Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-12-2014

Menina foi vendida por 10 euros como escrava sexual pelo EI
A comunidade yazidi, uma minoria religiosa no Iraque, afirma que pelo menos 3.500 mulheres e crian�as ainda est�o sob o dom�nio do grupo Estado Isl�mico. Muitas delas t�m sido utilizadas como �escravas sexuais� e apenas algumas poucas conseguiram escapar
Menina foi vendida por 10 euros como escrava sexual pelo EI
Foto: diariodigital

Num dia de Agosto, Hannan acordou e deparou-se com a sua fam�lia a arrumar as malas � pressa. Foi apanhada de surpresa: ainda n�o tinha se dado conta que os jihadistas do Estado Isl�mico estavam t�o perto.

Do lado de fora, a rua principal da sua cidade natal, Sinjar, estava lotada. A fam�lia dela juntou-se a outros yazidis a correr e a chorar, enquanto balas voavam sobre as suas cabe�as, diz a jovem.

Hannan n�o � o seu nome verdadeiro. Nenhuma das ex-prisioneiras poderia suportar ser identificada. Hannan tem 18 anos e sonha ser enfermeira, um futuro que quase foi afastado pelo Estado Isl�mico.

A jovem conta que os jihadistas bloquearam as estradas de Sinjar com os seus cami�es. Eles separaram mulheres e meninas.

�Eram 20, com barbas grandes e armas. Disseram: "Voc�s v�o vir para Mosul". Recusamos. Bateram-nos e empurraram-nos para os carros.�

De seguida, ela foi levada com as outras mulheres para um gin�sio desportivo e, depois de algumas semanas, todas foram para um sal�o de casamento. Num dos lugares, havia um total de 200 mulheres e meninas. Era como se fosse um mercado de escravas. Os combatentes chegavam e escolhiam quem queriam.

�N�o ous�vamos olhar para a cara deles. T�nhamos muito medo. Uma menina voltou depois de ter sido usada como escrava sexual e contou tudo. Depois disso, o Estado Isl�mico n�o permitia que ningu�m voltasse.�

�Eles atiravam para nos assustar. N�o par�vamos de chorar. Quer�amos suicidar-nos, mas n�o sab�amos como.�

Por�m, at� houve uma menina que conseguiu cometer suic�dio, segundo Hannan.

�Ela cortou os pulsos. Eles n�o nos deixaram ajud�-la.�
Havia combatentes estrangeiros, mas a maioria era de sunitas locais. Hannan reconheceu um dos homens. Ele tinha uma loja de telem�veis em Sinjar.

Estavam constantemente a mudar de lugar. Num determinado momento, avistaram alguns dos seus homens � dist�ncia. Eles foram obrigados a tirar o bigode � os jihadistas consideram o bigode �anti-isl�mico�.

�Os nossos homens estavam a rezar cinco vezes por dia para tentar salvar as suas fam�lias�, Hannan conta. �O Estado Isl�mico disse-nos: "Se n�o seguirem o Isl�o, vamos matar-vos a todos".�

As meninas mais novas eram as primeiras a serem raptadas, segundo ela, e muitas vezes eram levadas para a cidade s�ria de Raqqa, �a capital do Estado Isl�mico�. Finalmente, chegou a sua vez de ir.

N�o foi levada para junto da sua fam�lia, mas para uma casa que entendeu ser um ponto de
paragem. Sete meninas foram colocadas num quarto. Algumas foram retiradas para serem abusadas sexualmente e depois voltaram. Havia homens armados do lado de fora. Fugir dali era algo que parecia imposs�vel.

Mas havia uma janela de pl�stico no quarto e, numa noite, elas conseguiram for�a-la para que esta se abrisse.

�Fomos saindo, uma a uma, pela janela. Eu fui a quinta. Estava � espera da minha prima l� fora. Mas vi uma luz a aproximar-se. N�o poderia esperar mais. Saltei o muro e corremos e continuamos a correr. N�o conseguimos ajudar as restantes.�

Noutra tenda, est� Khama, que acabou em Raqqa. Ela n�o escapou mas acabou por ser libertada quando a sua fam�lia pagou um resgate de 3 mil d�lares.

Ela tem 30 anos e lembra-se do choque e vergonha do dia em que foi vendida como uma escrava; e recorda-se, tamb�m, do seu pre�o.

�N�o importa o que faz�amos - chorar, implorar - n�o fazia nenhuma diferen�a. Um xeque do Estado Isl�mico segurou no dinheiro. N�o era muito. Um combatente mostrou-nos 15 mil dinares iraquianos [cerca de 10 euros] e disse: "Este � o seu pre�o."�

Ela e a sua prima foram compradas por um jihadista com um passaporte ocidental. Ele tinha outras cinco mulheres e meninas yazidis na sua casa. Era casado e tinha a sua mulher com ele.

No entanto, ele pretendia casar � for�a com duas yazidis, usando as outras, como Khama, como escravas.

Aparentemente, o Estado Isl�mico, de facto, ordenou que as mulheres fossem usadas como escravas.

O Departamento de Pesquisa e Fatwas (decretos religiosos) do grupo divulgou um panfleto com o t�tulo: �Perguntas e Respostas sobre Ref�ns e Escravas.�

O documento parece ser ver�dico. Foi publicado num f�rum jihadista na Internet e,
aparentemente, distribu�do ap�s as ora��es de sexta-feira em Mosul.

Crist�os, judeus e mulheres yazidis podem ser tomadas como escravas, diz. As mulheres podem ser compradas, vendidas e dadas como presentes; podem ser tratadas como propriedade se um combatente morrer.

O n�mero de 3,5 mil mulheres e meninas ainda em cativeiro n�o � uma estimativa aproximada. Uma comiss�o yazidi tem os nomes de todos os desaparecidos. Das que voltaram, algumas est�o gr�vidas.

Os yazidis s�o profundamente conservadores. Eles enfrentaram uma tentativa de destru�-los como um povo. Mesmo ap�s os relatos de assass�nios em massa e convers�es for�adas, o que aconteceu com as mulheres talvez seja o evento mais traum�tico.

At� agora, um total de cerca de 400 mulheres e meninas conseguiram escapar. As pessoas nos acampamentos parecem atordoadas, silenciosas. Esperam por aquelas deixadas para tr�s, sabendo que h� poucas hip�teses de serem resgatadas.

Fonte: diariodigital
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir