Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-10-2014

Seca faz movimento de restaurantes à margem do Piracicaba
Mudança na paisagem espantou os turistas da tradicional Rua do Porto. Baixa vazão, espuma e cheiro forte são os motivos, dizem comerciantes.
Seca faz movimento de restaurantes  à margem do Piracicaba
Foto: g1.globo.com

A forte estiagem que deixou o Rio Piracicaba com vazão 92% abaixo de sua média para outubro, a pior em 30 anos, também espantou os turistas e fez o movimento dos bares e restaurantes da Rua do Porto, tradicional ponto turístico de Piracicaba (SP), cair até 80%, segundo os comerciantes da região. A suspensão dos passeios de barco, o nível baixo do manancial e a espuma que se espalha pela água em decorrência de alta concentração de poluentes são algumas das causas para esse quadro, também conforme os donos dos estabelecimentos.

Gerente de um restaurante que fica na beira do rio, Carlos Alberto dos Santos afirmou que a estiagem prejudicou a região inteira. Segundo ele, os turista iam até o local para ver a paisagem e comer os tradicionais peixes, mas agora não existe mais o belo cenário.

"A pessoa vem aqui e não tem mais rio pra ver, não tem mais barco e ela ainda corre o risco de ver os peixes mortos, o que causa uma má impressão muito grande. Então, não tem como o faturamento não cair, o movimento baixou 80%. Se você passar em churrascarias e pizzarias do Centro da cidade, elas estão todas lotadas", afirmou Santos.

Já Amauri Zignani é proprietário de um outro restaurante na Rua do Porto e afirmou que o movimento dos seus clientes caiu pela metade. Ele disse que as pessoas passaram a não se sentir mais atraídas a ir ao local por conta da mudança na paisagem. "A Rua do Porto é um conjunto, infelizmente as pessoas não têm mais tanta vontade de vir devido à seca do rio, mas a qualidade da comida é a mesma", brincou.

Cheiro forte
A alta concentração de poluentes tem provocado o surgimento de espuma no Rio Piracicaba, em diversos trechos. Na última quinta-feira (23), o G1 foi até a região do Parque do Mirante e constatou que parte do manancial estava coberto de branco. Além da poluição, o fenômeno ocorreu por conta das chuvas dos dias anteriores, de acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

A espuma causa um cheiro forte no rio e, apesar de não chegar na região dos restaurantes, ela pode ter sido um fator para a queda de movimento na Rua do Porto.

"As pessoas passam na ponte, onde tem bastante espuma e também a água bate na pedra e solta o cheiro, aí elas pensam que na parte dos restaurantes também está assim, mas o cheiro não chega aqui", disse Amauri Zignani.

Corte de funcionários
O dono de um restaurante que preferiu não se identificar afirmou que a queda no faturamento do estabelecimento pode provocar a demissão de alguns funcionários. Sem revelar valores, o comerciante disse que recebe no máximo 30% do que recebia em um final de semana e, se a situação perdurar, não conseguirá manter o atual quadro de trabalhadores.

"Não tem como ficar com o mesmo quadro recebendo o que eu estou recebendo. Eu tenho as despesas com o restaurante e ainda tenho o pagamento dos funcionários, mas com o faturamento 70% mais baixo do que era, talvez eu tenha que fazer alguns cortes", afirmou o proprietário.

Vazão
No início da manhã desta segunda-feira (28), a profundidade do Rio Piracicaba era de 72 centímetros, quando o normal seria 1,47 metro, conforme informações do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Já a vazão às 7h40 era de 7,35 mil litros de água por segundo. A média para o mês é de 75,2 mil litros por segundo.

No dia 13 de outubro, o Rio Piracicaba registrou a pior vazão em 30 anos, quando o nível do manancial chegou a 5,40 mil litros de água por segundo, conforme dados do PCJ. O valor é 92% abaixo da média para outubro. No mesmo dia de 2013, a vazão era de 40,8 mil litros de água.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir