Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-11-2014

Dirigente da Camargo Corrêa é "vítima de caça às bruxas"
Eduardo Leite prestará depoimento nesta quarta-feira à PF em Curitiba. Advogado Antonio de Oliveira disse que cliente não sabia de esquema.
Dirigente da Camargo Corrêa é
Foto: g1.globo.com

O advogado Antonio Claudio de Oliveira, responsável pela defesa do vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, preso na sétima fase da Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira (19) que o cliente é "vítima de caça às bruxas" no processo de investigação conduzido pela Polícia Federal que apura irregularidades na Petrobras.

Nesta quarta, Leite presta depoimento à PF na superintendência de Curitiba (PR) e é um dos três executivos da Camargo Corrêa presos na operação. O vice-presidente da companhia se entregou à polícia no sábado (15), em São Paulo (SP), e foi transferido para a capital paranaense. Leite está detido sob regime de prisão preventiva em Curitiba.

"Eu diria que ele é uma vítima de uma cultura que está se implantando no país de caça às bruxas. […] Ele não está envolvido em nenhum inquérito, não foi indiciado e não foi denunciado em nenhum processo", disse o advogado.

Além de Eduardo Leite, prestarão depoimento nesta quarta o presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, o presidente do Conselho de Administração da empresa, João Ricardo Auler, e Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", e apontado pelo doleiro Alberto Youssef como "operador" do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras.

Segundo o advogado, Eduardo Leite não irá mentir no depoimento aos delegados da Polícia Federal e apresentará detalhes do relacionamento que mantinha com o doleiro Alberto Youssef, preso na primeira fase da Lava Jato, em março, e apontado como um dos responsáveis pelo esquema de corrupção na Petrobras.

"Ele [Eduardo Leite] vai contar o relacionamento com o Youssef, não vai mentir. Eu não sei detalhes, mas era relacionamento de mercado, eles se encontraram, se davam no sentido profissional. Eu não saberia dar detalhes, mas ele vai dar aqueles detalhes [à PF] que souber", afirmou.

Antonio Claudio de Oliveira negou que o cliente tenha participado do esquema de corrupção na Petrobras e afirmou que Eduardo Leite não tem interesse em oferecer à Justiça delação premiada.

Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apontam para um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras. Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, 24 pessoas foram presas durante esta fase da operação.

Na noite desta terça (18), juiz federal Sergio Moro decidiu converter a prisão temporária de seis pessoas para prisão preventiva. Além do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o magistrado decretou a mudança para prisão preventiva para Ricardo Ribeiro Pessoa (presidente da UTC); José Aldemário Pinheiro Filho (presidente da OAS); Mateus Coutinho de Sá Oliveira (funcionário da OAS, em São Paulo); João Ricardo Auler (presidente do Conselho de Administração da Camargo Côrrea); e Dalton Santos Avancini (presidente da Camargo Côrrea).

Moro também decretou que 11 presos fossem colocados em liberdade ainda na noite de terça, antes da meia-noite, que era quando expirava o prazo para estas prisões temporárias.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir