Categoria Geral  Noticia Atualizada em 12-02-2015

Filho procura pai desaparecido em explosão de navio no ES
Acidente em navio-plataforma deixou 5 mortos e 4 desaparecidos. Pai de Alex Mateus estava no navio e ainda não foi localizado.
Filho procura pai desaparecido em explosão de navio no ES
Foto: g1.globo.com

O pai do jovem Alex Mateus está entre os trabalhadores desaparecidos após a explosão na casa de bombas do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, que presta serviços para a Petrobras. O acidente aconteceu por volta das 12h50 desta quarta-feira (11) no litoral do Espirito Santo. Na manhã desta quinta-feira (12), o rapaz esteve em um dos hoteis que recebe trabalhadores e familiares de vítimas do acidente. "A informação que a gente teve da empresa foi de que ele estava entre os desaparecidos", disse.

A explosão no navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus deixou, até a manhã desta quinta-feira, cinco mortos, 14 pessoas hospitalizadas e quatro desaparecidas. A embarcação é operada pela BW Offshore e afretada (contratada) pela Petrobras. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), 74 pessoas estavam no navio-plataforma e 25 ficaram feridas. Não houve vazamento de óleo no mar. Dos feridos, oito foram internados no Vitória Apart Hospital e dois, no Hospital Metropolitano, ambos na Serra, Grande Vitória. Os demais trabalhadores foram resgatados e levados para um hotel em Vitória.
(O G1 acompanha em tempo real o resgate das vítimas)
Alex esteve no Hotel Bristol, em Vitória, na manhã desta quinta-feira (12). O local está recebendo os trabalhadores já resgatados e também familiares das vítimas. Segundo o rapaz, o pai havia acabado de voltar das férias e embarcou no navio-plataforma no mesmo dia do acidente. "Ele estava de férias, embarcou ontem e infelizmente veio a ocorrer aquele acidente à tarde. Depois que ele chegou lá, ele entrou em contato com a gente, disse que estava tudo tranquilo, como em um dia normal, e a informação que a gente teve à noite, da empresa, foi de que ele estava entre os desaparecidos", contou Alex.
BW Offshore
Após a explosão do navio-plataforma, todos os funcionários foram retirados da embarcação, segundo informou a BW Offshore Brasil. A empresa é a responsável pela operação do navio que prestava serviço para a Petrobras. Os parentes das vítimas foram informados e os funcionários estão sendo atendidos por uma equipe de apoio montada pela BW Offshore Brasil. Além disso, a produção foi paralisada e a unidade fechada.
O navio FPSO opera nos campos de Camarupim e Camarupim Norte no litoral do Espírito Santo a aproximadamente 120km da costa. "É um dia trágico para nós, nosso foco é nos funcionários e suas famílias. Não vamos descansar enquanto não encontrarmos os quatro desaparecidos. Somos gratos à Petrobras e às autoridades brasileiras pelo esforço incansável e gostaríamos de agradecer o apoio deles nesse momento", diz Carl Arnet, CEO da BW Offshore.
Marinha
Em nota, a Marinha do Brasil informou que está empregando três navios (uma Corveta e dois Navios-Patrulha), três aeronaves (duas no aeroporto de Vitória e uma a bordo da Corveta) e cerca de 400 homens para controlar a área marítima, evitar eventuais riscos à navegação e contribuir para eventuais resgates na região.

As tripulações das duas aeronaves da Marinha que transportaram bombeiros militares para a plataforma na noite desta quarta-feira (11) permanecerão em alerta, prontas para decolar e prestar apoio quando necessário, segundo informou a nota.
Mortes
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) informou, na manhã desta quinta-feira, que dois corpos foram encontrados na sala de máquinas do navio-plataforma. Agora, o número de mortes no acidente subiu para cinco, sendo que quatro pessoas continuam desaparecidas e 14 feridos foram internados em dois hospitais da Serra, cidade da região metropolitana de Vitória. Procurada pelo G1, a BW Offshore, empresa que administra o navio, confirmou, em nota, o total de mortos. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e para o Corpo de Bombeiros informaram que não vão se manifestar.
Feridos
O Vitória Apart Hospital recebeu 12 feridos. Até as 15h desta quinta-feira, cinco deles já haviam sido liberados e agora terão acompanhamento ambulatorial. Dos sete pacientes que permanecem internados, seis encontram-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Desses, três pacientes estão em estado mais crítico, embora estáveis, e seguem em tratamento especializado sob cuidados de uma equipe multidisciplinar. Os outros três pacientes continuam em observação, com quadro clínico estável. Uma paciente está em observação, finalizando exames para definição da conduta médica a ser adotada.
O diretor do Vitória Apart explicou que, entre as pessoas que estão em estado grave, um é filipino. "O paciente filipino foi o único que chegou ao hospital sedado, os outros chegaram conscientes. Os que têm ferimentos mais leves não estão recebendo menos atenção, pois ainda podem aparecer traumas. Soubemos que um dos feridos ficou preso em um elevador e inalou muita fumaça, o que foi bastante prejudicial", disse.
Outros dois feridos foram encaminhados para o Hospital Metropolitano. A assessoria da BW Offshore informou que um dos pacientes que estava no Metropolitano recebeu alta na manhã desta quinta-feira. Já o segundo paciente continua no internado no hospital e o estado de saúde dele é estável, sem previsão de alta.

A unidade informou que a Petrobras não autorizou a divulgação dos nomes dos pacientes. Os familiares de feridos que estão no hospital estão sendo atendidos por assistentes sociais.
Buscas
Uma equipe de nove bombeiros foi enviada, na noite desta quarta-feira, para o navio-plataforma para buscar as pessoas que estão desaparecidas. O grupo de resgate em ambiente fechado foi ao local em dois helicópteros da Marinha para procurar dentro da embarcação.
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a suspeita dos bombeiros é que os funcionários estejam isolados em alguma sala não atingida pela explosão e que não tenham uma forma de se comunicar. O navio-plataforma está sem iluminação, o que tornaria ainda mais difícil a tarefa dos desaparecidos de sair de onde estão.
O navio-plataforma está sem iluminação, o que dificulta o resgate. Por conta disso, os bombeiros utilizariam lanternas dos capacetes e de mão para auxiliar nos trabalhos.
Dentre os equipamentos levados para auxiliar no resgate, está o conjunto de respiração autônomo, com oxigênio, necessário em ambientes confinados. Cada bombeiro conta, ainda, com equipamentos individuais de proteção, incluindo os necessários para rapel. Eles também estão equipados com macas rígidas e outras articuladas, que garantem mais flexibilidade para resgate em locais apertados.
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) informou que três pessoas da Brigada de Incêndio da plataforma iniciaram as bucas antes da chegada dos bombeiros.
Ibama
A coordenadora geral de emergências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirillo, informou que não há evidências de poluição ou quaisquer danos ambientais após a explosão do navio-plataforma em Aracruz. Mesmo assim, o Ibama vai realizar um sobrevoo no local, junto à Petrobrás, para avaliar a situação.

Petrobras
O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado (contratado) pela Petrobras, que confirmou o número de vítimas e informou que havia 74 pessoas embarcadas no total – mas não especificou quantas trabalham para a petroleira.
"A unidade opera, desde junho de 2009, no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, no litoral do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa", afirma o texto.
A plataforma, que armazena e produz petróleo e gás, tem foco maior na produção de gás. Segundo a ANP, sua produção é de 2,250 milhões de metros cúbicos de gás/dia e 350 metros cúbicos de óleo/dia.
O FPSO Cidade de São Mateus foi o primeiro para gás instalado no Brasil. O contrato entrou em vigor em 2009 e tem duração até 2018.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, comentou nesta tarde o acidente: "A diretora de Abastecimento e Gás [da Petrobras] já se deslocou até o local, estamos esperando um relatório do ocorrido. Mas quero desde já, em nome do governo federal, prestar condolências aos familiares das vítimas e pedir a Deus que aqueles que foram feridos tenham o pronto restabelecimento."
O ministro disse que estava com a presidente Dilma Rousseff quando recebeu a notícia da explosão na plataforma. "A presidente lamentou muito e ficou muito sentida porque, afinal de contas, houve perda de vidas humanas", disse Braga.

Investigações
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), informou que tomou conhecimento da explosão na plataforma e encaminhou um navio e duas aeronaves para a área, "com a prioridade inicial de realizar a evacuação de pessoal e remover as vítimas para os hospitais da Grande Vitória".
A CPES diz ainda que será aberto um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e responsabilidades pelo ocorrido na plataforma. "O prazo para a conclusão do inquérito é de 90 dias", diz a nota.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir