Categoria Música  Noticia Atualizada em 28-08-2007

ENTREVISTA: Within Temptation planeja tocar no Brasil
Em entrevista exclusiva para a Rock Brigade, Sharon den Adel, vocalista do WITHIN TEMPTATION, falou sobre o novo disco da banda e planos de tocar no Brasil.
ENTREVISTA: Within Temptation planeja tocar no Brasil
Foto: whiplash.net

Em entrevista exclusiva para a Rock Brigade, Sharon den Adel, vocalista do WITHIN TEMPTATION, falou sobre o novo disco da banda, "The Heart Of Everything", e sobre a primeira tour americana da banda [batizada de "Hottest Chicks Of Metal Tour", que reuniu, além do Within Temptation, outras bandas com mulheres nos vocais, como Lacuna Coil, In This Moment e Stolen Babies], entre muitos outros assuntos.


Tenho que admitir: não foi tarefa das mais fáceis entrevistar Sharon den Adel, a bela vocalista de cabelos pretos do Within Temptation. Afinal, sua imensa beleza fica quase em segundo plano diante de sua inteligência e de sua imensa personalidade. Em suma, é uma mulher encantadora. Mas, já com o gravador ligado, é hora de deixar isso de lado e encarar o trabalho. Nessa conversa exclusiva para a Rock Brigade, Sharon falou sobre o novo disco da banda, The Heart Of Everything, e sobre a primeira tour americana da banda, entre muitos outros assuntos.

ROCK BRIGADE – Vocês recentemente tocaram pela primeira vez nos EUA [os shows aconteceram entre maio e junho, parte da Hottest Chicks Of Metal Tour, que reuniu, além do Within Temptation, outras bandas com mulheres nos vocais, como Lacuna Coil, In This Moment e Stolen Babies]. Os shows foram como vocês esperavam?
SHARON DEN ADEL – Na verdade, a gente nem sabia o que esperar... Quando você vem para um país tão grande como os EUA, não imagina que haja tanta gente que te conheça, principalmente porque essa foi uma espécie de "tour de apresentação" da banda ao público americano. Nenhum disco nosso foi lançado aqui, então, não tínhamos qualquer tipo de expectativa. Por isso, nosso raciocínio foi mais ou menos assim: se não temos qualquer expectativa, não há como nos desapontarmos. Mas tivemos uma ótima acolhida, o que foi realmente ótimo! Houve lugares em que éramos mais conhecidos do que em outros, mas sempre tinha gente que vinha especialmente para nos ver. Alguns chegaram a dirigir por horas pra nos ver tocando apenas quarenta minutos! E também conhecemos um monte de gente que nunca tinha ouvido falar de nós e que ficou muito surpresa com nossa música. Ou seja, viemos aqui para conquistar corações [risos].

RB – Como foi participar de uma tour em que todas as bandas tinham mulheres nos vocais?
SHARON – Foi muito legal! Finalmente, a gente tinha com quem levar um papo de mulher [risos]. Por outro lado, todo mundo estava muito ocupado, divulgando suas bandas, e cada uma delas viajava num ônibus próprio, então, nem sempre chegava todo mundo junto e nem sempre a gente se via o tempo todo. Mas o clima era realmente ótimo e isso foi o mais importante de tudo, na minha opinião.

RB – Você gostou do nome Hottest Chicks In Metal ["as garotas mais quentes do metal"]?
SHARON – Eu nem sabia que ia se chamar assim até chegar aqui [risos]! E quando eu fiquei sabendo, perguntei: "Jura [risos]?" Esse negócio de nome de turnê sempre surpreende a gente. Nossa primeira tour pela Europa se chamou The Chainsaw Massacre Tour [risos; o título significa "o massacre da serra elétrica"]. Ou seja, quase o oposto dessa última [mais risos]... São os promotores que criam isso e acaba sendo divertido ver o que eles inventam pra chamar a atenção.

RB – Como você compara os fãs europeus com os americanos?
SHARON – Os americanos se parecem mais com os do sul da Europa, de países como Espanha, Portugal ou Itália. As pessoas dessa região se expressam de um jeito diferente, assim que você começa a tocar, todos enlouquecem! E nos EUA é assim também. Eu sinceramente não esperava isso, imaginava que seria um pessoal mais reservado, mais parecido com o público do norte da Europa. Mas isso só aconteceu em cidades maiores, como Nova York ou Los Angeles, onde os shows rolam com mais freqüência. Porque nas cidades menores, a galera começava a agitar assim que tocávamos a primeira nota! Muitas bandas tocam aqui nos EUA e nós jamais imaginávamos que receberíamos uma recepção tão calorosa.

RB – Na Europa, vocês tocam com um cenário elaboradíssimo, com castelos, iluminação de primeira, pirotecnia... Já nessa turnê, eram só a banda e sua música em cena. Foi muito complicado pra vocês?
SHARON – Bem, um palco elaborado é um recurso extra que ajuda muito num show, quando possível. Naturalmente, quando a gente está numa turnê como essa, os palcos não costumam ser grandes o suficiente para que usemos toda nossa produção, até porque são quatro bandas se apresentando. Logicamente, é preciso que nos adaptemos a uma situação como essa, mas em primeiro lugar vem a música. É muito legal fazer um show com toda uma produção, mas o foco não pode sair da música. Então, não houve qualquer tipo de problema.

RB – Como vocês estavam abrindo para o Lacuna Coil e seus discos ainda não foram lançados nos EUA, essa tour foi como uma nova estréia para a banda?
SHARON – Sim, exatamente isso. E, como tudo na vida, tem seus aspectos positivos e negativos. Por exemplo, por não sermos a atração principal, não tínhamos o melhor equipamento à nossa disposição. Porém, por se tratarem de lugares menores, havia uma proximidade com o público que permitia muito mais feeling e muito mais interação. Isso é algo que tínhamos quase que esquecido por conta dos palcos grandes em que costumamos tocar. E foi muito legal! Muita gente se surpreende com a naturalidade com que nos portamos nessa nova situação, porque na Europa praticamente só tocamos em lugares grandes ou em festivais. Na Holanda, temos um ditado que diz: "Provar diferentes pratos abre o apetite." Ele quer dizer que ter experiências diferentes é muito interessante. E, no nosso caso, isso dá mais espontaneidade à banda.

RB – Musicalmente, o novo disco soa mais pesado e com muito mais guitarras que o anterior, The Silent Force [de 2004]. Isso foi algo planejado por vocês ou aconteceu naturalmente?
SHARON – Na verdade, nós sempre tentamos nos superar e evoluir a cada álbum. Sempre procuramos fazer discos que sejam interessantes para nós, gostamos de nos impor desafios, mas sem nos afastarmos do estilo por que optamos seguir. Assim, da mesma forma que Enter [disco de estréia da banda, de 97] é mais melancólico, Mother Earth [de 2000] tem influências celtas e The Silent Force é mais orquestral, o último é mais movido a guitarras, sim. Ele tem a mesma estrutura e os mesmos elementos dos anteriores, mas de uma forma diferente. E já imagino que o próximo será mais experimental, mas também movido a guitarra! Isso é algo que precisamos fazer cada vez mais, na minha opinião.

RB – Como vocês entraram em contato com Keith Caputo [vocalista do Life Of Agony] para que ele participasse da faixa What Have You Done Now?
SHARON – Alguns anos atrás, nós vimos o Life Of Agony tocando num festival na Holanda. Fazia um tempo horrível, com muita chuva e trovoadas, o que normalmente acaba fazendo o público procurar abrigo. Só que a maior parte da platéia ficou lá, debaixo d’água, quase hipnotizada pela banda e, principalmente, pelos vocais de Keith. Parecia que nem estava chovendo! Essa passagem ficou na nossa memória. Quando fizemos essa música, ela pedia um vocal masculino. Robert [Westerholt, guitarrista] dobrou os vocais comigo na versão demo, já que a música praticamente exigia essa energia extra para completar minha voz. E como nós sempre gostamos da voz de Keith, tivemos a idéia de mandar a música pra ele pra ver se ele gostava e topava participar. Ele mora na Holanda boa parte do tempo, já que tem um projeto paralelo com músicos holandeses. Ele adorou a música e em duas semanas estávamos gravando. A voz dele combinou perfeitamente com a minha, o que não sabíamos que ia acontecer, é óbvio, mas que nos deixou muito felizes. E, pra completar, ele é um sujeito muito simpático. Muitas vezes acontece de você gostar de uma banda e descobrir que os caras que fazem parte dela não são exatamente agradáveis [risos]... Você nunca sabe como os caras são pessoalmente quando os ouve num disco ou no palco. Mas Keith é um sujeito muito tranqüilo e gente boa, o que foi ótimo.

RB – Vocês se inspiram em livros e filmes para compor, mas, pelo que sabemos, The Howling foi baseado num vídeo game. É isso mesmo?
SHARON – Sim, é verdade. Uma produtora que estava desenvolvendo um vídeo game chamado The Chronicles Of Spell Born nos procurou. Eles nos pediram para escrever alguns temas para o jogo e um deles é The Howling. Nós tivemos que ler umas mil páginas da história na qual ele foi baseado! Isso acabou nos inspirando para fazer as músicas e, no fim das contas, apesar de todo o game se basear numa história fantástica, The Howling acabou ficando com muitos pontos em comum com nossa vida nos dias de hoje. A história original trata de um conflito entre duas espécies que habitam a Terra e, num determinado momento, é erguido um muro para separá-las. Ora, nós também temos usado esse recurso, como aconteceu com a Alemanha até pouco tempo atrás. E The Howling acabou se tornando uma espécie de canção contra a guerra, já que ela fala de respeito entre as pessoas.

RB – Vocês cederam os direitos da música Frozen para a CHI – Child Helpline International. O que levou a banda a tomar tal atitude?
SHARON – A CHI é uma instituição internacional que combate o abuso contra crianças e atua em mais de cem países. Estamos tentando fazer as pessoas conhecerem melhor essa entidade e achamos que essa seria uma boa forma de fazer isso. Nós concluímos que, se iríamos fazer uma música sobre esse assunto, como é o caso de Frozen, tínhamos, de alguma forma, que nos associar a alguma entidade que lidasse com isso – até para orientar aqueles que ouvissem a música e quisessem ou precisassem saber mais sobre o assunto.

RB – Por falar em crianças, você tornou-se mãe há pouco tempo. Isso afetou sua forma de escrever as letras ou mesmo sua maneira de conviver com todo esse ambiente que envolve uma banda de rock?
SHARON – Na verdade, não. Tornar-me mãe foi uma das coisas mais maravilhosas que já aconteceram na minha vida, mas isso não influenciou minha forma de escrever, nem a maneira como eu encaro o mundo do rock. Naturalmente, você passa a ter que planejar melhor as coisas, já que não pode mais se ausentar indefinidamente de casa. E também tem horas em que tudo que quero é ter minha filha ao meu lado! Mas a grande diferença é que isso enriquece demais a vida de uma pessoa.

RB – O Within Temptation praticamente criou um novo estilo de heavy metal, o "metal sinfônico holandês com vocais femininos". O que você pensa a respeito?
SHARON – É o que imagino que as pessoas possam pensar se virem apenas uma banda que tem uma vocalista agitando um cabelão escuro [risos]! Nós fazemos esse metal sinfônico, sim, mas também temos uma série de outras coisas no nosso show, como toda a dramaticidade que trazemos para o palco. Acho que alguém que não conheça nossa música direito até pode nos chamar assim, mas o que considero mais interessante nesse cenário todo é que cada banda soa diferente da outra. É o mesmo quando tentam nos incluir no rótulo "gothic metal". Porque, quando você compara as bandas, percebe que elas são totalmente diferentes. E isso deixa toda a cena mais interessante, mais variada. Acho que, no fim das contas, as únicas coisas que esses grupos têm em comum são os vocais femininos e as guitarras pesadas.

RB – É inevitável que o público americano os compare ao Evanescence, mesmo com o Within Temptation já estando na ativa há muito mais tempo.
SHARON – Bem, você sabe como é, acaba sendo uma comparação natural. E também acaba sendo, de certa forma, uma maneira de explicar mais ou menos o tipo de som que você faz. Por mim, está tudo bem desde que não digam que estamos copiando o Evanescence ou coisa do tipo. Fora isso, podem até não gostar da nossa música, não há problema algum.

RB – Na Holanda, surgiram várias bandas com vocais femininos, como vocês, The Gathering, Epica e After Forever, entre outros. Por que você acha que o país é tão prolífico em produzir bandas assim e até que ponto isso é bom ou ruim para a cena holandesa?
SHARON – Acho que quanto mais bandas existirem, mais a cena irá se fortalecer! Todas essas bandas que você citou são ótimas! E quanto melhores forem as outras bandas, mais você vai se esforçar para se aprimorar. Mas, sinceramente, não sei te dizer por que a Holanda tem produzido tantas bandas assim. Talvez tenha a ver com a água que a gente bebe por lá [risos]...

RB – Vocês têm planos de tocar na América do Sul?
SHARON – Sim, sem dúvida! Acredito que isso aconteça no início do ano que vem. Mas ainda estamos no começo das negociações, não há nada definido. Eu espero de coração que tudo dê certo! Nós já estivemos no México e tocamos para uma das melhores platéias do mundo! Os fãs ficaram completamente enlouquecidos, foi muito bom. Infelizmente, sempre estivemos muito ocupados na Europa e acabou não sendo possível ainda ir à América do Sul, mas espero que desembarquemos por lá em breve!


(Tradução: Antonio Carlos Monteiro)

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Por Anderson Del Angelus

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Fonte: http://www.rockbrigade.com.br
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir