Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-12-2014

Com estrangeiros, rugby brasileiro planeja participação "re
A Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu) está recorrendo a brasileiros "importados" para reforçar a equipe masculina nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. A entidade busca o que considera uma "participação respeitosa" nos Jogos brasileiros, quando o espor
Com estrangeiros, rugby brasileiro planeja participação
Foto: noticias.terra.com.br

No feminino, modalidade disputada a menos tempo e em que o equilíbrio é um pouco maior entre as nações, a seleção brasileira tem resultados mais convincentes e está entre as dez melhores do mundo. O masculino ocupa apenas a 35ª posição no ranking mundial.

O rúgbi, esporte inventado pelos britânicos, é jogado em dois formatos: o mais tradicional tem times com 15 jogadores, mas nas Olimpíadas o formato adotado será o "Sevens", com sete jogadores para cada lado.

A seleção brasileira tem técnico e preparador físico vindos da Argentina, o mesmo país de origem do presidente da CBRu, Agustin Danza. Algo ainda impensável de acontecer no futebol, esporte onde a rivalidade regional entre brasileiros e argentinos é volátil.

Para Danza, a vinda dos estrangeiros é importante para emprestar "rodagem" ao time. "Precisamos ser realistas. O rúgbi não é um esporte massificado no Brasil", explica o presidente, em entrevista à BBC Brasil.

"Embora a qualidade do jogo tenha melhorado muito nos últimos anos nós ainda carecemos de jogadores com mais experiência e jogos no curriculo. É isso que procuramos nos atletas estrangeiros. Eles trazem uma bagagem que o jogador brasileiro ainda não tem."

"Tarzan"

Nos últimos dois anos, o britânico Juliano Fiori e o australiano Dave Harvey foram integrados à equipe. Mais de dez outros estrangeiros de países como França e Argentina se voluntariaram.

A captação desses atletas segue um curioso processo. Embora a Confederação tenha formalmente anunciado em canais do esporte a procura de jogadores que tenham a chamada "herança brasileira", Juliano Fiori veio parar na equipe por uma coincidência.

"Meu pai é brasileiro e estava no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando viu a seleção voltando de uma viagem internacional. Foi falar com o pessoal e disse que o filho dele era jogador de rúgbi na Grã-Bretanha. Trocamos uns emails e fui convidado para treinar com a equipe durante uma excursão deles à Europa", conta o jogador, falando um português com sotaque carregado e um leve acento gaúcho.

No entanto, Fiori acabou "promovido" depois que um dos jogadores brasileiros se machucou. E não saiu mais do time. Ganhou dos companheiros o apelido de "Tarzan".

"Nascido na Inglaterra e com cabelos compridos, acho que a comparação era invevitável. Fui muito bem recebido pelos jogadores e nunca vi qualquer problema com o fato de ser gringo", conta Fiori.

Coincidentemente, ele já tinha enfrentado a seleção brasileira durante um torneio na Grã-Bretanha em 2010, quando a equipe nacional enfrentou o Apache, time semi-profissional de Londres que Fiori então defendia.

Aos 29 anos, ele hoje joga pelo Richmond, também de Londres, e fica em contato constante com a comissão técnica da seleção, cujos jogadores treinam em regime permanente no Brasil.

"Sonho em jogar as Olimpíadas, claro, mas primeiro quero ser útil para o desenvolvimento do rúgbi no Brasil", diz.

Já o australiano Harvey, que tem a mãe brasileira, seguiu um caminho um pouco mais tortuoso. Em 2012, seu empresário foi contactado por representantes da CBRu, que viram em seu perfil na internet.

Harvey já jogou pela seleção australiana de "Sevens", algo que no futebol atualmente impossibilitaria que defendesse outro país. No rúgbi, porém, o regulamento é mais flexível.

"Jogar as Olimpíadas é uma oportunidade que não aparece para muitos", disse o australiano, numa entrevista para o site Rugby News.

Potencial
Fiori e Harvey jogaram pelo Brasil no mais recente torneio disputado, a tradicional etapa do circuito mundial realizada em Dubai no início de dezembro.

O Brasil perdeu todos os jogos que disputou, mas fez partidas bem mais equilibradas do que se esperava contra adversários de mais tradição, como África do Sul, França e Argentina.

"Nós jogamos bem e pecamos pela falta de experiência em algumas partidas. Mas é o que precisamos fazer. Jogar e jogar para evoluir e aí sim pensar em ganhar. Não estamos muito longe do dia em que nós poderemos ganhar da Argentina", afirma o argentino Danza, antes de rir da ironia do comentário.

O presidente, no entanto, avisa que não se trata de uma "importação desenfreada".

"Nenhum jogador vai ser integrado ao grupo só por ser estrangeiro. Temos uma base de 20 jogadores brasileiros que vive em função da seleção de "Sevens" e só quem trouxer alguma coisa para o grupo vai ser aceito", diz Danza. "Nós já recusamos ofertas de estrangeiros", acrescenta

"Precisamos também ter os pés no chão ao pensar em termos de resultados. Não estamos em condições de brigar por uma medalha na Rio 2016. Ganhar um ou dois jogos já será um grande passo."

Certo, para Danza e Fiori, é o potencial de crescimento do esporte no Brasil, algo que já parece ter sido detectado pelo International Rugby Board, a "Fifa" da modalidade.

Desde a confirmação da modalidade no programa olímpico, a entidade aumentou o número de recursos repassados a CBRu e tem promovido a inserção do país em torneios internacionais.

É uma estratégia parecida com a aplicada na Argentina, cuja evolução nas últimas décadas culminou com o terceiro lugar na Copa do Mundo de 2007, na França.

A difusão do rúgbi na Argentina, porém, foi maior do que no Brasil, pois o país recebeu um fluxo migratório de britânicos mais significativo que o do vizinho continental.

"Mas o Brasil tem uma população de 200 milhões de pessoas, marcada pela diversidade de biotipos. Um bom trabalho de base pode fazer com que o esporte cresça muito no país", acredita Danza, que assumiu a CBRu em fevereiro deste ano com uma estratégia de inclusão da modalidade no currículo das escolas.

Segundo um levantamento da IRB, o Brasil tem 30 mil praticantes de rúgbi e 230 clubes.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir