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O que é preciso para tirar zero na redação do Enem

Mais de 500 mil estudantes obtiveram nota zero na prova de redação do Enem 2014

Foto: diariocatarinense.clicrbs.com.br

Dos 6,2 milhões de estudantes que prestaram o Enem em 2014, 529 mil (8,5%) zeraram a prova de redação — enquanto apenas 250 conseguiram a nota máxima. O fato virou notícia em jornais de todo país e fez muitos questionarem a qualidade do ensino nacional. Mas você sabe o que é preciso para tirar zero na redação do Enem?

Segundo o Guia de Redação do Enem, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), existem sete razões para se atribuir nota zero a uma redação. O estudante que produzir uma redação com qualquer uma dessas características recebe nota zero automaticamente. São elas:

- fuga total ao tema;
- não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa;
- texto com até 7 (sete) linhas;
- impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação ou parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
- desrespeito aos direitos humanos; e
- folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho.

Não é tão simples

Para a professora de português do curso Entrevírgulas, Nádia Conceição, a questão é ainda mais complexa, pois a redação do Enem tem um sistema avaliativo diferente de muitos concursos, baseada em cinco competências. Ou seja, além dos pré-requisitos citados acima, o estudante que não cumprir nenhuma das cinco competências também recebe a nota zero.

A redação do Enem é avaliada por dois professores que atribuem uma nota entre zero e 200 pontos para cada competência. A soma desses pontos compõe a nota total de
cada avaliador, que pode chegar a 1000 pontos. Já a nota final do participante é calculada através da média aritmética das notas totais atribuídas pelos dois avaliadores.

— O aluno muitas vezes desconhece as competências e suas complexidades. Tenho uma aluna que zerou em uma das competências na prova de 2013, porque não entendia o que era esperado. Essa mesma aluna tirou 960 este ano. — diz Nádia Conceição.

As competências

Confira quais são as cinco competências e os comentários da professora Nádia Conceição:

1 – Domínio da norma padrão da língua escrita
Esta é a parte mais parecida com os demais vestibulares e concursos, que avalia o domínio do estudante sobre a linguagem escrita, de acordo com as normas gramaticais.
Grau de compreensão do aluno: ALTO
Comentário da professora: Todos entendem que é preciso escrever de acordo com as normas gramaticais, embora sejam cometidos muitos erros.

2 – Compreensão da proposta
Avalia se o estudante entendeu o tema sobre o qual deve redigir o texto.
Grau de compreensão do aluno: MÉDIO
Comentário da professora: É uma competência cobrada em muitas provas, mas nem todos os alunos conseguem se manter dentro do tema proposto.

3 – Capacidade de organizar e relacionar informações
O Enem apresenta, além da proposta da redação, alguns textos de apoio, que podem ser usados pelos estudantes para embasarem seus argumentos na redação. Esta competência avalia a capacidade de selecionar e interpretar as informações disponíveis e contectá-las com argumentos próprios.
Grau de compreensão do aluno: MÉDIO
Comentário da professora: Aqui é onde se deve relacionar as ideias com as várias áreas do conhecimento, já que a prova não se separa por disciplinas como nos vestibulares, mas por grandes áreas. Muitos alunos tem dificuldade aqui.

4 – Construção da argumentação
Avalia a capacidade de organizar todos os argumentos para defender o ponto de vista exposto no texto.
Grau de compreensão do aluno: ALTO
Comentário da professora: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação, como nas provas de redação dos concursos em geral.

5 – Elaborar proposta de intervenção ao problema exposto
Avalia se o candidato tem condições de propor soluções para o problema exposto, respeitando valores como cidadania, direitos humanos e diversidade cultural.
Grau de compreensão do aluno: BAIXO
Comentário da professora: É a competência mais difícil de se trabalhar. É na qual se propõe uma saída para o problema pautada nos direitos humanos, o que muitos desconhecem e não encontram argumentos.

Tema pouco conhecido

Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, quando foram apresentados os resultados da prova, o novo Ministro da Educação, Cid Gomes, atribuiu o baixo rendimento na redação ao fato de não se debater o suficiente a publicidade infantil, que foi o tema da prova. Já o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Francisco Soares, lembrou da fuga do tema proposto, quando o candidato escreve sobre um assunto que não foi pedido.

Fonte: diariocatarinense.clicrbs.com.br

Por: Desirée Duque | Imprimir