Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-11-2014

Transexuais dizem que se sentiram acolhidas no Enem
As transg�neros dizem terem sido tratadas com respeito. Ao todo, 95 estudantes foram autorizados a usar nome social.
Transexuais dizem que se sentiram acolhidas no Enem
Foto: g1.globo.com

Pela primeira vez em sua hist�ria o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) permitiu que estudantes transexuais usassem o nome social na inscri��o e nas provas. Transexuais ouvidas pelo G1 disseram que n�o sofreram nenhum tipo de discrimina��o e tudo transcorreu normalmente nos dois dias de prova.

A candidata transexual Maria Clara Ara�jo, de 18 anos, diz que se sentiu acolhida durante a prova do Enem neste fim de semana, quando pode usar seu nome social. Essa foi a segunda vez que ela prestou o exame, mas ser� a primeira em que ela poder� ser tratada pelo nome que escolheu para si.

Foi a primeira vez que o Inep ofereceu essa possibilidade. Ela pretende disputar uma vaga em servi�o social na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


A candidata disse que s� foi tratada apenas como Maria Clara no local de provas e que n�o teve problemas na hora de se identificar. "Acho que ela [a fiscal] j� tinha dado uma olhada e visto que viria uma mulher trans para a sala. Quando cheguei, ela me olhou e j� abriu um sorriso. Me senti acolhida."

Maria Clara diz que se sentiu feliz com o atendimento. "A prova, em si, j� � de resist�ncia. Mexe com seu psicol�gico e te desestabilizada. Ent�o, foi muito bom ter ficado tranquila em rela��o a esse aspecto da minha vida." Para ela, a sociedade tem de tomar consci�ncia da import�ncia. "� nosso nome, n�o � "conhecida como", n�o � "nome de show".

Pelas regras do Enem, o candidato transexual pode optar por usar o banheiro masculino ou feminino do local de prova. "N�o fui ao banheiro", disse Maria Clara.

"N�o senti nenhum desconforto"
A transexual piauiense Maria Laura dos Reis, 36 anos, disse que n�o sofreu qualquer tipo de constrangimento e afirmou ter sido bem tratada durante os dois dias de prova.


"N�o sofri nenhum tipo de constrangimento, pelo contr�rio, fui bem tratada nesses dois dias do Enem. Quando cheguei ao local de prova n�o tive nenhum problema com a minha identifica��o. Os fiscais me chamaram pelo nome social que tinha no meu cart�o de confirma��o. Entrei na sala normalmente, recebi a prova como os demais candidatos e depois eles passaram recolhendo as assinaturas", contou.

"N�o senti nenhum desconforto ou discrimina��o por isso, creio tamb�m que os fiscais tiveram um preparo antes para nos acolher de forma igual", declarou.

Ao todo, 95 candidatos e candidatas transexuais tiveram autoriza��o do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) para usar seu nome social durante as provas do Enem. Segundo a assessoria de imprensa do Inep, as 95 solicita��es feitas foram atendidas.

Para poderem garantir o direito, os candidatos e candidatas precisaram ligar para um telefone de atendimento e solicitar um formul�rio espec�fico (veja acima). Entre as op��es estavam a designa��o em sala de aula conforme a ordem alfab�tica do nome social, o tratamento dado pelos fiscais e se v�o querer usar o banheiro masculino ou feminino.

"Fizeram em me sentir bem"
Deborah Sabar�, de 35 anos, contou que n�o sofreu nenhum tipo de preconceito ou desconforto por isso. Pelo contr�rio, ela relatou que foi tratada de maneira "normal", a atitude que mais esperava. "Queremos ser tratados como qualquer outra pessoa. Fizeram eu me sentir bem, o que at� me ajudou a ficar tranquila para a prova", disse.


Deborah contou que ficou muito satisfeita com o tratamento que recebeu. "Fui bem recebida. Uma amiga minha me perguntou como tinham me tratado e eu respondi "normal", que � o que a gente sempre quer, ser tratado como qualquer outra pessoa", disse. "N�o ficaram com aquilo de "temos que tomar cuidado com ela". Quando eu cheguei na porta da sala, pegaram meu documento e me chamaram de Deborah."


No s�bado (8), ap�s terminar a prova, Deborah contou que foi levada at� uma sala para avaliar como tinha sido o meu tratamento. "Fiquei surpresa com essa preocupa��o do Minist�rio da Educa��o, n�o sabia que teria isso. Achei interessante", disse a transexual, que vai tentar vestibular para o curso de servi�o social.


Deborah achou o Enem dif�cil. "N�o foi uma prova f�cil, tinha muitos textos, e confesso que sou ruim em matem�tica, nunca gostei muito. Vi outros temas muito complicados. Mas gostei do tema da reda��o, sobre a publicidade infantil. � um tema que a gente discute muito no movimento, ent�o n�o tive dificuldades em escrever sobre ele. Meu texto ficou bem cr�tico."

Clique aqui e confira aqui o resultado final do ENEM 2014, que ser� publicado em breve pelo o Minist�rio da Educa��o.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir