Categoria Geral  Noticia Atualizada em 07-01-2015

MPL repete fórmula de 2013, mas promete levar protestos
Movimento Passe Livre quer reforçar atuação fora das redes sociais, com foco em regiões distantes do centro.
MPL repete fórmula de 2013, mas promete levar protestos
Foto: bbc.co.uk

"Primeiro Grande Ato Contra a Tarifa", diz o novo evento do MPL (Movimento Passe Livre) no Facebook. A sensação é de déjà vu: com formato idêntico ao das manifestações de 2013, o convite marcado para a próxima sexta-feira, em São Paulo, já foi visto por 310 mil pessoas - 35 mil confirmaram presença.

Um ano e meio depois de trazer dor de cabeça para governos em todo o país, a "fórmula MPL de protestos" - com foco em compartilhamentos em massa, grandes eventos online e frases de efeito nas redes sociais - está de volta. O movimento que prega gratuidade nos transportes, entretanto, diz que o verão de 2015 será diferente da primavera que o tornou conhecido Brasil afora.

A principal mudança é o deslocamento das atividades para regiões periféricas. "Vimos vários atos acontecendo no centro em 2013. Agora entendemos que isso deve ir além. A luta tem que estar na periferia, de baixo para cima", diz a estudante de Letras Andreza Delgado, porta-voz do MPL.

A mudança não é só geográfica: se em junho de 2013 a internet foi o principal eixo de discussões sobre os protestos, agora a mobilização offline deve ganhar mais força.
"Dizem que o MPL saiu das ruas. Não saiu. Fomos consolidar nosso trabalho nos bairros, junto à população", diz Delgado. "Neste ano, vamos ter mais atividades (na periferia) do que protestos", completa.

Estratégia

Nove capitais brasileiras já tiveram tarifas reajustadas até o fechamento desta reportagem: Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Florianópolis, Fortaleza, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Em São Paulo, por exemplo, o valor dos bilhetes saltou de R$ 3 para R$ 3,50 nesta terça-feira. No Rio, as passagens de ônibus subiram de R$ 3 para R$ 3,40.
Em nota, a prefeitura paulistana comenta o aumento. "Desde o último reajuste, em janeiro de 2011, a inflação acumulada foi de 27%. O reajuste da tarifa básica, de R$ 3,00 para R$ 3,50, ficou abaixo disso, em 16,67%."

Não satisfeito, o MPL diz querer ganhar mais força nesta retomada a partir do equilíbrio entre as mobilizações online e offline. "Na internet a gente não consegue travar um diálogo mais profundo", diz a porta-voz do grupo.

Para aprofundá-lo, o movimento tem realizado debates, mostras de literatura e cinema, oficinas de produção de camisetas e estêncil em bairros distantes das regiões centrais.
Recentemente, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, o tema de discussão foi "Passe livre estudantil x Tarifa zero". Em Marsilac, na mesma região, o grupo reuniu moradores para discutir soluções de "transporte coletivo autogerido".

O movimento também diz ser procurado por escolas públicas para participar de debates. "Os próprios alunos ou professores costumam organizar. A diretoria é mais difícil", afirma Delgado.

Fonte: bbc.co.uk
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir