Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-03-2015

"Paz está restabelecida", diz diretora do maior presídio do
Sistema prisional passou por 8 dias de motins; 14 presídios foram alvos. Força Nacional e BPChoque entraram em Alcaçuz na manhã desta 5ª.

Foto: g1.globo.com

Policiais da Força Nacional, do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais da PM entraram na Penitenciária Estadual de Alcaçuz na manhã desta quinta-feira (19). A unidade, a maior do sistema prisional potiguar, fica em Nísia Floresta, na Grande Natal. O objetivo é a realização de uma revista para garantir que não há mais barras de ferro ou armas improvisadas. A série de rebeliões em unidades prisionais do estado durou oito dias e terminou nesta quarta-feira (18), após uma negociação entre os presos e Justiça, Ministério Público e Comissão de Direitos Humanos.

Das 33 unidades prisionais do estado, 14 foram alvos de motins. De acordo com a diretora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Dinorá Simas, "a paz está restabelecida".

Na manhã desta quarta (18), em Alcaçuz, a operação recebeu apoio do helicóptero Potiguar 1, aeronave da Secretaria Estadual de Segurança, de um helicóptero da Força Nacional e de uma ambulância da Polícia Militar. A intervenção teve início por volta das 6h.
Leonardo Freire, coordenador da Administração Penitenciária (Coape), afirmou que a situação está sob controle. "A Força Nacional e a PM estão nos pavilhões controlando a situação. A questão da revista também está sendo feita. Tudo de irregular está sendo retirado. Ao mesmo tempo, estão analisando a possibilidade de algumas transferências para que possamos começar a reconstrução", disse.

O coordenador ainda afirmou que os presos perceberam que eles não estão no controle. "A Coape vai gerenciar a reconstrução, transferências e a parte administrativa, precisamos de mais agentes. Preso tem que ser tratado com respeito, mas o presídio não é jardim de infância. As reivindicações dos presos serão apuradas, mas coisas sobre a direção não procedem", afirmou.
De acordo com a diretora de Alcaçuz, os presos estão na quadra da unidade prisional. "Os presos já estão todos na quadra. Estão retirando o entulho de dentro do presídio para realizar a revista", disse Dinorá Simas, diretora da unidade.

Onda de rebeliões
A onda de rebeliões no sistema penitenciário potiguar começou na última quarta-feira (11) e atingiu 14 das 33 unidades prisionais do estado. A crise no sistema prisional do estado levou à exoneração do secretário estadual de Justiça e Cidadania, Zaidem Heronildes da Silva Filho, e o governo decretou situação de calamidade no sistema prisional. Segundo o Ministério Público, a população carcerária no Rio Grande do Norte é de aproximadamente 7.650 pessoas, mas o Estado tem cerca de 4 mil vagas.


Na Zona Norte de Natal, quatro unidades registraram rebeliões: Centro de Detenção Provisória de Potengi, Complexo Prisional João Chaves, Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato e Centro de Detenção Provisória da Zona Norte (CDP).

Também aconteceram revoltas no Centro de Detenção Provisória da Ribeira, na Zona Leste de Natal; na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta; no Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga, também em Nísia Floresta; e na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), em Parnamirim.

No interior foram registradas revoltas na Penitenciária Agrícola Mário Negócio, em Mossoró; na Cadeia Pública de Mossoró; no Centro de Detenção Provisória de São Paulo do Potengi, na região Agreste; na Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, em Caicó; na Cadeia Pública de Caraúbas; e na Cadeia Pública de Nova Cruz.

Além de unidades prisionais, a onda de rebeliões atingiu o Centro Educacional (Ceduc) de Caicó, na região Seridó. De acordo com a PM, 25 menores infratores mantiveram quatro educadores reféns na noite desta terça (17). A PM invadiu o local e libertou as vítimas na manhã desta quarta (18).

Ataques a ônibus
Quatro ônibus foram incendiados na noite de segunda-feira (16) na capital potiguar e a Secretaria de Segurança acredita que a ordem para os ataques tenha partido de dentro dos presídios. A PM registrou quatro ocorrências nos mesmos moldes. De acordo com os policiais militares, criminosos ordenaram que funcionários e passageiros deixassem os veículos e atearam fogo nos ônibus. Um carro da PM também foi incendiado dentro de uma oficina na Zona Oeste de Natal.

A cena se repetiu no bairro Petrópolis, na Zona Leste; no conjunto Vale Dourado, na Zona Norte; no bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana; e em Parnamirim, também na Grande Natal. Durante a noite, um carro da Polícia Militar do Rio Grande do Norte foi incendiado dentro de uma oficina na avenida Amintas Barros, no bairro do Bom Pastor, na Zona Oeste de Natal.

Os ataques levaram as empresas de ônibus a recolher a frota de veículos mais cedo. Algumas escolas de Natal decidiram suspender as aulas nesta terça-feira (17).

Força Nacional
A Força Nacional enviou 215 militares para reforçar a segurança após a onda de rebeliões no sistema prisional do Rio Grande do Norte. Os militares começaram a chegar durante a manhã de terça (17), quando 79 homens desembarcaram na Base Aérea de Natal. Durante a tarde, grupos de 51 e 25 policiais chegaram em voos separados. Os outros 60 integrantes da Força Nacional chegaram de Maceió em 25 carros que serão usados no reforço da segurança do Rio Grande do Norte.

A Sesed também recebeu reforço de dois helicópteros para as missões de patrulhamento no Rio Grande do Norte. Somados ao Potiguar 1, as aeronaves da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional chegaram a Natal após o decreto de calamidade no sistema prisional do estado.

Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta, a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, (Senasp/MJ), Regina Miki, afirmou que não há prazo para a permanência dos homens da Força Nacional no estado e, se houver necessidade, será enviado mais efetivo. "Nós somos mais fortes que o crime organizado", disse.

Reinvidicações
Uma TV e um ventilador em cada uma das celas, roupas e tênis para jogar bola na quadra e material de artesanato foram reivindicados pelos detentos do presídio estadual Rogério Coutinho, em Nísia Floresta, na Grande Natal. Os pedidos dos presos estavam em uma carta obtida com exclusividade pelo G1.

Além da carta, detentos gravaram vídeos em que fizeram uma série de exigências, como a saída da diretora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Dinorá Simas (veja abaixo).
A Secretaria de Segurança Pública descartou negociações com os detentos. Segundo o Ministério Público, a população carcerária no Rio Grande do Norte é de aproximadamente 7.650 pessoas, mas o Estado tem cerca de 4 mil vagas.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir