Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-04-2015

Incêndio em Santos prejudica exportações
O incêndio que atingiu durante nove dias o terminal de combustíveis da Ultracargo, no distrito industrial de Alemoa, em Santos, gerou prejuízos para empresas que dependem da atividade portuária para importar ou exportar mercadorias. Por medidas de seguran
Incêndio em Santos prejudica exportações

Empresário do setor e professor da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Fundação Santo André, José Robinson Paiuca estima que os prejuízos causados pelo atraso no embarque de mercadorias chegava ontem a quase R$ 100 milhões, valor que deverá aumentar ainda mais até que o fluxo no terminal marítimo seja normalizado. "Descem ao porto cerca de 5.000 caminhões por dia. Considerando que o preço do frete é a partir de R$ 500, em dez dias as empresas perdem pelo menos R$ 25 milhões com as entregas não realizadas."

Além disso, Paiuca, que é especialista em Logística, acrescenta que há os gastos com o chamado demurrage – multa paga pelo contratante de um navio quando os procedimentos de embarque ou descarga demoram mais do que o previsto em contrato. Segundo o professor, a sobre-estadia custa à empresa de US$ 30 mil a US$ 50 mil por dia (entre R$ 90 mil e R$ 155 mil, considerando o dólar a R$ 3,07). "Esses atrasos provocam um efeito dominó. No final das contas, o prejuízo chegará a US$ 20 milhões (R$ 61,4 milhões), aproximadamente." As perdas ficam ainda maiores em caso de multas aplicadas pelas importadoras em razão do não cumprimento de prazos.

Para o professor Jeferson dos Santos, da Faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista, o setor de comércio exterior deverá ter ainda mais problemas futuramente, mesmo depois de normalizada a situação no Porto de Santos – o maior da América Latina. "Isso porque esse fato implica quebra da confiança internacional. As empresas daqui perdem competitividade lá fora, pois os empresários e investidores de outros países ficam receosos em relação ao mercado brasileiro. É uma visão negativa que passamos, de falta de planejamento e infraestrutura."

Segundo Santos, o problema no planejamento se dá pelo fato de o terminal de cargas perigosas, na Alemoa, ficar exatamente ao lado do acesso ao porto. "A ideia era fazer com que esse terminal ficasse longe do porto, pois, em caso de acidente, não afetaria as operações de embarque e desembarque." O professor fala em "fragilidade do sistema" e argumenta que, em caso de emergências, não há um plano alternativo. "Somos dependentes das rodovias", acrescenta.

Paiuca estima que o movimento no porto deverá ser normalizado somente daqui a um mês. "Como consequência disso, os próximos levantamentos deverão mostrar impacto na balança comercial do País", salienta Maskio.

Empresários da região também sentiram as consequências do incêndio, mas afirmam que ainda não é possível mensurar as perdas específicas para o Grande ABC. "Há problemas de prazos, além do dinheiro perdido com os caminhões que foram enviados ao porto e estão parados lá", comenta o vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Anuar Dequech Júnior. William Pesinato, do Ciesp de São Caetano, reconhece que as perdas são grandes, mas pondera que "não dá para culpar ninguém" e julga prudente a decisão de restringir o acesso. "É uma questão de segurança."

LIBERAÇíO - O tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, comandante da Polícia Rodoviária no Sistema Anchieta-Imigrantes, informa que o tráfego de caminhões pelo Viaduto da Alemoa em direção à margem direita do porto deverá ser liberado nas primeiras horas do dia, conforme as equipes do Corpo de Bombeiros forem retirando os materiais utilizados no combate ao fogo.

Segundo o governo do Estado, até amanhã, cerca de 140 bombeiros permanecerão no local para realizar trabalho de monitoramento térmico dos tanques de combustível.

Fonte: www.dgabc.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir