Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-11-2014

Adnet - uma vítima dos blogs agoniza em praça pública

Adnet - uma vítima dos blogs agoniza em praça pública
Foto: g1.globo.com

"A história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa". Quando escreveu isso, Karl Marx referia-se à diferença entre dois "Bonapartes" – Napoleão e seu sobrinho Luís Napoleão (Napoleão III) –, num contexto tão sofisticado que eu precisaria de incontáveis parágrafos aqui para descrevê-lo propriamente.

No entanto, a famosa frase de Marx provou-se uma daquelas sabedorias universais, possíveis de serem usadas em múltiplas situações, em eras diversas, em contextos dos mais variados. Por isso, foi exatamente esta frase que me veio à memória quando vi, recentemente, o "affair Adnet" se multiplicar como um fungo maldito na internet desde a última sexta-feira (7).

Para a decepção de alguns leitores que talvez tenham parado aqui por conta de uma pesquisa menos apurada sobre o assunto, lamento informar que não vou aqui julgar o caso em si – e por vários motivos. Primeiro porque sou admirador do humorista Marcelo Adnet muito antes de nos tornarmos colegas na mesma emissora.

(Os mais apressados imediatamente vão julgar que este é um post que escrevo com uma arma na minha cabeça, apontada pela direção da TV onde eu trabalho, para ajudar na "defesa" de Adnet – como ele precisasse disso... A esses eu recomendo que economizem sua bile na hora de escrever um comentário deslocado; e que, depois, leiam também outro post aqui mesmo neste blog, com o título "Sou obrigado, por contrato, a falar bem de "Tá no ar").


Segundo, porque pelo contato profissional tornei-me um amigo casual, a quem respeito. Terceiro, porque qualquer especulação sobre os desdobramentos das fotos "comprometedoras" feitas na semana passada, além de ser estupidamente oportunista, não tem a menor consequência num problema que só pode ser resolvido na intimidade dos envolvidos. E quarto, porque eu simplesmente não tenho nada a ver com isso – aliás, nem você, mas eu divago...

O episódio é "fascinante" para mim, como fenômeno de cultura pop. Ao escrever isso, não estou dizendo que as fotos que expuseram uma infidelidade de uma pessoa muito conhecida, e que atingiu níveis de indignação dignos da Inglaterra vitoriana (às vezes me pergunto se evoluímos mesmo como sociedade de lá para cá, mas eu divago de novo a menos de um parágrafo desde a última vez, e isso é grave!).

Enfim, ao olhar para o que aconteceu como um "fenômeno pop" não estou levianamente abstraindo que isso não tem repercussões em (pelo menos) três vidas muito reais, que desde a semana passada foram devastadas de maneira também muito real. Mas é que esses detalhes realmente não me interessam – e uma discussão que vá por este caminho certamente não cabe neste espaço.

Olhando então sob a ótica da cultura de massa – ah, a "loucura das massas", como diria Charles Mackay –, o que me chamou a atenção foi, mais uma vez, a banalização de um desfortúnio pessoal, sobretudo a maneira em que foi usada como combustível de um escárnio coletivo.


Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir