Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-01-2015

Pescadores em protesto impedem passagem de ferry boat em Ita
Barcos continuam no rio Itajaí-Açu, apesar de liminar da Justiça. Manifestantes pedem revogação de portaria relacionada à pesca.
Pescadores em protesto impedem passagem de ferry boat em Ita
Foto: g1.globo.com

Os pescadores que protestam no rio Itajaí-Açu desde segunda-feira (5) impediram a passagem de ferry boats entre as cidades de Itajaí e Navegantes na manhã desta terça-feira (6), segundo a Capitania dos Portos de Itajaí. As embarcações fazem o transporte de pessoas, principalmente moradores, e veículos entre os dois municípios. Os barcos envolvidos no protesto continuavam no rio até a publicação desta reportagem, impedindo a passagem de navios no Complexo Portuário de Itajaí.
Na noite de segunda, a Justiça concedeu liminar que autoriza a remoção dos barcos. Mesmo assim, os pescadores permaneceram no rio durante a madrugada. Os manifestantes querem a revogação da portaria número 445 de 17 de dezembro de 2014, do governo federal, relacionada à proibição da pesca de espécies em extinção. Entre eles, estão peixes como garoupa, namorado, cações, emplasto e arraias.
Durante a manhã desta terça, barcos envolvidos no protesto impediram a travessia de ferry boats, tanto de Itajaí em direção a Navegantes quanto no sentido contrário. A Capitania dos Portos pediu auxílio à Polícia Militar (PM) para tentar garantir a passagem do transporte do coletivo.
Até a publicação desta reportagem, a Capitania e a PM não sabiam informar o número de viagens que deixaram de ser feitas pelo ferry boat. O G1 também tentou em contato com a empresa que administra o serviço, mas não obteve resposta.

Reunião
Em assembleia dos pescadores, com início perto de 8h desta terça, os profissionais decidiram permanecer no rio e só sair caso haja revogação da portaria, informou a assessoria do Sindicato dos Armadores e Indústria da Pesca (Sindipi). A Capitania dos Portos aguarda os pescadores na delegacia de Itajaí para uma reunião entre as entidades, o secretário de Segurança Pública de Itajaí e um representante da Polícia Militar.
Conforme o sindicato, quase 200 barcos permanecem no rio Itajaí-Açu. A Capitania dos Portos informou que um navio mercante e o transatlântico de passageiros continuam sem poder sair do Complexo Portuário. Outras três embarcações comerciais deveriam ter atracado desde o começo do protesto. A chegada de outros dois navios está prevista para quarta (7).
Na manhã desta terça, a Capitania dos Portos realiza patrulhamento ostensivo com lanchas no intuito de notificar os barcos que continuam no rio, explicou a a assessora de Comunicação Social da entidade, tenente Luana Vicente dos Santos.

Liminar
A liminar concedida na noite desta segunda-feira (5) pede a remoção dos barcos que bloqueiam a entrada do Complexo Portuário desde a manhã de segunda. A Justiça também determinou multa diária de R$ 50 mil aos sindicatos de empresas da área pesqueira e pescadores por descumprimento da medida.
Segundo o decisão assinada pelo juíz de plantão Marcelo Trevisan Tambosi, a 'autoridade marítima' pode utilizar de todos os recursos necessários para que "faça cumprir a ordem". Segundo ele, "muito mais do que se insurgir contra uma medida do governo federal, os requeridos estão prejudicando as atividades econômicas das requerentes e de todos aqueles que pretendem se utilizar do canal de acesso aos terminais portuários em questão". Tambosi cita como exemplo o transatlântico que continua atracado no píer turístico de Itajaí. A embarcação estava programada para seguir em direção a Montevidéu às 16h30 e foi impedida pelos manifestantes.
A ação de interdito proibitório foi movida pela Superintêndencia do Porto de Itajaí e Portonave Terminais de Navegantes, que formam o Complexo Portuário. As entidades alegaram que o protesto está "impedindo o livre exercício da atividade comercial e daqueles a que com eles estão relacionados".

Ministérios irão criar grupo de trabalho
O governo federal decidiu em reunião em Brasília, na tarde desta segunda-feira (5), que criará um grupo de trabalho com integrantes dos ministérios da Aquicultura e Pesca e do Meio Ambiente para avaliar a portaria número 445 de 17 de dezembro de 2014. A medida impede a captura de várias espécies de peixes por reconhecê-las como ameaçadas de extinção.
A decisão ocorreu após a manifestação fechar o canal da barra, que dá acesso ao Complexo Portuário de Itajaí, durante toda esta segunda-feira. Em 30 dias, o grupo poderá rever todas as espécies e orientações ambientais sobre a pesca determinadas no documento. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os trabalhos devem iniciar na quarta-feira (7), após a publicação no Diário Oficial da União, se todos os nomes forem indicados até esta terça (6).
Manifestação
Por volta das 9h15 desta segunda, as embarcações começaram a manifestação em dois pontos. A maioria, segundo a Capitania dos Portos, estava na entrada do canal da barra, passagem onde os navios entram no Porto de Itajaí e no Terminal de Navegantes.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir