Importação do CDB ainda depende de autorização da Anvisa
Foto: www.otempo.com.br A resolução que regulamenta a prescrição de canabidiol (CBD) – um dos 80 derivados da maconha e usado para fins medicinais –, aprovada ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), foi considerada como restritiva e revoltou médicos e familiares de pacientes que dependem do medicamento.
Pela norma, o tratamento é limitado a crianças e adolescentes portadores de epilepsias refratárias, e a prescrição fica restrita a neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras previamente cadastrados, assim como os pacientes, que também deverão assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e preencher critérios de indicação e contraindicação (veja infográfico).
Segundo o médico Paulo Fleury Teixeira, o documento é "uma fissura num muro de ignorância e preconceito" e deverá beneficiar apenas uma pequena parcela das mais de 700 mil pessoas com epilepsia refratária.
"Poucas pessoas que têm dinheiro poderão conseguir a prescrição e, através disso, conseguir importar o medicamento. Mesmo com essa autorização, o processo de importação continua sendo bastante moroso e muito burocrático. Os que não podem importar estão excluídos do acesso a uma coisa que pode salvar vidas", diz Teixeira.
O especialista em medicina preventiva acredita que muito ainda pode ser feito. "No Brasil, temos conhecimento, experiência e material suficiente para produzir o extrato com um custo muito mais baixo. É preciso dar um passo adiante e liberar a pesquisa, o cultivo e a produção medicinal. É muito estranho liberarem para esse produto importado específico (CBD)", questiona.
Para o bancário Norberto Fischer, 46, a resolução poderia ter avançado em relação a outros canabinóides, como o THC, e não apenas ao canabidiol. Fischer é pai da menina Annie, 6, cujo caso despertou o debate sobre o uso de extrato de maconha após a família recorrer à Justiça para obter o produto. "É um avanço, mas quando olhamos aquilo que foi apresentado, temos um sentimento de retrocesso. Eles estão restringindo os médicos que podem prescrever a cannabis, e os pacientes que poderão utilizar", disse. Ele também critica o fato de o canabidiol só ser receitado como última opção
No Uruguai
Uma pesquisa realizada entre 11 mil jovens escolarizados revela que, após a legalização da maconha no país, houve uma queda no consumo de álcool e cigarros dos adolescentes de entre 13 e 17 anos.
Fonte: www.otempo.com.br
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