Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-01-2015

Cunha diz que "ganhou" votos na Câmara com vazamento na Lava
Candidato à presidência da Casa foi citado por policial preso ligado a Youssef. Segundo deputado, denúncia é ‘falsa’ e gerou ‘revolta’ entre parlamentares.
Cunha diz que
Foto: g1.globo.com

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), afirmou nesta terça-feira (13) que sua candidatura à presidência da Casa foi beneficiada com a denúncia de que teria recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato. O peemedebista disse que a notícia foi vazada à imprensa por "aloprados" que desejavam prejudicá-lo, mas, segundo ele, vários parlamentares ficaram "revoltados" com a iniciativa.

"Viram que tentaram de uma forma absurda me envolver numa coisa que eu não tinha absolutamente nada a ver. Eu só encontro solidariedade e revolta. Eu acho que ganhei muitos votos entre aqueles que estavam indecisos por causa dessa denúncia vazia. E eu tenho certeza de que outras candidaturas perderam votos com isso", afirmou, em referência à candidatura do adversário petista Arlindo Chinaglia (SP).

O nome de Eduardo Cunha foi mencionado em depoimento à Polícia Federal dado em 18 de novembro pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, que colaborava com Youssef fazendo entrega de dinheiro a diversas pessoas e empresas. Jayme disse que há cerca de dois anos entregou dinheiro em uma casa em um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que pertenceria a Cunha.

Nesta segunda (12), o advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef nos processos da Lava Jato, disse ao G1 que seu cliente não conhece nem mandou entregar dinheiro para o deputado do PMDB.

"Eu diria que isso é uma alopragem e essa alopragem foi desmoralizada. Tentaram criar
um constrangimento para a minha candidatura através de denúncias falsas, vazias, com o intuito de, certamente, beneficiar outras candidaturas. E, consequentemente, foi um tiro na água e de festim", afirmou Eduardo Cunha.

Apesar de atribuir as denúncias a pessoas interessadas em prejudicar sua candidatura, Cunha não quis citar nomes nem partidos.

"Alguns tentam me atribuir coisas sem provar. Então, eu não vou cometer com os outros o erro que não quero que cometam comigo. Não vou nominar ninguém, mas absolutamente todos estão vendo pelo fato divulgado que tratou-se de uma alopragem."
Indagado se vai processar o policial que fez a denúncia, Cunha afirmou que "não vai deixar o assunto barato".

"Eu vou tomar muitas as atitudes. O problema é que não quero misturar o processo eleitoral com as atitudes que vou tomar, mas pode ter certeza de que não vou deixar esse assunto barato. Eu vou buscar os responsáveis por essas alopragens estejam onde eles estiverem", concluiu.

Cunha disse ainda que vai continuar defendendo a instalação de uma nova CPI mista para investigar irregularidades na Petrobras. "A bancada do PMDB na Câmara vai assinar até porque nós não devemos. E quem não deve não teme", afirmou.

Assim que surgiu a denúncia de que teria envolvimento no esquema de corrupção alimentado por contratos na estatal, Cunha defendeu a adesão da bancada peemedebista para a imediata criação de uma nova comissão.

Nesta terça, Cunha ressaltou que, no caso de um colegiado misto, composto por deputados e senadores, a instalação não é prerrogativa do presidente, pois, havendo o número mínimo de assinaturas, a criação deve ser automática.

Desde o fim do ano passado, partidos oposicionistas, incluindo o DEM, o PSDB e o PPS, começaram a coleta de assinaturas para a criação de uma nova CPI mista para investigar o assunto. Em 2014, duas CPIs sobre o tema funcionaram simultaneamente, ambas integradas por uma maioria da base aliada. Uma delas, exclusiva do Senado, foi boicotada pela oposição. A outra, mista, chegou ao final com a aprovação de um relatório que deixou políticos suspeitos de fora.

Apoio à sua candidatura

Em meio a uma maratona de viagens, Cunha se mostra confiante na vitória no segundo turno. Além do PMDB, ele já recebeu o apoio público de cinco partidos: PSC, PTB, DEM, Solidariedade e PRB.

O líder peemedebista na Câmara não quis comentar quais outras siglas aderiram à sua campanha. "Agora, vou ter que fazer o meu jogo final, que é um jogo mais de esconde, para no final aparecer. Não tenho que ficar mostrando."

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir