Categoria Geral  Noticia Atualizada em 29-12-2014

País corre risco de ter conta de luz cara o ano todo
Chuvas abaixo do previsto deixam reservatórios das usinas com nível baixo e indicam ano crítico no setor
País corre risco de ter conta de luz cara o ano todo
Foto: www.em.com.br

As chuvas abaixo do previsto para o início do período chuvoso e a lenta recuperação do nível dos reservatórios não vão aliviar a geração de energia no país. Com isso, a perspectiva é de que em todo o ano os consumidores paguem mais caro pela energia, com a manutenção da bandeira vermelha nas contas de luz das distribuidoras. Nem mesmo a redução do consumo energético prevista para o primeiro mês do ano que vem, com temperaturas mais baixas e paradas temporárias da produção industrial, permitirão a recuperação dos reservatórios da região Centro-Oeste/Sudeste.

A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que as represas encerrem janeiro com 31,8% do volume útil. O percentual está abaixo do registrado nos dois últimos anos (40,28% e 37,46%, respectivamente), o que pode significar mais um ano crítico na gestão da água em alguns dos principais estados do país. Com os reservatórios com nível baixo, as usinas térmicas devem seguir operando e obrigando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a manter a bandeira vermelha, que eleva a conta em R$ 3 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Na sexta-feira a agência anunciou a adoção da bandeira vermelha para as contas em janeiro e a cada fim de mês vai determinar se a bandeira do mês seguinte será verde (sem aumento), amarela (acréscimo de R$ 1,50 a cada 100kWh), ou vermelha.

Na região Centro-Oeste/Sudeste, principal região geradora de energia do país, a expectativa do ONS é de queda na carga energética de 1,4%. "Contribuem também, para esse resultado, o baixo desempenho da indústria e a previsão de paradas temporárias de produção, com a concessão de férias coletivas no início do ano", diz relatório do órgão. Atualmente, as represas da região estão com 18,9% do total.

Em busca de reverter o quadro, o Operadora Nacional do Sistema Elétrico tem priorizado o armazenamento de alguns reservatórios localizados nas cabeceiras do rios Grande, Paranaíba e São Francisco. Uma das medidas é diminuir consideravelmente a vazão defluente para manter toda a água que entra na represa. "Esta política de operação energética vem sendo implementada onde se observa a plena representação da malha de transmissão e das questões associadas ao uso múltiplo da água e ambientais", conclui o documento.

Clima Em Minas, o baixo volume de chuvas este mês faz com que as barragens se recuperem lentamente. A quatro dias para a virada do ano, no que deveria ser o auge do período chuvoso, a represa da usina hidrelétrica de Três Marias permanece com volume abaixo de 10%. Nos 23 primeiros dias do mês, a represa teve elevação apenas de 5,5 pontos percentuais, saindo de 4,2% do volume útil para 9,44% um dia antes do Natal. Nem mesmo a vazão defluente no menor patamar da história (120 metros cúbicos por segundo) tem solucionado o problema.

A previsão de sexta-feira do ONS apresenta resultados meteorológicos mais favoráveis que as medições anteriores. Na região Centro-Oeste/Sudeste, a previsão é de que chova 86% da média histórica em janeiro. Até novembro, a previsão era de 67%. Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, em praticamente todas as regiões do estado o volume de chuvas do último mês do ano deve ficar abaixo da média histórica. É o terceiro ano consecutivo que o período chuvoso, entre outubro e março, é fraco.

Segundo o meteorologista, a previsão é que terça-feira a passagem de uma frente fria pelo litoral do Rio de Janeiro provoque pancadas de chuva na Grande BH. A região deve fechar esse mês com 60% do volume pluviométrico aferido na média histórica. Fora isso, os satélites indicam temperaturas em elevação em todo o estado até a virada do ano. "Temos a repetição de um fenômeno de variabilidade climática, com poucas chuvas", diz Ruibran.

Fonte: www.em.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir