Categoria Politica  Noticia Atualizada em 23-06-2009

Sarney pede voto de confiança
DEFESA Sarney se defendeu dizendo que está adotando as medidas administrativas para punir culpados
Sarney pede voto de confiança
Foto: Roosewelt Pinheiro - Abr

Senadores da base aliada e de oposição criticaram ontem abertamente o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) e propuseram o seu afastamento do cargo, entre outras cobranças feitas por 9 dos 11 senadores que estavam no plenário. Da tribuna, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu que Sarney tire licença da presidência por 60 dias, até que sejam apuradas as denúncias de irregularidades nos 650 atos secretos editados nos últimos 14 anos.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) concordou com Cristovam, pediu a prisão do ex-diretor-geral Agaciel Maia e disse que há muitos senadores por trás dos atos secretos do Senado.

Sarney se defendeu dizendo que está adotando as medidas administrativas para punir os culpados. "Cada um tem seu temperamento. Não fico jogando fogos de artifício. Ninguém vai acobertar ninguém", afirmou.

Gaguejando, Sarney ainda passou pelo constrangimento de ser obrigado a dar explicações sobre denúncia de que o mordomo de sua filha e governadora do Maranhão, Roseana Sarney, é funcionário de carreira do Senado e receber R$ 12 mil mensais. "É uma inverdade. O Senado nunca pagou nenhum mordomo, a senadora não mora em Brasília e a casa aqui não está sendo habitada por ela", disse o presidente, segundo quem Amauri Machado "é chofer do Senado há 25 anos".

Em carta ao jornal ‘O Estado de S.Paulo’, enviada no sábado, Roseana fez "algumas considerações", mas não desmentiu a reportagem.

Sarney pediu um voto de confiança da Casa e garantiu que "os defeitos e a vulnerabilidade imensa" do Senado serão corrigidos. Não convenceu. "O problema é que a velocidade que o presidente Sarney está fazendo as coisas é lenta e é menor do que a exigida pela opinião pública", disse Cristovam Buarque.

Quando ele subiu à tribuna para sugerir o afastamento de Sarney, o plenário da Casa estava praticamente vazio e o próprio presidente já havia passado o comando da sessão ao senador Mão Santa (PMDB-PI).

Com um discurso duro, o líder do PSDB, Arthur Virgilio Neto, repetiu, pelo menos três vezes, que é mais importante a "instituição Senado Federal sobreviver à crise" do que Sarney "sobreviver na presidência". Ao pedir a cabeça do ex-diretores Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi e do atual diretor-geral Alexandre Gazineo, o senador tucano deixou claro que Sarney precisa se livrar "dessa camarilha, dessa quadrilha" para se manter no cargo.

E sugeriu que também os senadores envolvidos com os "bandidos" também sejam responsabilizados e punidos. "Vamos ter que cortar na carne e, se necessário, decepando mandatos de senadores e funcionários", disse Virgilio.

Ao longo de mais de duas horas de discurso e apartes, Virgilio teve o apoio da maioria dos senadores. Até o aliado de Sarney e líder do DEM, José Agripino Maia (RN), concordou que o Senado "está vivendo um festival de suspeitas e suspeições" e fixou prazo para que a crise seja resolvida: "Isso tem que acabar esta semana, presidente Sarney."

Na mesma linha, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que o Senado está "no fundo do poço e que alguma coisa precisa ser feita".

Virgilio decidiu ir à tribuna do Senado para avisar das suspeitas de que estaria sendo "chantageado" pelo grupo de Agaciel Maia. Segundo o tucano, o ex-diretor teria espalhado informações de que ele empregaria o professor de jiu-jitsu em seu gabinete em Manaus, ter usado recursos do Senado para custear viagem particular à França e ter pago tratamento de sua mãe com dinheiro do Senado.

Sarney pede voto de confiança
DEFESA Sarney se defendeu dizendo que está adotando as medidas administrativas para punir culpados

Fonte: www.odiariodemogi.inf.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir