Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-12-2014

"Estatais ficam mais vulneráveis à corrupção", diz ministro-
Jornal da Globo entrevista Jorge Hage, ministro-chefe da CGU. Ele deixa cargo no próximo mandato e critica falta de controle nas estatais

Foto: g1.globo.com

Queixando-se de falta de controle efetivo sobre as estatais, pediu demissão o homem responsável por evitar fraudes com dinheiro público, Jorge Hage, o ministro-chefe da CGU (Controladoria Geral da União).
O ministro Jorge Hage, dedicado servidor público, está na Controladoria Geral da União desde que o órgão foi fundado. Há um trabalho importante de controle do uso do dinheiro público na administração direta e até nas fundações. O drama está nas estatais e empresas de economia mista que, aliás, detêm as maiores somas de recursos.
A Operação Lava Jato e o que foi descoberto até agora na Petrobras, com os desdobramentos em outros segmentos de negócio, levou o ministro a fazer uma grave advertência e justamente no dia em que confirmou que está demissionário e que não fará parte do novo governo Dilma.
Confira abaixo a transcrição da entrevista exclusiva com Jorge Hage, ministro-chefe da CGU:
Heraldo Pereira: Um mapa na CGU mostra um quadro de obras com verbas federais que foram fiscalizadas pela Controladoria Geral da União em todo o país. São mais de 2 mil municípios, mas talvez os problemas não estejam nas obras que estão no mapa, mas, sim, nas ações das empresas estatais. O alerta é do ministro-chefe da Controladoria Geral, o ministro Jorge Hage.
Jorge Hage: O sistema de controle brasileiro melhorou muito nos últimos 12 anos. Até porque praticamente não existia. É preciso dar agora um novo passo para alcançar o lugar onde está o grosso do investimento hoje, que é nas estatais.
Heraldo Pereira: O senhor está sugerindo que as empresas estatais, entre elas, a Petrobras, estão, assim, mais abertas, mais sujeitas à corrupção?
Jorge Hage: Sem nenhuma dúvida. Elas ficam mais vulneráveis à corrupção. Então é preciso adotar nelas o que já vem se adotando na administração direta. Como eu disse, elas estão fora do sistema de controle, as auditorias delas não integram o sistema de controle encabeçado pela CGU. É preciso que isso seja feito.
Heraldo Pereira: Há como garantir que o que acontece hoje na Petrobras não acontece em outras estatais também?
Jorge Hage: Não. Não se pode dizer que não acontece. Seguramente não é no mesmo nível, no mesmo volume e com a mesma frequência e facilidade como o que acontece na Petrobras.
Heraldo Pereira: Acabaremos com a corrupção, ministro?
Jorge Hage: País nenhum do mundo teve essa pretensão ou este sonho. O importante é mantê-la nos níveis mínimos possíveis.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir