Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-11-2014

Petrobras "precisa de choque e novo comando"
Sob crescente press�o em meio � opera��o Lava-Jato e a crise que afeta a imagem e a sa�de financeira da Petrobras, a presidente da maior empresa brasileira, Maria das Gra�as Foster, enfrenta o desafio de gerir a turbul�ncia e reconquistar credibilidade ju
Petrobras
Foto: bbc

Analistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que, al�m do desafio de se manter no cargo - algo que para alguns j� � insustent�vel - Gra�a Foster ter� de refor�ar a governan�a na empresa - dar um "choque de transpar�ncia e credibilidade", nas palavras de um analista - a fim de recolocar os neg�cios no centro das preocupa��es da petroleira.

Para eles, � imprescind�vel que a Petrobras caminhe para um descolamento do governo federal e dos partidos.


Isto se daria atrav�s de reformas que reduzam ao m�ximo a inger�ncia pol�tica nos rumos da empresa - incluindo as nomea��es pelo Planalto, que deveriam reduzir-se aos cargos de presidente e chefe do conselho de administra��o, permitindo a sele��o de diretores seguindo crit�rios de m�rito e compet�ncia.


Os especialistas tamb�m apontam para a press�o do rel�gio. A empresa j� citou a possibilidade de operar por at� seis meses sem captar novos recursos. Mas quanto mais tempo ficar sem acesso ao mercado financeiro, maiores ser�o os juros pagos em novos empr�stimos, e maior o impacto sobre os planos de investimento da empresa - entre eles o pr�-sal, cuja explora��o pode sofrer desacelera��o diante da falta de caixa da companhia.


Evitar "traumas"

John Forman, que foi diretor-geral da Ag�ncia Nacional do Petr�leo (ANP) quando Gra�a ocupava a Secretaria de Petr�leo e G�s do Minist�rio de Minas e Energia, diz que as mudan�as no comando da companhia devem ocorrer de forma "org�nica" e "sem traumas", em paralelo � reforma ministerial, em janeiro.


Mas ele acredita que a estatal precisa de algu�m com certas qualidades espec�ficas.
"A Gra�a demonstra comportamento administrativo e background t�cnico de alto n�vel, mas numa crise como essa, voc� precisa algu�m com carisma, com jogo de cintura para contornar grandes dificuldades", disse Forman � BBC Brasil.


Para Claudio Abramo, diretor-geral da Transpar�ncia Brasil, a troca da c�pula da Petrobras � inevit�vel.


"A perman�ncia da chefia, diretores e conselho de administra��o � insustent�vel. Seja por liga��o �s den�ncias ou por omiss�o, todos esses funcion�rios devem sair, o quanto antes, para que a companhia d� in�cio � reorganiza��o da casa", avalia.


J� Marcelo Ferrari, diretor da consultoria internacional Mercer, compara as den�ncias envolvendo a petroleira � queda de um superjumbo.

"Ao atingir a Petrobras do jeito que atingiram, � como se tivessem derrubado um superboeing. � algo de grande magnitude, e se estiv�ssemos falando de uma companhia 100% privada, todas essas cabe�as j� teriam rolado", diz.


Apesar de defender altera��es de c�pula, ele relembra que os desafios maiores ser�o as reformas. "N�o adianta voc� demonizar uma outra figura. Isso acaba ofuscando a necessidade de mudan�as. A quest�o agora � como vai se dar o choque de transpar�ncia e credibilidade necess�rio para retomar os neg�cios o mais r�pido poss�vel", complementa.



Credibilidade e transpar�ncia

Embora tenham anunciado no in�cio da semana a inten��o de criar uma diretoria de governan�a, durante uma tensa entrevista coletiva, os diretores da Petrobras ter�o que abra�ar metas muito maiores, acreditam os analistas ouvidos pela BBC Brasil.


"Este an�ncio n�o surtiu muito efeito positivo no mercado. � preciso fazer uma verdadeira cirurgia na empresa, um pacote extenso de mudan�as. Ningu�m vai querer assumir o comando sem garantias de que haver� mudan�as importantes na forma como a Petrobras � conduzida e como se relaciona com o governo", diz Adriano Pires, consultor do setor de Petr�leo e G�s do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).


Na vis�o dele, tr�s pilares s�lidos ainda ajudam a sustentar a companhia: um corpo t�cnico de alta qualidade, a reserva de petr�leo, e tecnologia de ponta.


"A este trip�, � necess�rio acrescentar o mais r�pido poss�vel a qualidade administrativa. Governan�a, reformas, transpar�ncia, mecanismos de vigil�ncia e compliance (ader�ncia � norma), contrata��o de consultorias externas, descolamento da pol�tica econ�mica do governo, distanciamento do Executivo e das inger�ncias pol�ticas s�o algumas das medidas que devem integrar este pacote", avalia.


Claudio Abramo, da Transpar�ncia Brasil, diz que o Brasil deve aproveitar a oportunidade para rever quest�es complexas que aumentam as chances de corrup��o envolvendo a Petrobras.


"Al�m desta l�gica de loteamento de diretorias para partidos pol�ticos, que deve ser interrompida imediatamente, � preciso rever quest�es como as leis de licita��o da Petrobras. � praticamente imposs�vel questionar uma licita��o da petroleira, e as regras espec�ficas facilitam a forma��o de cart�is.


SBM Offshore

Questionados sobre a empresa holandesa SBM Offshore, envolvida nas den�ncias, os especialistas apontam que o caso � uma das indica��es de desgaste da imagem da administra��o da Petrobras e das vulnerabilidades da petroleira.


No in�cio da semana, Gra�a Foster admitiu ter recebido a confirma��o, meses atr�s, de que a SBM pagara propina a executivos da Petrobras, mas que uma investiga��o interna n�o encontrou evid�ncias de irregularidades.


Ao comentar o caso, Claudio Abramo cita uma entrevista do ent�o presidente da Petrobras, S�rgio Gabrielli, ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2012.


"Na �poca, o questionei sobre as dificuldades de gerir uma empresa cujos diretores s�o nomeados politicamente. Ele me disse que havia mecanismos de vigil�ncia e governan�a que garantiam transpar�ncia. Da mesma forma que n�o tenho elementos para acreditar nisso, tamb�m n�o acredito nesta sindic�ncia interna no caso da empresa holandesa. S� mesmo a reorganiza��o total da empresa pode garantir credibilidade e transpar�ncia neste momento", avalia.

Fonte: bbc
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir