Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-12-2014

OSCAR 2015: Eliminação de Hoje eu quero voltar Sozinho não é
Disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro será acirrada; outros grandes filmes já foram eliminados da disputa
OSCAR 2015: Eliminação de Hoje eu quero voltar Sozinho não é
Foto: www.cineclick.com.br

A eliminação do longa brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho da disputa pelo Oscar de melhor filme em língua estrangeira foi recebida com tristeza pelos fãs do filme de Daniel Ribeiro nesta sexta-feira.

O longa não conseguiu permanecer na lista dos nove filmes que ainda permanecem na disputa. Estreia do diretor paulistano, o drama chegou na disputa com força depois de vencer prêmios em vários festivais pelo mundo - o mais importante deles em Berlim, no início do ano. Mas, a tocante história do menino cego que precisa conquistar sua independência enquando descobre sua sexualidade, foi azarado, já que concorreu em um ano recheado de bons filmes.

Quem permanece na disputa

Entre os 83 filmes indicados em 2014, apenas 9 continuam com chances de levar a estatueta para casa. Quem desponta como favorito até o momento é o polonês Ida, filme que conta a história da jovem noviça Anna e sua viagem para descobrir o passado que tem em comum com sua tia Wanda. Político, o longa vem acaba de sair como o grande vencedor do European Film Awards.

Correndo por fora estão Relatos Selvagens, sucesso de crítica no Festival de Cannes e de público por todo o mundo (inclusive no Brasil) e Leviathan, filme russo que agradou a imprensa especializada com sua crítica mordaz ao governo do presidente Vladimir Putin.

Com menos chances de vencer, mas perto de ser finalista estão Timbuktu, filme inscrito pela Mauritânia que conta a história do casal brutalmente assassinado pelos moradores do vilarejo onde moram por motivos religiosos. O filme foi o único africano selecionado para o Festival de Cannes deste ano. Já Força Maior, filme sueco que toca na ferida dos relacionamentos amorosos, corre por fora.

Com menos chances entre os finalistas estão o estoniano Tangerines (sobre um mediador de conflitos do país), o venezuelano The Liberator (sobre o líder Simon Bolívar), o holandês Accused (sobre o caso real de uma enfermeira condenada injustamente por matar sete pessoas) e o georgiano Corn Island (sobre a relação entre um avô e seu neto).

Quem já está fora

Os filmes eliminados juntamente com Hoje Eu Quero Voltar Sozinho mostram que o ano foi de surpresas nas preferências da Academia.

Entre os longas cotados para uma indicação que ficaram de fora estão o belga Dois Dias, Uma Noite, filme dos irmãos Dardenne aclamado em Cannes; o turco Winter Sleep, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e o canadense Mommy, filme do jovem Xavier Dólan que chegou com força na reta final.

Fracasso?

A última vez que o Brasil concorreu na categoria foi em 1999 por Central Do Brasil. Antes, O Que É Isso, Companheiro?, O Quatrilho e O Pagador De Promessas também foram indicados na categoria mais importante para os filmes não falados em inglês.

Se pensarmos no crescimento exponencial da produção nacional nos últimos vinte anos e compararmos com o número de indicações, vemos que há algo de errado aí: mesmo quando contou com concorrentes de chegaram fortes na disputa - como O Som Ao Redor no último ano, Cidade De Deus em 2003 e Cinema, Aspirinas E Urubus em 2007 - o país não conseguiu ser eleito.

Há vários fatores que explicam tal insucesso. O principal deles é a existência de problemas históricos de distribuição (dentro e fora do país) e a falta de uma campanha de marketing mais agressiva.

O Oscar é uma votação e, como tal, elege os filmes que estão em evidência. Os mais de 6 mil votantes tendem a selecionar aqueles que souberam vender melhor suas qualidades. Ano passado, por exemplo, vimos Azul É A Cor Mais Quente ficar de fora de uma indicação à categoria após uma estreia tardia no circuito norte-americano.

É importante ter em mente que não ser indicação ao Oscar não é um fracasso. Embora nos últimos anos os vencedores tenham conseguido fugir dos padrões hollywoodianos e aliar qualidade cinematográfica e inovação (Amor, A Separação e O Segredo Dos Seus Olhos estão aí para provar), não é justo e coerente avaliar a qualidade cinematografia nacional com base no que a Academia espera.

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme que dialoga com um momento importante de amadurecimento, não apenas do nosso cinema, mas também das nossas relações privadas. Em abril, conversamos com Daniel Ribeiro sobre o lançamento do longa e o diretor sempre se mostrou consciente de seu papel, que vai além da tela.

"Tenho 31 anos e na minha época o gay praticamente "não existia", no sentido de ser pouco representado, não sentia muita abertura para se expressar. Hoje, os jovens da idade do Leo [personagem do longa] convivem muito mais com gays assumidos porque têm amigos que se abrem mais cedo, ou têm alguém na família que seja e em outros ambientes. O cinema e a televisão ajudaram nesse processo também".

É preciso dizer: Oscar nenhum tem mais valor que a mensagem que Hoje Eu Quero Voltar Sozinho mostra.

Fonte: www.cineclick.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir