Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-11-2014

Pais denunciam supostas fraudes na Apae de Porto Velho
Supostas irregularidades estão reunidas em laudo. Direção da entidade alega disputa política na entidade.
Pais denunciam supostas fraudes na Apae de Porto Velho
Foto: g1.globo.com

Pais e sócios da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Porto Velho denunciam supostas irregularidades na administração da entidade. Eles juntaram um laudo que indaga a administração sobre recursos repassados à instituição, dentre outros supostos problemas como falta de alimentação adequada, superfaturamento em combustíveis e veículos usados indeviamente.

Segundo um sócio que não quis se identificar, as denúncias estão protocoladas em órgãos responsáveis como Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA) e Ministério Público do Estado (MPE). A Apae justifica as denúncias como "uma disputa política em relação à administração da entidade".

Os pais aproveitaram uma assembleia extraordinária convocada pela Apae, nesta sexta-feira (31) para discutir as denúncias. "Aproveitamos a assembleia para reivindicar as coisas que estão erradas. Queríamos que a administração nos explicasse, pois como pais, achamos que tem irregularidades sim", explica a mãe de uma criança, Francisca das Chagas Sobreiro.

De acordo com um sócio que não quis se identificar, a juntada de documentos para comprovar as denúncias começou há três meses, quando alguns pais começaram a reclamar de maus tratos aos filhos. "Ficamos sabendo que as crianças estavam sendo tratadas com tratamentos jocosos, e sem a atenção que necessitam. Reunimos um pequeno grupo de pais e fomos ao Conselho Tutelar para denunciar", disse um dos pais que não quis se identificar.

Além da falta de alimentação adequada, os denunciantes afirmam que a instituição não tinha higiene suficiente e faltam até mesmo copos descartáveis. "Eram dois ou três copos de alumínio para atender todos os alunos. Os banheiros não tinham almofada e elas acabavam sentando na louça", disse. Segundo ele, a antiga sede da instituição não tinha estrutura necessária. "Tinha uma cisterna aberta e o perigo de uma criança cair a qualquer momento. Tanto é que depois da denúncia no Conselho Tutelar e na DPCA, eles mudaram de modo abrupto para a nova sede", afirma o sócio

De acordo com os pais, a principal reclamação é que a instituição alega que não há fundos para atender as crianças. "Eles dizem que nunca tem dinheiro, mas nós descobrimos que há repasse para gasolina, apesar do ônibus ser a diesel e a kombi não rodar tanto quanto o ônibus", diz o sócio. Segundo a Apae, há um ônibus e uma kombi para atender crianças e eventuais ocorrências da instituição. Os pais também reclamam da ajuda de custos cobrada no valor de R$ 100 reais para que o ônibus escolar pegue as crianças. Alguns que não têm condições de arcar com o pagamento, deixaram de frequentar a Apae.

"No edital está previsto mais de quatro mil litros de gasolina. A kombi quase não é utilizada e não atende as crianças. Se atende é excepcionalmente, para transportar alguma coisa para algum evento, mas nunca é para atender crianças", afirma uma mãe que não quis se identificar.

Os pais também reclamam sobre a doação de uma caminhonete à Apae pela Superintendência Regional do Trabalho, e que nunca teria sido usada. "Na reunião indagamos sobre a caminhonete e, por acaso, o veículo está sendo usado pela vice-presidente. Ela alega que comprou por 10 mil reais, mas checamos no Detran que a caminhonete ainda está em nome da Apae. Tem várias informações que não fecham e queremos esclarecimentos", conclui.

Denúncias sobre administração de recursos
Uma ex-funcionária que não quis se identificar, conta que trabalhou na entidade por três anos e foi afastada após começar a cobrar elementos básicos como cuidadores e merenda escolar. "Sugeri que adaptassem uma sala, colocassem uma pia e contratassem uma merendeira, mas fui destituída do cargo por cobrar. Falaram para eu me virar para servir a comida, pois eu tinha pego guias de requisição para merenda escolar", afirma.

Segunda a ex-funcionária, a administração da Apae não convoca os pais para avisar sobre qualquer mudança e não aplica o dinheiro dos recursos corretamente. "Tivemos recurso de 100 mil para oficinas aos alunos e a administração não aplicou. Isso está no portal de transparência da prefeitura entre março ou maio. Também tivemos R$ 30 mil para comprar material didático e só chegou R$ 1,500 reais em material. Pedimos papel toalha pra limpar a boca das crianças, e alegaram não haver recurso", relata.

Explicações da Apae
A gasolina é usada na kombi que auxilia em caso de falha do ônibus, ou transporte de crianças e materiais em geral, segundo a professora e responsável pelos convênios Maria Conceição Gomes de Oliveira. Segundo ela, a ajuda de custo de R$ 100 reais é revertida para pagar o motorista do ônibus e a ajudante, além dos encargos trabalhisticos.

Sobre a falta de merenda, a professora argumenta que a nova sede da instituição não tem estrutura para oferecer comida e, por isso, as crianças estariam recebendo lanche. Ela explica que a antiga sede da Apae tinha cozinha, mas a nova sede não tem a mesma estrutura. "Foi feita uma reunião para informar aos pais que, ao invés de oferecermos comida, seria lanche. A verdade é que existe uma rixa política na Apae. O grupo que perdeu está fazendo de tudo para prejudicar o que ganhou", justifica Conceição.

Ainda segundo a professora, a Apae recebe uma ementa da prefeitura que dá a opção de disponibilizar alimentação ou lanche. "Decidimos reverter em lanche. Tínhamos cozinheira, mas ela foi demitida porque a Apae não tem condição de ter uma folha tão alta. A caminhonete foi vendida porque precisávamos pagar o aluguel de 45 mil e o veículo já estava velho", finaliza.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir