Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-04-2015

Até onde Eduardo Cunha pode chegar?
Terceiro deputado federal mais votado no Estado do Rio de Janeiro, o carioca Eduardo Cunha tornou-se presidente da Câmara dos Deputados e vem mantendo embates com o governo federal e a presidente Dilma Rousseff.
Até onde Eduardo Cunha pode chegar?
Foto: bbc.co.uk

Sob as bandeiras de maior independência do Congresso e divergência em medidas importantes, como a reforma política, ele tem garantido mais poder ao seu partido, o PMDB. Mas até onde ele pode chegar? Quais são suas ambições, e como aliados e analistas veem suas chances?

A BBC Brasil conversou com deputados estaduais com quem ele fez "dobradinhas", seu coordenador de campanha e cientistas políticos, além do próprio Cunha, para tentar dimensionar onde o recém-conquistado protagonismo na política nacional pode levar o peemedebista.
Após eleger-se deputado estadual pelo PPB, em 2001, no Rio de Janeiro, Cunha obteve seu primeiro mandato em Brasília, na Câmara, em 2002, e agora dá início ao quarto mandato na Casa, após ter sido líder do PMDB em legislaturas anteriores.

Com a crise política, a baixa popularidade de Dilma, a operação Lava Jato, pedidos de impeachment e o agravamento das tensões entre PT e PMDB, ele vem aproveitando o cenário para conquistar maior autonomia a sua legenda, o que aumenta as especulações sobre uma candidatura própria peemedebista ao Planalto em 2018 e o possível nome de Cunha para encabeçar a chapa.

Leia mais: Quem manda mais no presidencialismo: presidente ou Congresso?
Para os analistas, é difícil prever os rumos que sua trajetória pode tomar. Há os que acreditam que ele tenha tais pretensões e chances reais de se tornar presidente da República. Mas há os que descartam essa possibilidade, citando o fato de ele nunca ter ocupado cargos de eleição majoritária (prefeito, governador) e sua propensão a ser um político de bastidores - e que talvez faria mais sentido que viesse a ocupar a presidência do PMDB, por exemplo.

Evangélico e conservador, Cunha é contra o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de se opôr à adoção de crianças por casais gays e à descriminalização da maconha. A agenda tem sido crucial para suas votações no Rio de Janeiro e é parte das polêmicas que vêm tornando seu nome mais conhecido em todo o país - seja em manifestações de apoio ou em protestos de quem discorda de suas visões.
Ambições presidenciais?
O Pastor Paulo Júnior, da Assembleia de Deus de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, que coordenou a campanha de Cunha e trabalha em seu escritório parlamentar, acredita ser "questão de pouquíssimo tempo" até que o Brasil tenha seu primeiro presidente evangélico.

"Nesta última eleição, tivemos o candidato Pastor Everaldo, que não fez muito sucesso por conta da entrada da Marina Silva, também evangélica, o que mostra que a presença está aumentando. Os evangélicos estão mais politizados, mais influentes, e é inevitável que tenhamos um evangélico no Planalto", disse.

Questionado se este evangélico seria o deputado federal Eduardo Cunha, foi reticente. "Não é algo tão simples. Isso depende muito do partido, do perfil. Ele nunca foi prefeito, nem governador. Se eu gostaria que ele fosse presidente? Não posso afirmar isso, não cabe a mim."

Para o cientista político Antonio Lavareda, especialista em pesquisas eleitorais, no entanto, pode haver chances reais de Cunha tornar-se presidente.

Ele explica que num eventual processo de impeachment de Dilma Rousseff a 24 meses e um dia do fim do mandato, se fosse provado que houve problema com as finanças da campanha presidencial, toda a chapa eleita teria que sair, incluindo o vice-presidente Michel Temer (PMDB), e o novo líder seria eleito de forma indireta, pelo Congresso. "Assim manda a Constituição, e no caso de um pleito indireto, Cunha seria imbatível", diz.

Fonte: bbc.co.uk
 
Por:  Ludyanna Ferreira    |      Imprimir