Categoria Geral  Noticia Atualizada em 02-12-2014

Por mês, 10 contraem HIV em Rio Preto
Todo mês, 10 pessoas contraem o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em Rio Preto.
Por mês, 10 contraem HIV em Rio Preto
Foto: www.diarioweb.com.br

É o que apontam os dados da Secretaria Municipal de Saúde que registrou, até outubro, 100 notificações do vírus causador da Aids. Além disso, foram registrados 35 casos em que o vírus evoluiu para a Aids. No mesmo período, 44 pessoas morreram vitimados pela doença na cidade. O número de novos portadores do vírus é o menor dos últimos seis anos, mas serve de alerta para o município que registrou uma das piores epidemias de aids, na década de 90. De 1982, ano em que foi registrada a primeira notificação no município, a outubro deste ano, 1.399 pessoas foram diagnosticadas com o vírus.

De acordo com o coordenador do Grupo de Apoio ao Doente de Aids e Hepatites Virais (Gada), Júlio César Caetano, o número de notificação do HIV está ligado ao diagnóstico precoce. "Com o resultado positivo, o soropositivo pode iniciar o tratamento e acompanhamento médico para impedir que o vírus ataque o sistema imunológico e se transforme, aí sim, em Aids. Hoje, é possível manter uma qualidade de vida, mesmo sendo portador do HIV."

Ele destaca que "mesmo assim, é necessário o trabalho de prevenção efetivo, o incentivo aos exames e a oferta de tratamento. As pessoas não podem esquecer de quanto grave é a doença. Prevenção é essencial." De 1984, em que se confirmou o primeiro caso de aids no município, até outubro deste ano, 4.243 pessoas na cidade contraíram a doença, que ataca o sistema imunológico.

Mortes por Aids

No ano passado, 40 pessoas foram vítimas da Aids e morreram, em Rio Preto. Uma média de dez mortes para cada 100 mil habitantes. Em 2011, 47 pessoas também morreram pela doença. De janeiro até ontem, outras 44 pessoas também morreram, segundo a Prefeitura.

O índice 10 mortes para 100 mil habitantes registrado em 2013 é maior do que a média do Estado de São Paulo e do Brasil. Ontem, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o Ministério da Saúde atualizou o boletim epidemiológico da doença. Em 2013, a média de mortes por Aids no Brasil foi de 5,7 óbitos para cada 100 mil habitantes. Já a média do Estado é de 5,2 por cada 100 mil habitantes.

Tratamento

A gerente do SAE (Serviço de Atendimento Especializado, Marisa Bacani Posso, explica que o tratamento para o soropositivo, que só pode ser encontrado no SUS, é multidisciplinar e intenso. Tanto quem já desenvolveu a doença, quanto os que são portadores do vírus passam por acompanhamento constante.

Atualmente, 1.269 adultos e quatro crianças (portador do vírus ou da Aids) buscam os medicamentos necessários para o tratamento. Gestantes soropositivas são acompanhadas também. "O paciente faz o teste nas unidades de saúde e, se confirmado o vírus a doença, é encaminhado para o SAE, onde será acompanhado por uma equipe multidisciplinar. O principal desafio é fazer com o paciente siga o tratamento de forma correta."

"Eu sabia que não era o fim da vida"

A travesti Marta (nome fictício), se contaminou com o vírus HIV quando tinha 18 anos, em 1993. "Eu estava trabalhando e fiz uma pausa para almoçar. Comecei a me sentir muito mal e desmaiei. Foi tudo de repente. Os outros funcionários me socorreram e levaram para o Hospital de Base. Descobri que o vírus estava no meu corpo e já tinha se alastrado. O caso havia se agravado porque eu tinha me contaminado também com sífilis."

Oito médicos se reuniram em uma sala para dar a notícia para Marta. "Levei um baita susto quando vi tantos médicos em uma sala só. Já soube ali que tinha alguma coisa muito grave. Eles explicaram tudo sobre a doença. Ofereceram os psicólogos do hospital, mas não precisei. Fiquei dois meses internada mas sempre trabalhei na minha mente que isso não seria o fim da vida para mim", afirmou.

Dois anos depois, Marta se casou. Viveu dez anos de um relacionamento estável e se separou no ano passado. Hoje, com 39 anos, conta que não vacila com os remédios, sabe que a doença é séria e não falta a nenhuma consulta. "Sei que um dia, quando mais velha, posso ter algum problema de saúde, mas procuro não pensar nisso. Apenas me cuido e vivo bem dia a cada dia. Me relaciono, trabalho, vivo a vida muito bem. Minha saúde está ótima, cada consulta descubro que está melhor."

E demonstra a consciência de quem comete um erro e busca repará-lo. "Preferia não ter que conviver com uma doença que poderia ter evitado com uma simples camisinha. Digo pra todo mundo que não se pode dar bobeira. Tem que usar a camisinha sempre."

Fonte: www.diarioweb.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir