Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-11-2014

Petrobras não divulgará balanço do 3º trimestre no prazo pre
Denúncias da Lava Jato podem impactar demonstrativos, justificou estatal. Empresa divulgou comunicado ao mercado na noite desta quinta.
Petrobras não divulgará balanço do 3º trimestre no prazo pre
Foto: g1.globo.com

A Petrobras informou na noite desta quinta-feira (13) que não irá apresentar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 com o relatório de revisão dos seus auditores externos, PricewaterhouseCoopers (PwC) no prazo previsto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em comunicado enviado à CVM, a estatal afirma que "a companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data". A empresa informou que estima apresentar, no dia 12 de dezembro, informações contábeis relativas ao terceiro trimestre de 2014 ainda não revisadas pelos auditores externos, "refletindo a sua situação patrimonial à luz dos fatos conhecidos até essa data". A expectativa era que os resultados fossem divulgados pela companhia nesta sexta-feira (14).

No início da madrugada desta sexta, a empresa divulgou, através de sua assessoria de imprensa, que apresentará na segunda-feira (17) "informações relativas aos resultados do 3º trimestre de 2014 para investidores e analistas", sem, porém, o relatório de revisão dos seus auditores externos.

A decisão de adiar a divulgação do balanço é motivada pelas investigações da Operação Lava Jato. Segundo a empresa, se as denúncias de desvios de Paulo Roberto Costa forem consideradas "verdadeiras", "podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da companhia".

"Como é de conhecimento público, a Petrobras passa por um momento único em sua história, em face das denúncias e investigações decorrentes da "Operação Lava Jato" conduzida pela Polícia Federal, na qual o ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa e está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros", justificou a empresa.

"Diante de tal cenário, e considerando o teor do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa à Justiça Federal em 08/10/2014, quando fez declarações que, se verdadeiras, podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da Companhia, a Petrobras vem adotando diversas providências que visam ao aprofundamento das investigações."

Segundo a empresa, as informações do terceiro trimestre, já revisadas pelos auditores externos, serão divulgadas "o mais breve possível". A Petrobras afirma que vai comunicar a data com pelo menos 15 dias de antecedência.

Denúncias
A Petrobras está no centro das investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal. O esquema, segundo a PF, foi usado para lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, de acordo com as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. As investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio, diz a PF.

Os principais contratos sob suspeita são a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que teria servido para abastecer caixa de partidos e pagar propina, e o da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, da qual teriam sido desviados até R$ 400 milhões.

Em outubro, no dia 17, a Petrobras informou à CVM que criou comissões internas para "averiguar indícios ou fatos contra a empresa" sobre as denúncias investigadas pela Lava Jato, afirmando que iria estudar medidas jurícidas para ser ressarcida pelos eventuais danos sofridos. No dia 27, a empresa divulgou outro comunicado, informando que contratou duas empresas independentes para investigar as denúncias do ex-diretor.

No comunicado desta quinta, a petroleira ressaltou a contratação dos dois "escritórios de advocacia independentes especializados em investigação", sendo um brasileiro e um norte-americano, para apurar as denúncias de Costa e avaliar os possíveis danos à empresa.

A Petrobras afirma que não será possível divulgar o balanço trimestral na sexta-feira porque não haveria tempo hábil para "se obter maior aprofundamento nas investigações em curso pelos escritórios contratados", "proceder aos possíveis ajustes nas demonstrações contábeis com base nas denúncias e investigações relacionadas à "Operaçao Lava Jato"" e "avaliar a necessidade de melhorias nos controles internos".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir