Três executivos presos na Operação Lava Jato foram soltos na segunda (9).
Outra testemunha disse que Duque recebeu dinheiro em conta bancária.
Foto: g1.globo.com Na Operação Lava Jato, três executivos foram soltos na segunda-feira (9) e mais quatro testemunhas de acusação vão depor na Justiça Federal nesta terça (10) contra a Galvão Engenharia, uma das empreiteiras investigadas na operação. Nesta ação são sete réus, entre eles quatro executivos e dirigentes do Grupo Galvão. Os sete são acusados de corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documentos falsos.
Vão depor, a partir das 14h, funcionários e ex-funcionários da Petrobras. Entre eles está Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente executiva da área de Abastecimento.
Na segunda-feira o dia foi bem movimentado aqui em Curitiba. Uma nova testemunha afirmou à força tarefa da operação que as regras da Petrobras foram alteradas para favorecer empreiteiras. A reportagem é de Malu Mazza.
Os sócios e o diretor financeiro da Arxo foram soltos no começo da noite de segunda-feira (9), depois de cinco dias presos. A Arxo é suspeita de pagar propina para funcionários da BR Distribuidora em troca de informações privilegiadas e favorecimento em licitações.
O intermediário da propina, apontado pela Polícia Federal como operador desse esquema, seria Mario Goes, que se entregou no domingo. Ele prestou depoimento e continua preso.
Os advogados da Arxo e a advogada de Mario Goes negam o pagamento de propina e dizem que os clientes sequer se conhecem. "Ele me afirmou que nunca esteva nessa empresa, a Arxo. Desconhece os sócios, então, com relação a isso, ele está muito tranquilo, porque nada disso é verdade", afirma a advogada de Mario Goes, Livia Novak.
"Nunca vimos esse Mario Goes, nunca fizemos nenhum tipo de negócio com ele, não sabemos quem é essa pessoa", afirma o advogado da Arxo.
Nesta segunda-feira cinco testemunhas de acusação no processo contra a Galvão Engenharia foram ouvidas na Justiça Federal. No processo são sete réus, entre eles quatro executivos e dirigentes da empresa.
Segundo a denúncia, a Galvão Engenharia pagou propina para conseguir vantagens em licitações. O advogado de defesa confirma que houve pagamento de propina, mas diz que os executivos foram vítimas de extorsão. "No caso da Galvão, que obteve o contrato de maneira lícita, caso não pagasse a esta extorsão, não cedesse a essa extorsão os contratos seriam absolutamente inviabilizados", afirma o advogado Erton Fonseca.
Uma das testemunhas de acusação ouvidas na segunda foi o consultor da Toyo Setal, Julio Camargo, que fez acordo de delação premiada. Em um depoimento gravado, ele disse que o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque recebeu dinheiro do esquema em uma conta bancária. Duque é um dos ex-diretores investigados na operação.
"No caso identifiquei uma conta só, que era do seu Renato Duque, porque eu auxiliei na abertura da conta, no mesmo banco onde eu tinha a conta", afirmou.
Uma nova testemunha confirmou o esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimento à força tarefa da Operação Lava Jato, Fernando de Castro Sá, ex-gerente jurídico da estatal, disse que as licitações deveriam seguir o manual de procedimentos contratuais da empresa.
Mas segundo ele, em 2011, esse manual passou a ser desrespeitado pela Diretoria de Serviços, na época, comandada por Renato Duque. "Uma das regras daquele manual é que você só pode prorrogar o prazo de um contrato se o contrato estiver vigente. Esses aditivos foram assinados para prorrogar prazos de contrato já morto, que estava encerrado por tempo", explicou.
O ex-gerente contou ainda que reclamou de supostas interferências da Abemi, a Associação das Empreiteiras, nas decisões da Petrobras. "Eu vinha constantemente reclamando, de que algumas reuniões. Porque criaram uma comissão de direito contratual. E quando chegava na proposição das coisas na reunião da comissão, vinha assim: ‘Porque a Abemi solicitou’, ‘Porque a Abemi quer’. Isso esse negócio foi me tirando o sério. Um dia eu escrevi abertamente: ‘os advogados das Petrobras estão trabalhando para a Petrobras ou para a Abemi?’. Aí eu fui advertido", contou.
Depois das reclamações, Castro Sá disse que foi chamado para uma reunião com os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco. Também foi convocada a ex-gerente de Abastecimento, Venina da Fonseca, outra funcionária da estatal que afirma ter alertado diretores sobre irregularidades.
"E literalmente eu e a Venina levamos uma escovada do diretor Duque, que a gente estava atrapalhando, que a gente não sabia como as empreiteiras trabalhavam, que não fosse do jeito que as empreiteiras faziam não ia se conseguir contratar", lembrou.
O Bom Dia Brasil procurou os advogados de Renato Duque, mas eles não retornaram as ligações.
O presidente da Abemi, Antonio Muller, disse que a associação nunca alterou normas contratuais da Petrobras - e negou que os contratos tivessem que passar pelo crivo da associação. Segundo Muller, os focos da Abemi são a competividade, a redução de preços e a produtividade.
Fonte: g1.globo.com
|