Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 17-12-2014

Atributos do ser humano no convívio social

Atributos do ser humano no convívio social

Quando começamos a entender os fundamentos da ética, passamos a compreender que ética é, acima de tudo, interação do homem com os seus semelhantes. Nessa interação, demonstramos o que queremos da vida bem como se estamos realmente preparados para a coexistência. E nesse coexistir os atributos humanos são fundamentalmente exigidos. Não pode haver projetos de vida sem levá-los em consideração.

A coexistência não pode prescindir da dimensão física do homem. É o que entendemos por corporeidade. Esse atributo humano é que impulsiona-nos em direção ao outro. Como respeitar o ser humano se não levarmos em consideração essa realidade básica, uma vez que todo atentado contra a vida visa, em especial, atingir o corpo? É pela corporeidade, como atributo, que forjaram-se os direitos humanos em relação ao trabalho, à sexualidade, à condição racial, bem como o direito à vida, à saúde...

O convívio social exige o exercício de outro atributo humano: a consciência. É pela consciência que tomamos o controle do que verdadeiramente queremos de nós e das pessoas. Existem vários níveis ou estados de consciência e são esses diferentes níveis que estabelecem a nossa convivência social. A consciência moral precisa ser adequadamente formada no indivíduo e passar por um processo de educação para ser efetiva.

Um projeto existencial de vida, para todos os efeitos, levará em consideração a questão da liberdade. Uma convivência para ser considerada verdadeiramente ética há de primar pelo respeito aos limites inerentes a cada ser humano. O homem livre é aquele que pertence a si mesmo, segundo Calvino. Como elemento constitutivo do homem a liberdade impede-o de ser manipulado, tornar-se uma marionete. Estará livre, assim, para reagir a todo tipo de coação.

Outro atributo humano a ser considerado num projeto de vida que se quer ético, são os valores morais. Nessa perspectiva, os valores morais são necessários para humanizar e personalizar o ser humano. Para ser considerada como humana, a vida precisa dos valores morais a quem Comte-Sponville chamou de virtudes quando disse que são as virtudes que tornam o homem humano. É a nossa maneira de ser e agir bem e devidamente. Indivíduo e sociedade crescem solidariamente

A felicidade precisa ser considerada como a culminância da vida. As pessoas se orientam para um fim que é a realização do seu próprio ser, a felicidade. Nesse sentido é bom lembrar que o objetivo da ética, da moral é levar o homem a alcançar a estatura a que está chamado: a tornar-se plenamente homem, isto é, ser feliz. Do ponto de vista filosófico, essa questão da realização humana pressupõe uma pergunta sobre o ser do homem.

A consideração sobre amor e razão, neste contexto, é digna de nota. Partindo-se do ponto em que aceitamos ser o amor a alma da ética, fazemos a distinção clara do amor "puro ideal" e o amor como valor máximo da existência humana. E na reflexão sobre esse atributo humano, destaca-se a incapacidade de o coração agir em descompasso com a razão. Isso porque ambos - sentimento e raciocínio - precisam estar agindo em harmonia. Na concepção kantiana, deve-se amar como um dever a ser cumprido, como uma exigência moral. Ser altruísta, agir de forma aceitável para com o outro faz parte, assim, da moral profissional, o que assemelha o homem ao robô: tem tudo, menos sentimento. Na verdade, o ser humano deseja ser amado, mas não quer o amor ofertado por dever.

Por fim, examinando o meu particular projeto de vida, sinto que é exatamente no atributo amor que posso detectar minhas maiores falhas. É preciso, sinto, mais; muito mais desse dínamo para minha completude no convívio social que ando lutando para que seja, no mínimo, ético. A propósito: Qual o lugar da ética no seu projeto de vida?


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Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir