Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-01-2015

Advogado diz que pedirá revogação da prisão de Cerveró
Afirmação foi feita nesta quinta-feira (15) antes do início do depoimento. Ex-diretor da Petrobras foi preso na quarta (14) no Rio e levado a Curitiba.
Advogado diz que pedirá revogação da prisão de Cerveró
Foto: g1.globo.com

Antes do início do depoimento do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, na manhã desta quinta-feira (15), Beno Brandão, um dos advogados que o representa, afirmou que a defesa vai fazer o pedido de revogação da prisão ainda nesta quinta. Cerveró foi preso na madrugada de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, e levado para a superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde tramitam os inquéritos e ações penais oriundos da operação.
"Estamos confiantes de que a decisão sobre a prisão é indevida. Não haveria necessidade dessa prisão pelos motivos apresentados", disse Beno Brandão. O pedido de revogação será feito no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre (RS), pelo advogado Edson Ribeiro, que também é responsável pela defesa do ex-diretor.
O depoimento começou por volta das 9h desta quinta-feira. Nestor Cerveró é réu em processo originado na Operação Lava Jato, da PF, por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro entre 2006 e 2012.
Na quarta-feira, Edson Ribeiro chegou a afirmar que seu cliente ficaria calado durante o depoimento pois ainda não tinha conhecimento das razões do Ministério Público Federal (MPF) para pedir a prisão de Cerveró. Porém, depois de ter acesso ao processo, sinalizou a mudança no comportamento da defesa.
"Eu conversei com o delegado e o que vai ser perguntado é justamente sobre a movimentação financeira e a movimentação imobiliária. Se as duas tivessem acontecido, seriam totalmente legais. Não havia qualquer restrição naquele momento, como não há até hoje", afirmou o advogado, após sair da superintendência da PF.
Prisão
Cerveró foi preso na madrugada de quarta-feira no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio Janeiro. Pela manhã, ele foi encaminhado para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Na cidade, fez exames de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML).
O ex-diretor da Petrobras voltava de uma viagem a Londres quando foi detido pela PF. Ele foi preso preventivamente a pedido do Ministério Público Federal. Por meio de nota, o MPF informou que foi cumprido um mandado de prisão preventiva, já que "há indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça".

O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula afirmou que negociações financeiras feitas por Cerveró indicam que o suspeito tentava obter liquidez do patrimônio com rapidez. Em uma dessas transações, disse o delegado, Cerveró chegou a perder R$ 200 mil. Este patrimônio negociado, também conforme a PF, pode ter origem ilícita e ser resultado de crimes cometidos por Cerveró enquanto estava à frente da diretoria Internacional da Petrobras.

Cerveró na Lava Jato
Cerveró foi diretor da área Internacional da Petrobras de 2003 a 2008, durante o governo do presidente Lula. Já no governo da presidente Dilma Rousseff, assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em março de 2014.

Segundo o MPF, o ex-diretor recebeu propina em dois contratos firmados pela Petrobras, para construção de navios sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor total de 40 milhões de dólares, foi relatado pelo executivo Júlio Carmago, da Toyo Setal, que fez acordo de delação premiada no decorrer das investigações.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, também réu da Lava Jato, citou Cerveró no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal (JF) do Paraná, em outubro de 2014, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio gerou prejuízos de 790 milhões de dólares à Petrobras.

A compra de Pasadena foi aprovada, em 2006, pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido por Dilma Rousseff. Segundo a presidente, o resumo executivo que orientou o Conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras pelos prejuízos na compra.

Os argumentos do MPF
Por meio de nota, o Ministério Público Federal informou que foi cumprido um mandado de prisão preventiva, já que "há indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça".
O MPF relatou que na terça-feira (13) foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro endereços residenciais ligados a Cerveró, "em função de seu envolvimento em novos fatos ilícitos relacionados os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro que foram denunciados recentemente".
De acordo com o MPF, conforme o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso do Judiciário, o ex-diretor tentou transferir para a filha R$ 500 mil - mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da aplicação financeira. O ex-diretor, ainda segundo o MPF, também teria transferido recentemente três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores menores do que eles valeriam, de R$ 7 milhões por R$ 560 mil.
"A custódia cautelar é necessária, também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso", encerra o MPF.

Defesa
O advogado de defesa Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse que o pedido de prisão preventiva não tem fundamento. Segundo ele, não havia restrição judicial ou administrativa para que os bens fossem transferidos à família do cliente. "A movimentação financeira e a movimentação imobiliária são atos normais da vida civil. Não há nenhuma ilegalidade nisso. A filha dele é doente. O Nestor estava indo para a Inglaterra passar Natal e Réveillon com a família. Ia disponibilizar esse dinheiro que estava aplicado para alguma eventualidade. Não chegou nem a fazer isso", disse.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir