Categoria Geral  Noticia Atualizada em 25-02-2015

Luz e educação inflam prévia da inflação
Prévia da inflação oficial no país já subiu 1,33% neste mês, maior alta desde 2003. Na Grande BH, variação foi de 1,28%
Luz e educação inflam prévia da inflação
Foto:

Prévia da inflação oficial do país, o Índice Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 1,33% em fevereiro, maior variação em 12 anos, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro de 2003, o indicador havia registrado alta de 2,19%. A alta foi expressiva na comparação com janeiro, quando o índice alcançou 0,89%, e na comparação com fevereiro de 2014, período em que o custo de vida no país, medido pelo IPCA-15, foi de 0,70%.

Retrato das despesas das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, o IPCA-15 é apurado entre o dia 15 de um mês e a mesma data do mês seguinte. O resultado de fevereiro ficou acima da expectativa dos analistas de mercado. "Surpreendeu. Estávamos esperando alta de 1,22%", afirmou a economista e sócia da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro. A estimativa da especialista para o mês está em 1,05%, com viés de alta.

No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 atingiu 7,36%, portanto superando o limite de 6,5% ao ano previsto pelo governo para a meta de inflação. É a primeira vez desde outubro de 2011 que o IPCA-15 fica acima de 7%. Não à toa, especialistas preveem pressão maior nos preços nos próximos meses. O Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores para 2015, divulgado também ontem pela Fundação Getulio Vargas, passou de 7,2% para 7,9% entre janeiro e fevereiro.

O gasto com energia elétrica neste mês foi o maior vilão do IPCA-15. O consumidor pagou contas remarcadas em 7,7% , com impacto de 0,23 ponto percentual na alta geral do índice. As despesas com educação sofreram reajuste de 5,89%, ante 0,30%, em janeiro. No período analisado, os custos com transportes, puxados principalmente pelo recente aumento nos preços dos combustíveis, passou de 0,75% para 1,98%. A elevação do IPCA-15 foi de 1,28% na Grande Belo Horizonte, depois do reajuste de 0,72% em janeiro.

A expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decida novo aumento, em março, da taxa básica de juros, a Selic. Se o aperto for de 0,50 ponto percentual, a Selic chegará a 12,75% ao ano. Para a reunião de abril, aumentam as apostas de mais uma elevação de 0,50 ponto, de acordo com Alessandra Ribeiro. O chefe de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, também projeta alta de 0,50 em março. Ele demonstra preocupação com a pressão dos preços e acredita que o BC ficará "extremamente vigilante em relação à inflação".

PRESSíO CONTINUA O economista Etore Sanchez, da LCA Consultores, que prevê alta de 7,5% no IPCA deste ano, trabalha com a perspectiva de expressiva alta do custo de vida nos próximos meses. "A tendência é de que os preços continuem pressionando a inflação porque há mais aumentos por vir", destacou. "Este ano haverá uma inversão. O indicador (de inflação) será mais pressionado pelos preços administrados, em vez dos preços livres", disse. Pelas contas do economista, a variação desse grupo de despesas passará de 5,3%, em 2014 para 12,32%, neste ano. Já o comportamento dos preços livres, para o analista, sofrerá um recuo de 6,8%, no ano passado, para 6,18%, em 2015.

Alessandra Ribeiro, da Tendências, estima que a alta dos preços de energia neste ano será de 46%. Segundo ela, a consultoria prevê queda de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, sem considerar o impacto de eventual racionamento de energia. "Se isso ocorrer, a economia deverá encolher 2%", estima. Na perspectiva traçada pela economista, a taxa de desemprego deve subir para 6,3% neste ano e a renda real do brasileiro deverá apresentar crescimento de apenas 0,2%, frente à evolução de 2,8% em 2014.

A Tendências, por enquanto, prevê alta de 7,3% na inflação deste ano, em linha com a mediana das estimativas do mercado compiladas pelo relatório Focus desta semana, que representa consulta feita pelo BC ao setor financeiro. Os analistas Alessandra Ribeiro e Etore Sanchez destacam, ainda, que a valorização do dólar frente ao real já está começando a afetar preços de eletrodomésticos e eletrônicos, que tem componentes importados e, por isso, dependem da variação cambial.

Fonte: www.em.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir