Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-03-2015

Vinte anos sem Renato Russo, em 2016, motivam mostra no MIS
Na cama, a colcha é a mesma. Nas estantes, a ordem alfabética dos CDs segue intocada. Na gaveta da escrivaninha, os óculos de grau estão à mão. Os relógios de ponteiros parados também denunciam que o tempo parou no apartamento em Ipanema onde Renato Russo
Vinte anos sem Renato Russo, em 2016, motivam mostra no MIS

A partir dessa semana, a casa vai se movimentar: é quando chegarão os técnicos do Museu da Imagem e do Som (MIS) paulistano, onde está sendo gestada para 2017 uma grande exposição sobre o cantor e compositor da Legião Urbana, cuja morte completa vinte anos em 2016. A data motiva também outro projeto: um filme baseado na música Eduardo e Mônica, um dos hinos da banda, pensado na esteira do sucesso de Faroeste Caboclo, de 2013. A estreia é estimada para setembro do ano que vem.
A mostra, que terá curadoria de André Sturm, diretor do MIS, nasce ambiciosa. A ideia é superar o impacto da exposição sobre David Bowie, que levou mais de mil pessoas por dia à instituição, um ano atrás - foi o recorde de lotação da casa. Sturm visitou o apartamento de Renato e ficou impressionado com o fato de quase nada ter sido mexido desde a partida dele, em decorrência da aids, no dia 11 de outubro de 1996, aos 36 anos.
"No meu sonho, queria reproduzir aquele quarto. É espartano, fiquei surpreso. Tem que ser algo grandioso, que ofereça experiências sensoriais, coloque as pessoas dentro da casa dele", promete. "Queremos mostrar coisas inéditas, mostrar a vida pessoal, da qual ninguém faz ideia."
Quem propôs o projeto a Sturm foi Giuliano Manfredini, filho de Renato. Impactado pela exposição de Bowie, ele vislumbrou uma homenagem mais abrangente e com mais recursos do que a montada em 2004 no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília pela irmã de Renato, a cantora Carmem Manfredini.
A opção à época foi por revelar seu processo de trabalho e a relação com os companheiros de Legião, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, e destacar o papel de Brasília na formação de Renato: carioca, ele morou na capital federal na adolescência, e nela formou a banda. Agora serão reveladas peças de teatro inéditas de Renato, desenhos, cerca de 20 letras de músicas nunca gravadas, diários e o super eclético gosto musical e literário: entre os livros, de coleções de enciclopédias a best-sellers; nas prateleiras de CDs e LPs, alinham-se Menudos, música caipira e orquestras sinfônicas.
"Meu pai queria um curador para a obra dele e guardou tudo porque queria que fosse divulgado. Ele tem a importância de um Tom Jobim, um Noel Rosa para as gerações mais antigas. Mas quero mostrar o homem por trás do mito", disse Giuliano, que recebeu a reportagem no apartamento de Ipanema, mantido fechado por dona Carminha, mãe de Renato. "Não deixei ninguém mexer. Faz anos que não entro, não consigo, fantasio que meu filho está numa excursão. Até pensei em atender pedidos de fãs de ver as coisas dele, mas ia dar muita confusão", conta a professora aposentada. Ela lembra que o filho previa que sua obra transcenderia sua vida. "O Junior compunha e não datava. Dizia: "não precisa, minhas músicas são atemporais, daqui a 50 anos vão cantar Que país é esse?""
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: br.noticias.yahoo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir