Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 12-01-2015

Uma homenagem a Youcef Nadarkhani

Uma homenagem a Youcef Nadarkhani

Dia desses lembrei-me do iraniano Youcef Nadarkhani. O ditto cujo foi preso, e quase executado. O crime dele consistiu na convers�o ao cristianismo. Em pleno s�culo XXI, quando a humanidade j� se prepara para ir a Marte, um semelhante nosso arriscou-se a perder a vida por ter feito uma op��o religiosa.

Diante deste epis�dio, minha mente viajou pelos s�culos. Voltei aos tempos da Santa Inquisi��o, quando o destino dos "infi�is" era a tortura e a fogueira. Passei pela coloniza��o do Brasil, �poca em que tantos religiosos pereceram pregando simplesmente o bem e a toler�ncia aos gentios. Mirei as cruzadas, palco de tantas atrocidades e derramamento de sangue. E, lentamente, comecei a perceber que, enquanto humanidade, mudamos muito pouco de l� para c�.

Voltando ao tempo presente, entreguei-me a outra jornada mental pelo mundo afora. Comecei em Dubai, onde um estudante foi condenado a quatro meses de cadeia por ter beijado uma colega em p�blico. De l� fui para o Haiti, onde dezenas pessoas tem sido linchadas pelas ruas sob o pretexto de terem causado uma epidemia de c�lera atrav�s de feiti�aria.

Minha pr�xima escala seria no Congo, onde a maioria da popula��o - 90%, para ser exato - acredita que a AIDS � fruto de bruxaria. Fui, ent�o, para Barafkhana, na �ndia, onde Sadhana Devi cortou a pr�pria l�ngua como uma oferenda religiosa em prol do casamento de seu filho.

Parti para a Malaysia, onde a maioria da popula��o culpa os deuses pelos desastres naturais que l� acontecem. Meu pr�ximo destino seria Mo�ambique, onde duas pessoas foram linchadas em pra�a p�blica por serem adeptas de bruxaria. Passei tamb�m pelo Burundi, onde pessoas albinas s�o frequentemente sequestradas e sacrificadas em rituais religiosos. Ali do lado, na Tanz�nia, descobri que 53 albinos foram sacrificados nos �ltimos anos - e os peda�os de seus corpos vendidos para rituais de feiti�aria.

Tive not�cias de sacrif�cios humanos tamb�m no Bangladesh - l�, por�m, de crian�as. Segundo consta, de um lado est�o feiticeiros raptando e sacrificando at� beb�s, e do outro os pais praticando o linchamento como forma de justi�a. H� tamb�m o sacrif�cio de mulheres que se atrevem a n�o observar devidamente os mandamentos religiosos. Este mesma pr�tica � observada em algumas regi�es da �ndia, onde recentemente a pol�cia descobriu o esqueleto de uma menina de apenas seis anos de idade sacrificada durante um ritual.

Chegando � Som�lia, descobri que r�dios n�o podem transmitir m�sicas e que quem apara a barba vai parar em uma cela - segundo consta, busca-se com isso a pureza religiosa.

Dirigi-me � R�ssia, onde Dmitry Kazachuk, uma inocente crian�a de apenas quatro anos de idade, morreu durante um ritual de exorcismo praticado por dois xam�s coreanos, So Dyavor e Kim Sende.

No Paquist�o, deparei-me com o caso das mulheres mortas pelos pais quando estes n�o aprovam um simples namoro - ali�s, o �ltimo caso de que tive not�cia foi o de uma execu��o por choques el�tricos.

Decidi encerrar minha viagem pelos Estados Unidos da Am�rica, onde um fabricante de armas decidiu imprimir nos fuzis utilizados pelas For�as Armadas vers�culos da B�blia.

Diante do que vi no seio de uma humanidade que se pensa t�o evolu�da, fiquei a pensar na do�da acusa��o de Blaise Pascal: "nunca o ser humano pratica o mal t�o completamente e com tanto prazer como quando o faz por convic��o religiosa".

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Pedro Valls Feu Rosa    |      Imprimir