Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-11-2014

Gentileza era marca de Thomaz Bastos, afirmam colegas e juri
Advogado era considerado "mestre" da elite dos criminalistas brasileiros. Ministro da Justi�a no governo Lula, ele morreu nesta quinta, aos 79 anos.
Gentileza era marca de Thomaz Bastos, afirmam colegas e juri
Foto: g1.globo.com

Mais que um mestre na defesa, M�rcio Thomaz Bastos � descrito pelos amigos, ex-colegas e profissionais com quem conviveu e trabalhou como pessoa "gentil", "af�vel", "divertida", "engra�ada" e de boa conversa. Foram os adjetivos mais usados por advogados e magistrados ouvidos pelo G1 ao lamentarem a morte do criminalista, nesta quinta-feira (20), em S�o Paulo, aos 79 anos.


Advogado desde o final dos anos 60, Thomaz Bastos foi mestre de muitos da elite do criminalistas. Um deles, Alberto Zacharias Toron, com quem trabalhou de 1981 a 1985, o descreve como um "pai profissional". "Mais que isso, era um homem gentil, generoso, afabil�ssimo no trato, muito cuidadoso no falar", diz o advogado.


Toron relata que, em cinco anos, nunca viu Thomaz Bastos brigando. "Sempre era muito controlado, nunca me deu uma bronca � e, olha, eu cometi muito erros. Mas ele permitia �s pessoas errar para aprender. Nisso, me ensinou muito. Embora n�o fosse um cara que se propunha a ensinar, a gente aprendia com o estilo dele", completou Toron.


Outra caracter�stica, segundo o ex-colega, era evitar o linguajar "empolado", comum entre juristas. "Falava de conceitos t�cnicos s� quando necess�rio. Tinha discurso cadenciado, gostoso de ouvir".


Outro que diz ter aprendido com Thomaz Bastos � Antonio Carlos de Almeida Castro. Os dois atuaram como parceiros em defesa de sem-terra no Par�. Foi Kakay, como � conhecido, que comunicou ao amigo que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva o queria como ministro da Justi�a. "Ele me perguntou se deveria ir ao encontro e eu disse que, se ele fosse, n�o conseguiria recusar", conta Kakay.


"Al�m de grande amigo, foi professor em todos os aspectos, em todos os sentidos, em car�ter e retid�o", descreve. Kakay, como � conhecido, destaca que al�m de falar bem, Thomaz Bastos tamb�m se destacava por "ouvir bem", "que � coisa rara entre advogados".
"Como amigo era um cara que sabia ouvir, leal, extremamente afetuoso, tinha tranquilidade para conviver nos momentos dif�ceis. Era tamb�m refinado, culto, pesssoa f�cil de viver, muito boa de conversar, de beber vinho, de contar casos", relembra.


Amigo de longa data, o advogado Jos� Gerardo Grossi caracteriza Thomaz Bastos como "pessoa muit�ssimo preparada, muit�ssimo ponderada". Nos �ltimos quatro anos, costumavam almo�ar juntos quando Bastos o visitava em casa.
"Era a um s� tempo advogado de algu�m e conselheiro desse algu�m. Muito af�vel no trato", descreve. "Al�m disso, excelente advogado, sem d�vida nenhuma, mas se mostrou tamb�m excepcional pol�tico, quando assumiu Justi�a, era esp�cie de maestro do governo.


Mofidicou, iniciou toda da reforma do Judici�rio".
O papel como ministro da Justi�a de Lula � tamb�m reconhecido no meio jur�dico, entre ministros do Supremo Tribunal Federal.


Ex-presidente do STF, o ministro aposentado Carlos Velloso afirma que o sucesso do governo de Lula "muito deve ao tiroc�nio e senso de justi�a" de Thomaz Bastos.
"(Como) conselheiro jur�dico do governo, n�o admitia qualquer deslize �tico, inclusive na indica��o de nomes para os altos cargos da Rep�blica", afirma.
Carlos Velloso acrescenta que, antes de ministro, Bastos "foi dos maiores criminalistas

brasileiros".

"Intransigente defensor da advocacia, assim intransigente defensor da liberdade, presidiu com honra e independ�ncia o Conselho Federal da OAB, trazendo para a classe prest�gio (...) Gostava de qualificar-se como advogado, ele que foi not�vel entre os not�veis advogados brasileiros", afirma.


Como ministro, Thomaz Bastos foi um dos art�fices e articuladores pol�ticos que permitiu a reforma do Judici�rio, em 2004, que al�m de introduzir novos mecanismos jur�dicos para agilizar e desafogar o Judici�rio (como a repercuss�o geral), trouxe autonomia para a Defensoria P�blica e levou � cria��o do Conselho Nacional de Justi�a (CNJ), �rg�o de controle externo dos tribunais.


Ministro do STF e ex-ministro do STJ, Luix Fux afirmou em nota nesta quinta que a figura de Thomas Bastos "representa uma perda irrepar�vel para a democracia brasileira".


"Se destacou tanto na vida p�blica e privada pela sua compet�ncia singular, tendo intermediado com extrema sabedoria e felicidade conflitos na arena jur�dica sem perder a sua grande caracter�stica de ser combativo defensor de seus constituintes", afirmou o magistrado.


Com carreira na advocacia, o ministro do STF Lu�s Roberto Barroso tamb�m elogiou, em nota, a carreira e o papel de Thomaz Bastos na vida p�blica.
"Foi um advogado do primeiro time, e uma pessoa do bem e fidalga. Foi, tamb�m, um Ministro da Justi�a exemplar, por sua compet�ncia e isen��o (...) M�rcio Thomaz Bastos foi um homem que serviu dignamente ao direito, tanto na atividade privada como na vida p�blica", escreveu.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir