Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 29-12-2014

Boas festas?
"Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte", Freud.
Boas festas?

Num f�rum psicanal�tico sobre as festas de fim de ano surgiu a quest�o: por que muitas pessoas se sentem mal nas festas natalinas e de ano novo? Reclamam ou tentam escamotear estes eventos com obje��es a um comportamento um tanto eufemista da realidade?

Bem, para in�cio de conversa, o termo eufemista da realidade significa que ela, a pr�pria realidade dura, cruel e implac�vel, seria substitu�da por uma inconsci�ncia coletiva de suavidade, nos moldes junguianos.

O que acontece, ou pode acontecer, como no meu caso em particular, � a pessoa perder um ente querido �s v�speras das "boas" festas. A data, por um longo per�odo, pode trazer � tona um sentimento de luto.

Talvez eu esteja num per�odo transit�rio. J� gostei mais do Natal. Tamb�m o odiei por muitos anos. Nesta �poca perdi meu pai num grave acidente, contudo, e com tempo, percebi que n�o � justo responsabilizar uma data pelo meu luto. Hoje me sinto menos triste, mas com uma pontinha melanc�lica.

Os desafetos s�o os mais verborr�gicos. S�o os que apontam a perda de valores, o espet�culo de consumo e que o natal teria abandonado seu verdadeiro esp�rito. Giorgio Agamben, em seu livro Profana��es, citando Walter Benjamin, afirma que a primeira experi�ncia que a crian�a tem do mundo n�o � a de que os adultos s�o mais fortes, mas sua incapacidade de magia.

O processo de luto, na �tica freudiana, por sua vez, se realiza atrav�s do teste de realidade, que ao evidenciar reiteradamente que o objeto n�o mais existe, exige que a libido se desprenda do objeto perdido. Entretanto, sublinha que esta exig�ncia n�o � f�cil de ser cumprida. As pessoas tendem a se agarrar insistentemente a seus investimentos libidinosos e n�o abrem m�o de suas liga��es mesmo quando outro objeto se apresenta a elas.

As festas de fim de ano produzem muitos efeitos, menos, a indiferen�a. A data tem seus adeptos e seus desafetos. Os dois t�m algo em comum, o sentimento despertando durante o per�odo de festas, boas ou m�s, o que vale � sentir.

Quanto aos que gostam n�o s�o de falar muito, eles agem. Montam �rvores, enchem a cidade de luzes e esperam ansiosos por seus presentes.

H� um conjunto de expectativas quanto �s comemora��es de fim de ano. Troca de presentes, socializa��o e outros. Por mais que racionalizamos um mal estar, o que vale � o que sentimos.
Dar algo sem querer nada em troca n�o tem pre�o, e faz bem.

� um exemplo t�pico de Fato Social, conforme Durkheim descreve. O Natal � algo que envolve todos, do exterior ao interior do indiv�duo. N�o d� pra escapar! Quando n�o podemos fugir ou nos sentimos mal quando tentamos ser diferentes da maioria.


Na verdade � preciso olhar para frente e buscarmos no simbolismo da mudan�a perspectivas para um recome�o esperan�oso e cheio de metas. Conforme uma frase natalina, "Natal � o nascimento de Cristo. Ano Novo � o nascimento de uma nova esperan�a. Que o seu Natal seja brilhante de alegria, iluminado de amor. Feliz Natal e o seu Ano Novo cheio de esperan�a".

* Texto parcialmente publicado em 25 de dezembro de 2012.

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Por:  Roney Moraes    |      Imprimir