Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-11-2014

Promotora fala em frieza de réus por canibalismo
Tereza Joacy, defensora de Jorge Beltrão, é a primeira a falar. Trio é julgado por uma das três mortes, ocorrida em Olinda em 2008.
Promotora fala em frieza de réus por canibalismo
Foto: g1.globo.com

Foi reaberto às 13h10 (horário local) desta sexta-feira (14) o julgamento dos três acusados de canibalismo em Pernambuco. A previsão é de que os três advogados de defesa levem duas horas e meia para fazer suas explanações. Em seguida, haverá um debate. É o segundo dia de julgamento de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina


Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva pelo homicídio quadruplamente qualificado, violação e ocultação de cadáver de Jéssica Camila da Silva Pereira, de 17 anos, ocorrido em Olinda, em 2008, - ela é uma das três mulheres que teriam sido mortas pelo trio. O júri acontece no Fórum de Olinda, no Grande Recife e a juíza é a titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Olinda, Maria Segunda Gomes de Lima.


O trio é acusado de ter esquartejado o corpo da vítima, à época com 17 anos, e guardado pedaços da carne para consumo humano, caracterizando o canibalismo. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Pernambuco, os restos mortais da vítima ainda foram ocultados; crime aconteceu em maio de 2008, no Loteamento Boa Fé 1, bairro de Rio Doce, Olinda. De acordo com a polícia, a carne dos corpos das vítimas era fatiada, guardada na geladeira e consumida pelo trio. A criança, inclusive, também teria comido da carne da mãe. Eles teriam até utilizado parte da carne das vítimas para rechear coxinhas e salgadinhos que vendiam em Garanhuns.


O primeiro depoimento da tarde é o da defesa de Jorge Beltrão, a advogada Tereza Joacy. Ela começou a explanação com a oração de São Francisco, dizendo também que "é mais fácil estar na cruz do que estar sentado aqui hoje". "Se ele não tem deficiência, de tudo que mostra o processo aqui, mata que é bicho", aponta Tereza, lembrando o histórico do acusado no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs) de Garanhus.


A advogada leu trechos com relatos de problemas de desequilíbrio e de remédios tomados pelo acusado, inclusive alguns para tratamento de esquizofrenia. A defensora fez críticas ao depoimento do psiquiatra Lamartine Holanda, que deu o laudo de sanidade dos réus. "O psiquiatra aqui fez apenas um discurso. A mesma que ele faz para um, está para os outros". A defensora pública lembrou também a questão do riso de Bruna, questionando se não seria uma reação do nervoso, ao invés de ironia como poderia ser interpretado, assim como a apatia de Jorge.

Já o defensor de Isabel, o advogado Paulo Sales, segue a tese de que sua cliente foi coagida. "A participação dela foi trazer a Jessica para trabalhar na casa deles. A minha cliente participou obrigada pelo Jorge, que era seu marido e amante de Bruna. [...] Ela tinha medo de ser a próxima vítima", diz Sales.


O advogado Rômulo Lyra, que defende Bruna Cristina Oliveira, afirma que vai tentar convencer os jurados da tese de menor participação de sua cliente, buscando uma redução da pena. "É inegável o quanto as duas amavam o Jorge e ambas tinham muito medo do que aconteceria se elas não fizessem o que ele mandava", aponta o advogado.
"Canibal feliz"


O recesso para almoço foi anunciado depois de uma manhã de explanações da promotoria. A promotora Eliane Gaia falou por pouco mais de duas horas. Ela destacou a crueldade do trio ao cometer o crime e a frieza na execução. "Nunca tínhamos visto um caso de canibalismo", disse logo no começo da explanação, apontando ainda a frieza de Jorge Beltrão, "esse olhar que não muda nunca".


A promotora defendeu ainda a falta de lógica da seita Cartel, da qual os acusados diziam fazer parte. Para ela, isso serviu apenas como desculpa para a tese da insanidade. "Obviamente eles estavam obedecendo a um ritual que não tinha lógica, você se alimentar de uma pessoa impura para se purificar. Foi disso que Jorge se aproveitou, dizendo "sou louco, sou louco, sou louco". A justiça você não vai conseguir manipular", falou. Durante a explanação da promotora, Bruna riu, fazendo Eliane Gaia chamá-la de "Canibal Feliz".
Foi exibido um vídeo, sem áudio, da fase de depoimentos. "Você vê dona Isabel ali, nervosa, e ele sempre essa parede. (...) Olha a cara de preocupação, nenhuma, simplesmente indecente, pervertido, frio calculista, incapaz de sentir pena, é isso que Jorge é, a Bruna e Isabel também", disse a promotora.


Na conclusão, ela relembrou o livro escrito Jorge que descrevia os crimes e leu trechos em que ele detalhava os homicídios. "Ele aqui diz que planejou, "plano macabro de destruir a adolescente maldita". Como pode ser louco?" Cada um tem a sua verdade. Eles mataram porque acreditavam que estavam fazendo a coisa certa", pontuou.


Segundo dia
Jorge Beltrão foi o primeiro dos réus a chegar ao Fórum neste segundo dia, por volta das 9h. Às 9h30 chegaram as outras duas rés, Isabel Cristina e Bruna Cristina. Antes do julgamento começar, Bruna mostrou um papel a Jorge. Isabel estava chorosa e parecia bastante nervosa.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir