Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-02-2015

Regras da Petrobras foram alteradas para favorecer empreitei
Três executivos presos na Operação Lava Jato foram soltos na segunda (9). Outra testemunha disse que Duque recebeu dinheiro em conta bancária.
Regras da Petrobras foram alteradas para favorecer empreitei
Foto: g1.globo.com

Na Operação Lava Jato, três executivos foram soltos na segunda-feira (9) e mais quatro testemunhas de acusação vão depor na Justiça Federal nesta terça (10) contra a Galvão Engenharia, uma das empreiteiras investigadas na operação. Nesta ação são sete réus, entre eles quatro executivos e dirigentes do Grupo Galvão. Os sete são acusados de corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documentos falsos.
Vão depor, a partir das 14h, funcionários e ex-funcionários da Petrobras. Entre eles está Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente executiva da área de Abastecimento.
Na segunda-feira o dia foi bem movimentado aqui em Curitiba. Uma nova testemunha afirmou à força tarefa da operação que as regras da Petrobras foram alteradas para favorecer empreiteiras. A reportagem é de Malu Mazza.
Os sócios e o diretor financeiro da Arxo foram soltos no começo da noite de segunda-feira (9), depois de cinco dias presos. A Arxo é suspeita de pagar propina para funcionários da BR Distribuidora em troca de informações privilegiadas e favorecimento em licitações.
O intermediário da propina, apontado pela Polícia Federal como operador desse esquema, seria Mario Goes, que se entregou no domingo. Ele prestou depoimento e continua preso.
Os advogados da Arxo e a advogada de Mario Goes negam o pagamento de propina e dizem que os clientes sequer se conhecem. "Ele me afirmou que nunca esteva nessa empresa, a Arxo. Desconhece os sócios, então, com relação a isso, ele está muito tranquilo, porque nada disso é verdade", afirma a advogada de Mario Goes, Livia Novak.
"Nunca vimos esse Mario Goes, nunca fizemos nenhum tipo de negócio com ele, não sabemos quem é essa pessoa", afirma o advogado da Arxo.
Nesta segunda-feira cinco testemunhas de acusação no processo contra a Galvão Engenharia foram ouvidas na Justiça Federal. No processo são sete réus, entre eles quatro executivos e dirigentes da empresa.
Segundo a denúncia, a Galvão Engenharia pagou propina para conseguir vantagens em licitações. O advogado de defesa confirma que houve pagamento de propina, mas diz que os executivos foram vítimas de extorsão. "No caso da Galvão, que obteve o contrato de maneira lícita, caso não pagasse a esta extorsão, não cedesse a essa extorsão os contratos seriam absolutamente inviabilizados", afirma o advogado Erton Fonseca.
Uma das testemunhas de acusação ouvidas na segunda foi o consultor da Toyo Setal, Julio Camargo, que fez acordo de delação premiada. Em um depoimento gravado, ele disse que o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque recebeu dinheiro do esquema em uma conta bancária. Duque é um dos ex-diretores investigados na operação.
"No caso identifiquei uma conta só, que era do seu Renato Duque, porque eu auxiliei na abertura da conta, no mesmo banco onde eu tinha a conta", afirmou.
Uma nova testemunha confirmou o esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimento à força tarefa da Operação Lava Jato, Fernando de Castro Sá, ex-gerente jurídico da estatal, disse que as licitações deveriam seguir o manual de procedimentos contratuais da empresa.
Mas segundo ele, em 2011, esse manual passou a ser desrespeitado pela Diretoria de Serviços, na época, comandada por Renato Duque. "Uma das regras daquele manual é que você só pode prorrogar o prazo de um contrato se o contrato estiver vigente. Esses aditivos foram assinados para prorrogar prazos de contrato já morto, que estava encerrado por tempo", explicou.
O ex-gerente contou ainda que reclamou de supostas interferências da Abemi, a Associação das Empreiteiras, nas decisões da Petrobras. "Eu vinha constantemente reclamando, de que algumas reuniões. Porque criaram uma comissão de direito contratual. E quando chegava na proposição das coisas na reunião da comissão, vinha assim: ‘Porque a Abemi solicitou’, ‘Porque a Abemi quer’. Isso esse negócio foi me tirando o sério. Um dia eu escrevi abertamente: ‘os advogados das Petrobras estão trabalhando para a Petrobras ou para a Abemi?’. Aí eu fui advertido", contou.
Depois das reclamações, Castro Sá disse que foi chamado para uma reunião com os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco. Também foi convocada a ex-gerente de Abastecimento, Venina da Fonseca, outra funcionária da estatal que afirma ter alertado diretores sobre irregularidades.
"E literalmente eu e a Venina levamos uma escovada do diretor Duque, que a gente estava atrapalhando, que a gente não sabia como as empreiteiras trabalhavam, que não fosse do jeito que as empreiteiras faziam não ia se conseguir contratar", lembrou.
O Bom Dia Brasil procurou os advogados de Renato Duque, mas eles não retornaram as ligações.
O presidente da Abemi, Antonio Muller, disse que a associação nunca alterou normas contratuais da Petrobras - e negou que os contratos tivessem que passar pelo crivo da associação. Segundo Muller, os focos da Abemi são a competividade, a redução de preços e a produtividade.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir