Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-11-2014

Petrobras não pode voltar atrás, é hora de "transparência"
O derretimento das ações da Petrobras negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo nesta sexta-feira reflete o medo dos acionistas sobre o tamanho do prejuízo que a corrupção pode ter custado à companhia. Quando a petrolífera anuncia ao mercado que não pod
Petrobras não pode voltar atrás, é hora de
Foto: g1.globo.com

A contabilidade da Petrobras precisa dizer quanto dos investimentos contabilizados nos últimos anos foi realmente alocado nas obras e quanto foi parar no duto da corrupção. Por exemplo, a refinaria Abreu e Lima, no nordeste – estava lá no balanço da companhia que ela custou até o momento R$ 19 bilhões. Se e quanto desse valor escapou pelo ralo dos escândalos?


A crise que atinge a maior empresa do Brasil caminhava perigosamente pelo campo político, com as denúncias feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, envolvendo empreiteiras e parlamentares da base aliada do governo. As revelações já estavam causando perdas expressivas à Petrobras, mas os prejuízos reais ainda estavam no campo das especulações.


Com a decisão de não publicar suas contas, a Petrobras passa pela porta das regras e leis de mercado – daqui e dos Estados Unidos, onde ela também negocia suas ações. Para ganhar este posto de empresa "listada" em bolsas, a petrolífera assumiu a responsabilidade de cumprir com todas as exigências de gestão, governança e, principalmente, de transparência – tanto do Brasil quantos lá fora. São os acionistas os maiores beneficiários desse emaranhado de regras – os grandes e pequenos investidores.


A partir de agora, não há mais volta: ou a Petrobras mostra os estragos causados pela gestão dos últimos anos, que a operação da Polícia Federal Lava Jato quer provar criminosa, ou vai enfrentar um desmonte de suas posições no mercado de capitais com a venda de ações e a captação de recursos no exterior. O pontapé inicial desse processo já foi dado e não foi pela Petrobras. A recusa da empresa de auditoria a aprovar as contas da companhia levantou a última cortina que protegia as escolhas feitas pela atual diretoria da petrolífera.


Em tempo: a Petrobras é uma empresa rica, forte e com muita capacidade de geração de resultados. O plano de investimentos para os próximos anos, de US$ 180 bilhões, é factível e pode trazer bons resultados. Agora é a hora de responder a tudo e a todos, blindar a companhia dos maus feitos do passado recente e devolvê-la ao seu papel por capacidade e vocação.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir