Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-11-2014

"The Economist": Dilma muda o curso
Indica��o de equipe econ�mica h�bil � boa para o Brasil mas sinaliza fragilidade da presidenta.

Foto: jornaldobrasil

A revista brit�nica The Economist publicou nesta sexta-feira (28/11) um artigo onde analisa a escolha da nova equipe econ�mica brasileira. "Em 2005 houve um debate fervoroso entre as duas figuras mais poderosas no governo do ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Antonio Palocci, o ministro da Economia, prop�s aproveitar o crescimento econ�mico acelerado para eliminar o persistente d�ficit fiscal � e assim baixar suas exorbitantes taxas de juros � ao segurar o aumento nos gastos do governo.


Mas Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil de Lula, achou o plano de Palocci "rudimentar" e o vetou. Em 2011, ela se tornou a sucessora de Lula, implementando um "novo modelo econ�mico" que colocou o emprego pleno e os aumentos salariais � frente do rigor macroecon�mico", diz a mat�ria.


"O rigor or�amental voltou a assombrar Dilma, que ganhou o direito a governar por um segundo mandato no m�s passado, com a menor das margens. Ela anunciou Joaquim Levy, um dos representantes de Palocci em 2005, como seu novo ministro da Fazenda. Nelson Barbosa, o economista mais competente no PT assume o Minist�rio do Planejamento. Levy � um economista que estudou em Chicago e nos �ltimos tempos era diretor-superintendente do Bradesco Asset Management; sua indica��o foi bem recebida pelos investidores. Parece que
Dilma finalmente admitiu seu erro cometido at� h� pouco na escolha dos caminhos econ�micos", continua o artigo.


"Ela ganhou a elei��o apontando o emprego pleno no Brasil e o aumento cont�nuo nos rendimentos reais. Mas essas proezas foram conseguidas ao hipotecar o futuro. Apesar do crescimento med�ocre, a maioria dos indicadores econ�micos do Brasil se moveram para a dire��o errada com Dilma. A infla��o supera 6%, bem acima da meta de 4,5% do Banco Central, mesmo apesar do governo ter segurado os pre�os da energia. A confian�a do consumidor � a mais baixa dos �ltimos seis anos. O d�ficit das contas correntes cresceu a 3,7% do PIB e o real tem se enfraquecido.


A maior preocupa��o � a de que a situa��o fiscal se deteriorou em 3 a 4% do PIB nos �ltimos tr�s anos.


Tendo errado por um quil�metro seu alvo para um super�vit prim�rio (antes dos pagamentos de juros) de 1,6% do PIB e assim violado a Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo estava cinicamente tentando persuadir o Congresso a mudar as regras para fingir que as cumpriu. Ag�ncias de classifica��o se queixam que se o Brasil continuar assim perder� sua classifica��o de cr�dito em grau de investimento.


Ent�o a primeira tarefa da nova equipe � a de restaurar a credibilidade da pol�tica econ�mica. Isso significa reafirmar o compromisso do Brasil ao "trip�" de antes de 2010 � com pol�tica monet�ria independente, responsabilidade fiscal e c�mbio flutuante. Tamb�m significa apertar o or�amento. Para minimizar o impacto nos empregos, Barbosa disse que isso deve acontecer gradualmente e deve focar no controle do cont�nuo aumento nos gastos sociais.


Mas quanto tempo ter� a nova equipe? Observadores do mercado esperam que o Banco Central, cujo presidente, Alexandre Tombini, est� inclinado a mostrar sua independ�ncia, defenda a meta de infla��o aumentando a taxa de juros de refer�ncia, que j� est� em 11.25%. Esse aperto monet�rio vir� quando uma pol�tica fiscal se tornar contracion�ria e o governo restringir empr�stimos excessivos dos bancos estatais. O principal trabalho de Barbosa deve ser o de implementar um programa de choque visando atrair investimento privado para a infraestrutura. Ainda assim, o crescimento cair� no in�cio e poder� n�o se recuperar por um ano ou dois", alerta a The Economist.


"Se a nova equipe ter� �xito, Dilma n�o s� ter� que deixar que ela fa�a seu trabalho sem a interfer�ncia que houve em seu primeiro mandato. Ela tamb�m ter� que defender um programa econ�mico que ser� impopular a curto prazo� especialmente em seu pr�prio partido. De fato, o programa est� mais pr�ximo daquele de seu advers�rio derrotado, A�cio Neves, do que o programa que apresentou em sua campanha. (A�cio comparou a indica��o de Levy a um homem da CIA assumindo a KGB.) A presidenta ter� o apoio de uma maioria menor e mais flex�vel no novo Congresso do que aquela a que foi acostumada. Congressistas brasileiros costumam pedir verbas para gastos com assistencialismo em troca de seus votos, e isso pode dificultar o trabalho da nova equipe econ�mica.


H� uma nuvem pol�tica ainda mais escura em seu horizonte. Promotores brasileiros e reguladores americanos est�o apresentando acusa��es de que propinas de bilh�es de d�lares foram dadas ao PT e a pol�ticos aliados vindos de contratos estabelecidos pela estatal Petrobras. O que faz isso ser t�o nocivo a Dilma Rousseff � que ela presidiu Conselho de Administra��o da Petrobras durante a maior parte do tempo. Que ningu�m acredite que ela seja pessoalmente envolvida em corrup��o talvez n�o impe�a que se tente um pedido de impeachment contra ela, apesar disso parecer improv�vel.


Nenhum presidente moderno brasileiro enfrentou um ponto de partida t�o fraco. Ela tentou afastar isso ao escolher a equipe econ�mica mais forte que os brasileiros poderiam razoavelmente esperar. J� � pelo menos um come�o", conclui o artigo.

Fonte: jornaldobrasil
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir