Categoria Geral  Noticia Atualizada em 07-01-2015

Wolinski, cartunista erótico e político, é uma das vítimas
Desenhista foi símbolo de maio de 68 e influenciou Ziraldo, Jaguar e Henfil. Sede da revista "Charlie Hebdo" foi alvo de tiros; ao menos 12 morreram.
Wolinski, cartunista erótico e político, é uma das vítimas
Foto:g1.globo.com

O cartunista francês de origem tunisiana Georges Wolinski, conhecido por seu trabalho de forte teor erótico e político, considerado um dos símbolos de maio de 68, está entre os mortos no ataque contra o escritório da revista satírica "Charlie Hebdo", em Paris, nesta quarta-feira (7). Ele tinha 80 anos.

Além de Wolinski, outros três cartunistas estão entre as vítimas: o editor da publicação, Stephane Charbonnier, o "Charb"; Jean Cabut, o "Cabu"; e Tignous.

"Wolinski influenciou todo mundo que vocês conhecem: Ziraldo, Jaguar, Nani, Henfil, Fortuna... O cara era uma ESCOLA. Que dia tenebroso!", escreveu o cartunista brasileiro André Dahmer em seu perfil no Twitter.

Ao G1, Dahmer comentou por e-mail: "É uma perda irreparável. Assassinaram o maior cartunista em atividade no mundo. Um homem que influenciou três gerações de desenhistas".

Já Arnaldo Branco completou: "Wolinski era meu favorito – até por aproximação, por conta do seu desenho tosco (opcional, no caso do francês, que na verdade desenhava muito bem). É difícil até comentar, dada a imbecilidade da morte desse grande mestre – que causa é essa que precisa retaliar um cartum?".

Segundo fontes policiais, os autores do ataque desta quarta gritaram "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé, alvo de uma charge publicada há alguns anos pela revista, o que provocou revolta no mundo muçulmano.

Erotismo

Nascido na Tunísia em 1934, Georges Wolinski se mudou com a família para a França em 1946. Começou a publicar suas tiras nos anos 1960, em trabalhos satíricos que envolviam política e sexualidade.

Durante o maio de 1968 francês – série de manifestações e protestos estudantis por reformas na educação que logo teve adesão de trabalhadores e resultou em uma greve geral –, Wolinski foi confundador da revista "L Enragé".

Na década seguinte, passou a fazer parte de jornal comunista Humanité". Outros veículos com os quais colaborou foram "Liberácion", "Paris-Match" e "L Écho des Savanes", além de "Charlie-Hebdo".

Uma das personagens mais marcantes de Wolinski foi a polêmica Paulette, criada junto do artista Georges Pichard (1920-2003) também o início dos anos 1970. Ela foi uma espécie de musa dos quadrinhos da época e apareceu pela primeira vez nas páginas da revista de humor "Charlie Mensuel" .

Em seu perfil no Facebook, o cartunista brasileiro Rafael Campos Rocha lembrou o lado "libertário" do francês: "WOLINSKI foi acusado de falocrata, masculi e todas essas merdas, porque era um LIBERTÁRIO. quem matou foi mais um desses patrulheiros filhos da p**a, para o qual a causa (seja religiosa, política ou de gênero) não serve para LIBERTAR, mas sim para COIBIR, CASTRAR e DESTRUIR, além de, é claro, de manter a sociedade de exploração, que vocês, moralistas de merda, precisam para continuar transformando a vida dos outros em um inferno"

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir