Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-11-2014

Tensão na indústria naval do sul Estaleiros e empresas que
Estaleiros e empresas que fazem parte da cadeia de fornecimento do setor temem falta de novas encomendas por parte da estatal.
Tensão na indústria naval do sul Estaleiros e empresas que
Foto: www.amanha.com.br

A Petrobras informou nesta terça-feira (18) que rescindiu o contrato de US$ 720 milhões com a Iesa Óleo e Gás para a construção de módulos de compressão de gás para plataformas de petróleo no polo naval de Jacuí, em Charqueadas (RS). Segundo o comunicado divulgado pela estatal, "será realizada, oportunamente, nova licitação para a contratação dos serviços". A decisão foi tomada, na última sexta-feira (14), depois que o diretor-presidente da Iesa, Valdir Lima Carreiro, e o diretor Otto Garrido Sparenberg, tiveram prisão temporária decretada na Operação Lava-Jato da Polícia Federal.

Este é mais um capítulo da atribulada história da Iesa. Nos últimos meses, a empresa enfrentava dificuldades para cumprir o contrato de construção dos 32 módulos encomendados pela Petrobras, em razão de problemas econômicos enfrentados pelo seu grupo controlador, a Inepar, que entrou em processo de recuperação judicial em setembro. A unidade de Charqueadas vinha sofrendo com diversas paralisações de trabalho e férias coletivas. Em outubro, o estaleiro chegou a anunciar que teria condições de montar, ao menos, metade dos módulos contratados, garantindo o emprego dos metalúrgicos da unidade de Charqueadas pelos dois anos seguintes (leia aqui). Com a recisão do acordo com a Petrobras, a empresa vai demitir os cerca de mil funcionários na próxima segunda-feira.

Setor naval gaúcho em xeque
A recisão do contrato da Petrobras com a Iesa Óleo e Gás e as recentes denúncias envolvendo a estatal deixaram o setor naval gaúcho em alerta. "É um revés grande, pois era o maior empreendimento da região", lamenta Marcus Coester, integrante do Comitê de Óleo e Gás da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Uma comitiva de Charqueadas e prefeitos de outros municípios da região se reuniu na terça-feira (18) com o vice-presidente Michel Temer, em Brasília, para negociar a permanência da produção dos módulos em Charqueadas. A ideia é que outra empresa assuma a produção.

Em nota, o Governo do Estado esclareceu que o rompimento do contrato não significa o fim do polo naval e que a empresa Metasa, também instalada em Charqueadas e que trabalhava inicialmente como fornecedora da Iesa, já diversifica sua carteira de clientes, com novos contratos. Para Coester, apesar de ser um "golpe" para a região, o polo de Jacuí mantém sua vantagem competitiva por ter uma locação geográfica privilegiada. "Vai depender da mobilização do governo e da indústria para atrair outras empresas e desenvolver companhias locais. Mas é um processo demorado", ressalva.

No sul, há também o receio de que a crise na Petrobras se estenda ao polo naval de Rio Grande, o principal do estado. Fornecedores da Ecovix, que faz cascos de plataformas para a estatal em Rio Grande, revelaram que a empresa informou a necessidade de fazer uma forte redução de custos devido à dificuldade para receber pagamentos. Com isso, teria de dispensar, até o dia 5 de dezembro, cerca de 40% da força de trabalho composta por 9,5 mil pessoas entre trabalhadores diretos e indiretos. A Ecovix que é controlada pela Engevix, também envolvida na Lava-Jato, negou as demissões.

Coester constata que a maior preocupação da indústria naval no momento é com a suspensão ou adiamento das novas encomendas por parte da Petrobras. Como o ambiente atual não se mostra propício a novos contratos, o diretor do Grupo Coester acredita que haverá um período de "baixa" nos próximos dois anos, o que afetaria não só os estaleiros, mas toda a cadeia de fornecedores do setor. "Será preciso reacomodar toda a estratégia de fornecedores e reorganizar os contratos. Para a atração de novos empreendimentos, não é o melhor momento", reconhece.

Mesmo assim, Coester acredita na retomada do ciclo de produção de petróleo e da continuidade do desenvolvimento e dos investimentos no setor. Ele lembra que o Brasil tem outras operadoras, além da Petrobras, licenciadas para explorar petróleo e com o compromisso contratual de fazer investimentos locais. "O processo de produção vai reduzir a velocidade, mas vai continuar andando. Além disso, a importância do pré-sal para suprir as necessidades energéticas mundiais continua na pauta e o Brasil é rico em campos para exploração", completa, otimista.

Fonte: www.amanha.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir