por estudos nos EUA
Flávia Guedes, de 20 anos, cursa engenharia na Columbia College. Graças ao futebol ela tem os estudos e despesas custeados pela faculdade.
Goleira troca seleção por estudos nos EUA
Foto: g1.globo.com

Foi saltando, se atirando no chão e defendendo bolas que a mineira Flávia Guedes, de 20 anos, recebeu um convite para estudar nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, jogar a liga universitária norte-americana como goleira da Columbia College, uma universidade do estado do Missouri. Flávia precisou tomar uma importante decisão entre ser uma jogadora profissional de futebol no Brasil, onde chegou a ser convocada para a Seleção Brasileira sub-20, ou se mudar para os Estados Unidos para estudar e continuar como atleta amadora - uma exigência das universidades aos bolsistas.

Flávia nasceu em Juiz de Fora (MG), e sempre foi apaixonada por futebol. Jogava na linha, primeiro no futsal, depois no futebol de campo. Jogou no Palmeiras, no São José, de São dos Campos, e no Centro Olímpico, em São Paulo. Foi no Palmeiras que se tornou goleira, depois que a titular faltou a um treino. Ao mesmo tempo, a jovem seguia a vida de estudante. Entrou em engenharia na Universidade Paulista (Unip) e se transferiu para a ETEP de São José dos Campos.

Em abril do ano passado, Flávia foi convocada para a Seleção Brasileira sub-20. Mas já tinha na cabeça planos de se transferir para os Estados Unidos, onde o futebol feminino e o ensino superior são bem mais desenvolvidos. "Sempre quis vir jogar futebol pelos EUA, porque eu sempre via nas noticia o quanto o futebol feminino era valorizado aqui", explica Flavia. "Aqui eu tenho bolsa que cobre moradia, alimentação e transporte, a gente só paga o plano de saúde."

A mudança se deu em agosto de 2013 com a ajuda de um empresário, Gilson Kuroba, que cuidou de toda burocracia. Flavia precisou passar por exames de proficiência em inglês para ser aceita como aluna bolsista. Em seu primeiro semestre letivo, Flavia se dedicou a aulas de reforço em inglês. Este ano, mergulhou nos estudos de cálculos de engenharia.

A rotina da brasileira inclui aulas de engenharia das 9h30 às 14h50. Ela diz que na faculdade tem outros estudantes brasileiros, muitos do programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. "Tenho que manter minhas notas as mais alta possível", diz a estudante, que mora no alojamento universitário.

Depois da aula, a brasileira encara duas horas de treino do time de futebol feminino da universidade. A equipe é chamada de Cougars, e disputa a Conferência do Meio-Oeste Americano (AMC). Esta semana, Flavia recebeu o prêmio de melhor jogadora de defesa do campeonato.

"O futebol fez muito bem para ela", diz a mãe, Leda Guedes, que cuida das outras duas filhas na cidade de Mar de Espanha (MG). "A Flavia ganhou disciplina e está aplicando isso nos estudos." Leda lembra que não foi uma decisão fácil para a filha abrir mão das chances de jogar pela Seleção Brasileira principal para se mudar para os Estados Unidos.

"Ela teve convite até para jogar na Coreia do Sul, onde o futebol feminino é muito profissionalizado. Mas nos Estados Unidos o esporte é "casado" com a educação e a gente nunca sabe como vai ser amanhã."

Flavia diz que vai esperar se formar para decidir seu futuro como engenheira ou como goleira. As chances de ir para a Olimpíada de 2016, no Rio, estão praticamente descartadas por causa da opção pela universidade. Mas quando tirar o diploma, a jovem terá 24 anos. "Espero um dia ter chance de jogar pela seleção principal."

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ana Luiza Schetine    |      Imprimir