Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-01-2015

CRM do RS abre inquérito para apurar denúncias sobre a máfia
PF, Ministério da Justiça, Receita Federal e Conselho de Defesa Econômica anunciaram que também vão investigar o caso mostrado pelo Fantástico.
CRM do RS abre inquérito para apurar denúncias sobre a máfia
Foto: g1.globo.com

O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul abriu investigação para apurar as denúncias feitas, no domingo (5), pelo Fantástico sobre a máfia das empresas de próteses.
A Polícia Federal, o Ministério da Justiça, a Receita Federal e o Conselho de Defesa Econômica anunciaram que também vão investigar o caso. A reportagem, exibida neste domingo, é de Giovani Grizotti.

O Fantástico mostrou vários tipos de fraude. Em uma delas, as empresas pagam comissões de até 30% para médicos que usem os seus produtos. Eles chegam a faturar até R$ 100 mil por mês.

Outra maneira encontrada por algumas empresas é a fraude em licitações em hospitais públicos. O gerente da IOL, de São Paulo, explica que basta exigir no edital alguma característica do implante que seja exclusiva da empresa.

"A única coisa na vida que não dá para negociar é a morte", disse o gerente da IOL
O Fantástico mostrou também que os médicos cobravam por produtos não utilizados, como a massa que firma os parafusos nas próteses. Os representantes da empresa Strehl, de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, explicam.

"No raio-X ou qualquer outra coisa, não aparece. Aí você pode inventar, entendeu? Usei seis", contou o representante da Strehl.

Ele disse ainda que muitas vezes os médicos danificam próteses durante a cirurgia para justificar o uso de duas peças.

Representante da Strehl: A gente até riu quando eu soube disso aí. Que eles entortaram a placa, eles tentaram usar, mas aí eles não conseguiram.

Fantástico: E aí tiveram que colocar outra?

Representante da Strehl: Aí tiveram que colocar outra.

Outra fraude é indicar uma cirurgia sem necessidade, muitas vezes com pedidos de liminares que usam documentos falsos e superfaturam orçamentos. É o caso do seu João Francisco, de Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul no pedido de liminar, uma cirurgia de coluna, orçada em R$ 110 mil. O plano de saúde do seu João fez a mesma operação, com outro médico, por pouco mais de R$ 9 mil.
Mas o que preocupa os vendedores de próteses que pagam comissões a médicos é que essas negociatas se tornem públicas.

Vendedor: Ano que vem vai ser um ano, para esse mercado, importante.

Fantástico: Por quê?

Vendedor: Porque vai estourar tudo. Porque a gente já sabe que a questão da Receita Federal e a Polícia Federal em cima. Ontem a gente teve informação que provavelmente em meados de janeiro o Fantástico faça uma reportagem com duas especialidades mostrando como funciona esse mercado.

Fantástico: Vamos ali, que o meu colega está aguardando ali.
O repórter Giovani Grizotti se apresenta.

Fantástico: Você disse que o Fantástico vai dar matéria sobre isso? Nós somos do Fantástico. O que você tem a dizer? Você paga propina para médico?

Vendedor: Não eu, não. Jamais.

E quando o vendedor é informado que vai aparecer na reportagem, decide correr, desesperadamente.

Fantástico: Você maquia pagamento de propina na forma de contrato de consultoria? Por que você está correndo? A gente só quer uma explicação sua, por gentileza.

A IOL implantes declarou que não participa de licitações públicas e que repudia insinuações de fraude. Segundo a empresa, a conversa entre o gerente e o repórter aconteceu em ambiente informal e não representa a opinião do fabricante.
Os diretores da empresa Strehl não foram encontrados.

Já a Totalmedic, que foi citada na reportagem deste domingo no Fantástico, negou trabalhar na área de ortopedia, ao contrário do que diz a página da empresa na internet.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir