Categoria V�rus & Cia  Noticia Atualizada em 13-11-2014

Comunidade grita revoltada na chegada de trio de canibais
R�us acusados de tr�s mortes s�o julgados por uma delas, em Olinda. Pol�cia revelou que trio vendia salgados feitos com carne das v�timas.
Comunidade grita revoltada na chegada de trio de canibais
Foto: www.maratimba.com

Come�ou nesta quinta-feira (13), pouco antes das 10h, o j�ri popular - no F�rum de Olinda - de tr�s acusados de canibalismo em Pernambuco. Jorge Beltr�o Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Torre�o Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva ser�o julgados por homic�dio quadruplamente qualificado, vilip�ndio (viola��o) e oculta��o do cad�ver de J�ssica Camila da Silva Pereira, 17 anos, em maio de 2008. Eles tamb�m s�o acusados de duas outras mortes em Garanhuns, no Agreste do estado.


O caso ganhou repercuss�o em 2012, quando a pol�cia descobriu que o trio fatiava a carne dos corpos das v�timas, guardava na geladeira e n�o s� consumia como utilizava para rechear coxinhas e salgadinhos que vendia em Garanhuns. A v�tima que morava em Olinda, J�ssica Pereira, era moradora de rua, tinha 17 anos e uma filha de um ano. Ela aceitou viver com os acusados, que planejavam matar a m�e e ficar com a menina. A crian�a, inclusive, tamb�m teria comido da carne da m�e. Em Garanhuns, foram mortas Giselly Helena da Silva, 31 anos, e Alexandra Falc�o da Silva, 20 anos, respectivamente, em fevereiro e mar�o de 2012. Os acusados afirmam fazer parte da seita Cartel, que visa a purifica��o do mundo e o controle populacional. A ingest�o da carne faria parte do processo de purifica��o.


A promotora Elaine Gaia diz que a culpa deles � igual. "Vou pedir condena��o m�xima dos tr�s. N�s temos provas suficientes para derrubar as teses de defesa. Ningu�m estava obrigado a fazer nada, todos estavam livres. Se Isabel estava sendo for�ada, ela tinha liberdade suficiente para procurar as autoridades oficiais, mas ela n�o fez isso em momento nenhum. Eles foram submetidos a testes psiqui�tricos que provam que s�o normais", afirmou.


A defesa de Jorge Beltr�o ser� feita por Tereza Joacy, da Defensoria P�blica, que chegou ao local pouco depois das 8h. A primeira testemunha a ser ouvida, �s 10h, foi Lamartine Holanda J�nior, m�dico psiquiatra que analisou os tr�s r�us na �poca em que foram presos. Ao ser questionado sobre a poss�vel esquizofrenia de Jorge Beltr�o, ele alegou que n�o o considerava esquizofr�nico e n�o acredita que a doen�a existe. "N�o cabe esse r�tulo no caso dele. A observa��o mostrava que ele sabia o que fazia, sabia as consequ�ncias, planejava", diz.


Em rela��o a Isabel Cristina e Bruna Cristina, o m�dico tamb�m alegou que elas n�o sofrem de dist�rbios. "Ela [Isabel] � uma pessoa comum, sabe o que diz e o que faz. Ela sabia o que estava fazendo e busca, de algum modo, desculpas para se safar", afirma.


O delegado Paulo Berenguer, respons�vel pelo caso na �poca do crime, foi o segundo a ser ouvido. Ele detalhou a rela��o entre os tr�s suspeitos, como aconteceu o homic�dio e o objetivo do crime, de acordo com os depoimentos dos r�us. "O objetivo era criar a crian�a como filha dos dois [Isabel e Jorge] e Isabel alimentou essa ideia quando viu J�ssica pedindo esmolas. A partir do desejo de criar a menina, decidiram eliminar J�ssica", conta. Sobre a seita, denominada "o cartel" por Jorge, o delegado afirma que foi uma fic��o criada para justificar o assassinato. "O homic�dio foi planejado antes, durante e depois", alega.


Ao final do depoimento, a ju�za questionou se o delegado percebeu arrependimento dos acusados em algum momento dos interrogat�rios, o que foi negado pela testemunha. Ainda de acordo com o testemunho, os r�us confessaram os crimes e contribu�ram para as investiga��es. Ap�s um intervalo, a sess�o foi retomada � tarde com a ouvida dos r�us.


O primeiro a ser ouvido foi Jorge Beltr�o, acusado de desferir o golpe que matou a v�tima. Ele contou como aconteceu o crime e disse estar arrependido. "Foi um erro muito grave, monstruoso, do qual me arrependo muito. Foi um momento de extrema fraqueza e brutalidade. Eu me sinto na posi��o das pessoas que perderam seus entes queridos e estou arrependido n�o porque estou preso, mas porque minha verdadeira pris�o � minha consci�ncia", revela. Ao final dos questionamentos da ju�za, Jorge, que permaneceu o depoimento inteiro de olhos fechados, pediu para fazer uma ora��o. Concedida a permiss�o, agradeceu pela oportunidade de falar a verdade e pediu consolo para as fam�lias das v�timas.


O acusado tamb�m disse que tem problemas de depress�o e revelou ter "apag�es" quando n�o tomava os rem�dios controlados. "Quando n�o tomo, n�o consigo dormir, n�o consigo pensar direito e, quando n�o consigo pensar direito, fico parado. �s vezes, me vem um apag�o e eu n�o me lembro das coisas que aconteceram. Meus colegas de sala ficam agoniados quando isso acontece, porque dizem que fico muito nervoso e agitado", afirma.


Terminada a fase de ouvidas, t�m in�cio os debates, que podem durar at� nove horas. Ao fim dessa etapa, os jurados recolhem-se, em sala reservada, para responder aos questionamentos que definir�o se os r�us ser�o condenados ou absolvidos. Por �ltimo, a magistrada retorna ao sal�o do j�ri para prolatar a senten�a.


A ju�za Maria Segunda Gomes de Lima, titular da 1� Vara do Tribunal do J�ri de Olinda, preside a sess�o e prev� que o julgamento acabe ainda nesta quinta. "� complexo porque envolve v�rios advogados e r�us, mas � um julgamento como qualquer outro. O que vai acontecer � que as provas do processo v�o ser analisadas pelas partes, tanto pela defesa quanto pelo Minist�rio P�blico", explicou.


Paulo Sales, advogado de Isabel Cristina, alega que ela foi obrigada a participar do crime. "A participa��o era for�ada e isso exclui o car�ter il�cito. Ela tem que ter conhecimento da ilicitude. Foi uma obriga��o de terceiro, esse terceiro teria for�ado. Ela tem dist�rbios mentais, mas n�o a ponto de ser insana", disse. Ele vai pedir inoc�ncia por coa��o moral irresist�vel e resist�vel. A irresist�vel exclui a culpa e a resist�vel reduz a pena", afirma.


Revolta
Na chegada de Jorge, populares gritavam revoltados. "Deixei de trabalhar pra acompanhar. Eles merecem pena m�xima, sou pai de duas crian�as e isso que ela fizeram n�o existe", diz o auxiliar de eletricista Rafael Josaf�.
No in�cio da manh�, um homem chegou ao local acusando Jorge de ter matado o irm�o dele. "Faz mais de 20 anos que se tenta condenar esse homem. Ele deu um tiro no meu irm�o Luciano Severino da Silva, tirou o corpo do local, tirou a carteira dele e sumiu. Se ele tivesse sido condenado essas inocentes n�o teriam sido esquartejadas",
conta.


Acusa��es
De acordo com a den�ncia do Minist�rio P�blico de Pernambuco, a v�tima, que tinha 17 anos na �poca do crime, foi assassinada pelos acusados em maio de 2008, no Loteamento Boa F� 1, bairro de Rio Doce. Ap�s o crime, Bruna Cristina, uma das acusadas, assumiu a identidade de J�ssica Camila e o trio passou a criar a filha da v�tima.


Um laudo t�cnico emitido em novembro passado atestou que os tr�s n�o t�m problemas mentais e, com isso, poderiam responder aos atos que cometeram. O homem e as duas mulheres foram avaliados pelo Hospital de Cust�dia e Tratamento Psiqui�trico (HCTP), em Itamarac�, na Regi�o Metropolitana do Recife.


Hist�rico
O caso veio a p�blico depois que parentes de Giselly Helena da Silva denunciaram o seu desaparecimento. Os acusado usaram o cart�o de cr�dito da v�tima em lojas de Garanhuns e foram rastreados pela pol�cia. Uma publica��o contendo os detalhes dos crimes - registrada em cart�rio - foi encontrada na casa dos r�us. Para a Pol�cia Civil de Pernambuco, n�o h� possibilidade de outras mortes terem sido praticadas pelo trio no estado.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir