Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-01-2015

Bombas de gás e destruição voltam a marcar protesto em SP.
Um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus reuniu cerca de 2 mil pessoas no Centro de São Paulo e na região da avenida Paulista, nesta sexta-feira, e terminou com cenas de confronto e depredação.
Bombas de gás e destruição voltam a marcar protesto em SP.
Foto: boainformacao.com.br

Houve protestos simultâneos também no Rio, com um número menor de manifestantes. Os atos foram convocados pelo Movimento Passe Livre (MPL), que liderou os megaprotestos contra o aumento nas tarifas de transportes públicos em 2013.
A exemplo do que costumava ocorrer nos protestos de um ano e meio atrás, no trecho final da manifestação, pessoas mascaradas entraram em conflito com policiais na região entre a avenida Paulista e a rua da Consolação, e o confronto acabou em tumulto e prisões.
Segundo a Polícia Militar, ao menos 32 pessoas haviam sido detidas até as 20h.
Manifestantes lançaram pedras contra viaturas da polícia. Para conter os manifestantes, a polícia usou bombas de gás e efeito moral.
Com escudos e caminhões, batalhões da tropa de choque fizeram cordões de isolamento para conter os manifestantes.
A Paulista, a Consolação e diversas outras ruas na região foram interditadas. As vitrines de ao menos uma agência bancária e duas concessionárias de veículos foram destruídas pelos mascarados. Estações de metrô na região também ficaram fechadas.
Black blocs
Em entrevista à BBC Brasil nesta semana, a liderança do MPL havia dito que a depredação de agências bancárias e bens públicos "não tem comparação" com o uso de bombas e balas de borracha pela polícia militar.
Questionado sobre a presença de mascarados adeptos da tática black bloc e sobre o risco de atos violentos nos protestos, o movimento desconversou e disse que "todos que quiserem lutar contra os aumentos nas passagens são bem-vindos".
"É histórico que as pessoas com ânimos à flor da pele acabem quebrando coisas", disse a estudante de Letras Andreza Delgado, militante do MPL. "O Passe Livre nunca vai querer o papel de dono da luta."
Ela faz referência aos fotógrafos Alex Silveira e Sérgio Silva, que perderam parte da visão após levarem tiros de bala de borracha durante protestos de rua. "Bancos não podem valer mais que os olhos de alguém", alegou Delgado.
Em junho de 2013 e nos meses que antecederam à Copa do Mundo, agências, redes de fast-food, edifícios públicos e viaturas foram depredados durante manifestações inicialmente pacíficas.
Para a polícia, os Black Blocs seriam um grupo coeso e articulado, a ponto de enviar integrantes para outros Estados para promover protestos violentos.
Manifestantes e ativistas discordam. Para eles, não se trataria de um grupo organizado, mas de uma tática de ação – que inclui máscaras e roupas pretas – adotada espontaneamente por segmentos distintos da população.
O movimento diz não ter ideia da dimensão que os atos deste ano tomarão. "Não existe uma receita para dar certo. Quem vai dizer que vamos conseguir barrar o aumento ou não vai ser a população."
Na quinta-feira, catracas e cabines de venda de bilhetes foram quebradas e incendiadas nas estações de trens USP Leste e Comendador Ermelino, zona leste de São Paulo. A justificativa seria o atraso dos trens, por conta de fortes chuvas, e o aumento das tarifas.
Aumentos
Em São Paulo, o valor dos bilhetes saltou de R$ 3 para R$ 3,50 nesta terça-feira. No Rio, as passagens de ônibus subiram de R$ 3 para R$ 3,40.
Como resposta, o MPL voltou a articular manifestações por meio das redes sociais, como fez há um ano e meio.
Nesta semana, o movimento disse à BBC Brasil que pretende priorizar "atividades de formação", como aulas públicas e debates, no lugar de protestos pelas cidades. O MPL também revelou que, diferentemente de junho de 2013, deve concentrar suas iniciativas em regiões periféricas.
Com isso, a internet teria papel menos importante na atuação do grupo. "Na internet a gente não consegue travar um diálogo mais profundo", diz a porta-voz.

Fonte: boainformacao.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir