Categoria Geral  Noticia Atualizada em 12-02-2015

Problema do filme "50 Tons" é o mesmo do livro: a autora
Apesar da história inverossímil, adaptação do best-seller erótico ganha pontos pela direção, bons atores e cenas de sexo leves, mas suficientes
Problema do filme
Foto: veja.abril.com.br

Exceto pela retomada da clássica série Star Wars, que estreia seu episódio 7 em dezembro, não é exagero dizer que a adaptação cinematográfica de Cinquenta Tons de Cinza é o filme mais aguardado de 2015. A espera de dois anos pelo longa baseado no best-seller de E.L. James chega ao fim nesta quinta-feira, quando a produção assinada pela cineasta Sam Taylor-Johnson entra em cartaz.

A fantasia para moças recatadas começa com Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma garota desajustada, tímida e virgem, que substitui uma amiga em um trabalho da faculdade de jornalismo e, assim, tem a missão de entrevistar Christian Grey (Jamie Dornan). O rapaz é um bilionário bonitão, jovem, de corpo malhado e olhar penetrante. Em poucos minutos, e sabe-se lá por quê, a mocinha sem graça se torna objeto de desejo do partidão cobiçado — trama que remonta aos primórdios de Cinquenta Tons, que nasceu de uma fanfic da saga vampiresca Crepúsculo, na qual a personagem de baixa autoestima Bella vira alvo do garoto mais almejado do colégio, o vampiro Edward.

Ao esmiuçar a produção, percebe-se que a diretora Sam Taylor-Johnson se mostrou esforçada e merece alguns bons adjetivos. O mesmo serve para falar do casal de protagonistas Dakota Johnson e Jamie Dornan. Porém, o grande problema do filme erótico é o que sempre existiu: o texto pobre e inverossímil da escritora. A fidelidade aos livros— que venderam mais de 100 milhões de cópias no mundo — foi motivo de discussões entre a cineasta e a autora britânica, que possui total controle sobre a história, como diz o restrito contrato assinado com o estúdio Universal, responsável pela adaptação. O jeito foi seguir o script e adicionar um pouco de plasticidade com pitadas de ironia, que fez da produção um soft porn classudo e deu aos personagens rasos um tom mais divertido.

O que deixa a sofrível história da autora levemente interessante é a tentativa de explorar o misterioso universo do sadomasoquismo. No cinema, os contornos sexuais acontecem rápido, quando, no primeiro encontro oficial, Grey leva Anastasia de helicóptero para sua cobertura em Seattle. Lá, a jovem se mostra disposta a "fazer amor" com seu par, e logo é advertida por ele: "eu não faço amor". O bilionário pergunta se a jovem quer saber mais sobre seus gostos peculiares. A resposta positiva da donzela virginal serve como chave para o Quarto Vermelho, que abriga todos os "brinquedos" de Grey. Mal a garota se recupera da surpresa, ele já explica os termos do possível relacionamento. Se quiser desfrutar da companhia do empresário, Anastasia deve assinar um contrato aceitando ser sua submissa, que prevê também o que concorda ou não em fazer em uma relação sexual, seu tipo de alimentação, médicos que deve consultar, entre outros detalhes.

Levemente confusa, mas bem estável para uma mulher que nunca teve uma relação sexual e que acaba de conhecer o homem que gosta de chicotes, Anastasia revela que ainda é virgem. Situação rapidamente resolvida pelo magnata, que abre uma exceção e transa com ela em seu quarto pessoal.

As faladas cenas de sexo ficam dentro do esperado para um filme comercial, que almeja bilheteria estrondosa e possui censura quase livre. Sem nus frontais, quem se expõem mais é Dakota. A atriz passa bastante tempo sem roupa e até deixa a mostra alguns (muitos) pelos pubianos — depilação à la Cláudia Ohana, amplamente discutida com a diretora antes de ser filmada. A preocupação dos fãs em relação à química entre os atores é dissipada nos primeiros minutos. Em um sincronizado pas de deux, Dakota e Dornan provam que mereciam os papeis e mostram desenvoltura no jogo de falas, olhares e, o mais importante, na pegação. Destaque para a cena em que Anastasia leva o tal contrato para uma reunião de negócios na empresa de Dornan. A fotografia com iluminação avermelhada cria o tom certo para a conversa para lá de sexual da dupla. Momentos raros que fazem valer a pena o valor do ingresso, que, com certeza, muitos farão questão de pagar.

Fonte: veja.abril.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir