Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-04-2015

Brasil não atinge 4 de 6 metas da Unesco para a educação
Levantamento avaliou a situação em 164 países. Ministério da Educação diz que não concorda com a metodologia usada no relatório.
Brasil não atinge 4 de 6 metas da Unesco para a educação
Foto: g1.globo.com

Um indicador preocupante: em 15 anos, o Brasil só conseguiu cumprir duas das seis metas da Unesco na área de educação. O levantamento avaliou a situação em 164 países. Há muitos desafios a enfrentar, o principal é a qualidade do ensino.
É um retrato difícil, mas o governo está brigando com os números usados pela Unesco. O Ministério da Educação diz que não concorda com a metodologia usada no relatório da Unesco. Foi o único país da América Latina a discordar. Entre os compromissos não cumpridos estão a redução do número de adultos analfabetos e a melhoria da qualidade de ensino.
Como o Ailton da Conceição tem vários pelo país: "Na verdade eu tinha terminando a oitava série, e parei. Fiquei dois anos, voltei, fiz o primeiro, parei", conta o atendente.
Aos 24 anos ele retomou os estudos. Cleonice dos Santos Souza, de 46 anos, também. Os dois juram que agora vão terminar. "Parei de estudar porque tinha que trabalhar e não estava conseguindo conciliar as duas coisas", lembra a estudante.
O relatório da Unesco mostra que, de fato, 3 milhões de alunos, do ano 2000 para cá, voltaram para a escola. Mas aponta que a educação é deficiente e as taxas de abandono altas.
Segundo a Unesco, a profissionalização no Ensino Médio seria uma saída para manter jovens e adultos estudando. Estava dentro da meta a ser atingida.
O professor de uma escola de Brasília também acha que seria o caminho, hoje, muito distante. "A gente não tem nem estrutura física nem verba para implementar ou realizar esta almejada profissionalização", ressalta Jaime Colares Filho.
O Brasil também não conseguiu cumprir a meta de redução da quantidade de adultos analfabetos. Hoje, segundo dados mais recentes, 8,7% dessa população não consegue nem ler nem escrever.
Para o especialista Daniel Cara, isso é muito grave. "Hoje a gente tem cerca de 13 milhões de brasileiros que são analfabetos. É um número altíssimo, mesmo para a região latino-americana, e algo que o governo precisa tratar como uma agenda central. Os governos brasileiros há muitos anos colocam educação de jovens e adultos como uma pauta de segunda categoria", analisa.
É o que pensa também a Unesco, que vê ainda problemas na primeira infância. Faltam por exemplo creches no país. A Unesco reconhece que o Brasil avançou, só que não atingiu o compromisso de melhorar a qualidade. Proporcionou escola do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental com praticamente a mesma quantidade de meninas e meninos matriculados, mas com professores muitas vezes despreparados.
Do total de seis metas, segundo a Unesco, o Brasil cumpriu só duas nesses últimos 15 anos.
Para o governo o importante é que houve melhora. "O país teve um despertar tardio para a educação. Então agora, por mais que a gente corra, sempre há algo a atingir", ressalta o presidente do Inep, Chico Soares.
Só não é possível comparar com outros países. A Unesco fez um ranking para medir os avanços, mas o Brasil não entrou . A explicação é que o Ministério da Educação não concorda com a metodologia usada no relatório, discordância que não houve em nenhum país da América Latina.
Para a Unesco, a educação no mundo todo tem que ter mais dinheiro. Mas o Brasil precisa mais do que tudo, de uma boa gestão dos recursos. "A gente tem que planejar melhor para aplicar melhor os recursos, evitar desperdícios, estabelecer prioridades e poder alocar os recursos onde são mais necessários", completa a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otelo.
Em maio, os 164 países voltam a se reunir, na Coreia, para rediscutir novas metas e pensar em novos desafios até 2030. Até lá tem muito o que se fazer na pátria educadora.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ludyanna Ferreira    |      Imprimir