Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-02-2015

Mulher com doença rara é curada e médicos explicam fenômeno
A cura aconteceu há 20 anos, depois de uma mutação acidental de seu DNA. Na época, a mulher, que pediu para não ter o nome revelado, tinha por volta de 30 anos de idade
Mulher com doença rara é curada e médicos explicam fenômeno
Foto: opovo.com.br

Uma mulher que sofria de hipogama-globulinemia, doença caracterizada por uma falha no sistema imunológico e pela alta de ocorrência de verrugas e infecções no corpo, foi curada, segundo os médicos americanos.

A cura aconteceu há 20 anos, depois de uma mutação acidental de seu DNA. Na época, a mulher, que pediu para não ter o nome revelado, tinha por volta de 30 anos de idade.

Um dos médicos afirmou ao periódico científico Cell, que as chances de isso ocorrer são "astronomicamente baixas".

O caso da mulher, que pediu para não ser identificada, foi o primeiro registrado no mundo há mais de 50 anos. Atualmente com 58 anos, ela pediu que uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos testasse descobrir se suas filhas tinham o mesmo problema.

Os testes deram positivos para as duas filhas e o médico, que fez os exames, Philip Murphy, ficou surpreso que a mulher tivesse perdido suas verrugas. Com esse fenômeno, que para eles é um "caso miraculoso", os pesquisadores foram tentar entender como foi possível.

Mutações

A cura se deu a partir de uma mutação de uma única célula em sua medula óssea. Segundo eles, houve um "estilhaçamento de cromossomas", em que parte do DNA é rearranjado, fazendo com que os 164 genes fossem eliminados de seu código genético, entre ele o gene mutante que causava o problema na mulher.

Os estudiosos revelaram ainda que, se o evento tivesse ocorrido em um célula muscular, o resultado não teria tido sucesso. No entanto, o "estilhaçamento" ocorreu em uma célula-tronco que fabrica células imunológicas. Para ele, a célula foi tomando conta da medula óssea sendo o ponto de partida para um novo imunológico chegasse ate sua corrente sanguínea.

"É notável. Ela começou como uma menina azarada e acabou ganhando na loteria ao ter uma ocorrência tão rara - e a única conhecida no mundo até hoje. Ela não tem mais verrugas, não é mais suscetível a infecções nem apresenta anormalidades no sangue. As chances disso ocorrer são extremamente baixas", afirmou Murphy.

Murphy espera agora uma maior compreensão sobre a doença e que isso sirva de ajuda para tratamento ou formas de melhorar os transplantes de medula.

Para Andrew Jackson, da Unidade de Genética Humana do Conselho de Pesquisa Médica, no Reino Unido, o caso é uma "história científica interessante".

"Vejo muitos pacientes com doenças congênitas, e normalmente a regra é você tem que conviver com o que você nasceu. Então, uma cura espontânea não é algo esperado", disse Jackson.

Segundo ele já houve "relatos similares" envolvendo outras condições, mas que houve conjuntamente trabalhos científicos excelentes que "permitiram entender biologicamente" o funcionamento destas síndromes.

Jackson disse ainda sobre a importância de avaliar a contribuição para a cura dos outros 163 genes afetados pelo estilhaçamento de cromossomas.

Fonte: opovo.com.br
 
Por:  Ludyanna Ferreira    |      Imprimir