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Arame Farpado
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 Foto: www.maratimba.com Sempre me percebi espreitando as coisas. Nunca consegui me enquadrar em sistemas, mas n�o acho dana��o ser assim. Constantemente, me vejo �s margens, na beira mesmo, tentando dali observar meus espa�os por outro lado. Identifico-me com Drummond e me desenho "gauche" na vida, nas estradas que construo e mesmo derrubo, nas pontes e vielas que refa�o pra mim. N�o me vejo enquadrada nos discursos e nos ecos impostos pelos outros. Vago, sorrateiramente, entre desn�veis e nas impossibilidades e, ali, reinvento minha n�o existente forma de ser feliz . Mastigo novos desejos e ordens que n�o sentencio, invado cen�rios n�o feitos pra mim e consigo dissimular receios e medos que se misturam nas minhas vestes de humanidade. Vagueio nas beiras de caminho e n�o recrimino outras verdades. Nem procuro me moldar nos potes e r�tulos que inventaram e acharam que me coubesse. N�o sou s�lida, deslizo demais e desconsidero ser uma mesma mulher todos os dias. Gosto de experimentos, de sentimentos inaugurados em meu corpo e em novos bra�os e novas pernas. Espero beijos mesmo sem perd�es e sei que sou desajustada, carente de muitas coisas, que sei n�o serem saciadas. N�o costumo marcar territ�rios, nem t�o poucos escutar a mesma m�sica . S�o nos desv�os que tento passar, correr, sei l�... e dizer o n�o dito, tra�ar o que nem idealizado foi. Sou do acostamento, becos e n�o estradas. Quero sugerir e n�o delimitar. Os limites empobrecem as vontades e sou consumista mesmo... Entre frestas e nesgas, traduzo meus recados e inundo meus hemisf�rios. Gosto de dizer quando h� o sil�ncio, quando palavras cansaram de ser gotejadas. �s vezes, cusp�-las � necess�rio. N�o suporto ouvir os mesmos vocabul�rios e as retic�ncias n�o denunciadas. Sou oscilante e vari�vel. N�o tenho a solu��o, mas costumo criar muitas perguntas. � chato n�o ter incertezas, � entediante n�o mergulhar. E nisso estou me especializando. Gosto de sentar no ch�o. Cadeiras e sof�s me deixam confort�vel demais. E, no desconforto, lan�o-me centenas de vezes, todos os dias. Sou desajeitada, n�o caibo em muitas roupas, em modas e em muitas gentes. Mas, me intensifico com outras, com olhares que se espalham. Gosto de visitar muitas casas, de ter mais endere�os e aproximar-me, embora me afaste com frequ�ncia. Gosto de andar na contram�o, entre lacunas e arames farpados, entre o que n�o considero e o que considero improv�vel. Fonte: � Autora
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| Por: Simone Lacerda | Imprimir |
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