Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-12-2014

LBGTs sofriam torturas mais agressivas, diz CNV
Ao passar a limpo muitas das viola��es de direitos humanos ocorridas nos anos de chumbo no Brasil, entre 1964 e 1985, o relat�rio final da Comiss�o Nacional da Verdade (CNV), entregue nesta quarta-feira � presidente Dilma Rousseff, d� destaque in�dito � p
LBGTs sofriam torturas mais agressivas, diz CNV
Foto: bbc

Entre as principais viola��es destacadas pelos pesquisadores est�o rondas policiais sistem�ticas para amea�ar e prender travestis, gays e l�sbicas, cuja pr�tica de "higieniza��o" levou ao menos 1,5 mil pessoas � pris�o somente na cidade de S�o Paulo; torturas, espancamentos e extors�es dirigidas sobretudo a travestis; censura � grande imprensa quando abordava a tem�tica das "homossexualidades" (o termo LGBT n�o era usado na �poca) e aos ve�culos gays, como o emblem�tico jornal "Lampi�o"; afastamento de cargos p�blicos por conta da sexualidade, como ocorrido em 1969 no Itamaraty; prontu�rios de servidores p�blicos com registros sobre a sexualidade; al�m de persegui��es aos embrion�rios movimentos de gays e l�sbicas na d�cada de 1970.


Se para o regime ser homossexual era algo considerado subversivo e que agravava a periculosidade de uma pessoa frente � Seguran�a Nacional, al�m de amea�ar a moral e os bons costumes (com apoio de grande parte da sociedade), para os grupos de esquerda os movimentos LGBTs consistiam em uma "luta menor", ou um "v�cio pequeno burgu�s".


Para Renan Quinalha, da Comiss�o da Verdade do Estado de S�o Paulo "Rubens Paiva", um dos respons�veis pelas pesquisas que resultaram no relat�rio, embora homofobia e discrimina��o n�o tenham sido "inventadas" pela ditadura e n�o se possa dizer que houve uma pol�tica de "exterm�nio", � n�tido que se tratou de uma "pol�tica de Estado".


"Dada a natureza e o grau dessa persegui��o, seja por atua��o ou omiss�o do Estado, e levando em conta o preconceito e a discrimina��o com uma dimens�o institucionalizada, � poss�vel afirmar que a homofobia foi, sim, uma pol�tica de Estado durante a ditadura", avalia.


Ao lado do brasilianista James N. Green, Quinalha organizou o livro "Ditadura e Homossexualidades: Repress�o, Resist�ncia e a Busca da Verdade" (Editora EdUFSCAR, 2014). Os dois tamb�m assinam o relat�rio e as recomenda��es incorporadas ao relat�rio final da CNV.


Um dos colaboradores do livro, o pesquisador Rafael Freitas, da PUC-SP, abordou em sua disserta��o de mestrado o papel das rondas policiais executadas pelo delegado Jos� Wilson Richetti no centro de S�o Paulo no final dos anos 1970.


"A primeira dessas rondas tem data de 1968, quando de uma visita da Rainha Elizabeth 2� a S�o Paulo. A pol�cia quis limpar o centro da cidade. Em declara��es a jornais da �poca, Richetti n�o fazia quest�o de esconder este objetivo, ao afirmar que era preciso "limpar a cidade dos assaltantes, prostitutas, traficantes, homossexuais e desocupados"", conta.
Freitas relembra que algumas travestis, ap�s repetidas pris�es e espancamentos, criaram a t�tica de cortar os pulsos para sa�rem mais r�pido da pris�o. "Ap�s tr�s dias de humilha��es, em que muitas ficavam sem comida, e eram for�adas a limpar a cadeia, algumas chegavam ao ponto de tentar o suic�dio para serem soltas mais rapidamente".


H� relatos de opera��es de Richetti em bares de gays e l�sbicas em que os cambur�es da pol�cia simplesmente levavam a todos, de forma indiscriminada. "Quem for viado pode entrar", gritavam os policiais, lembra o pesquisador.

Fonte: bbc
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir