Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 31-12-2007

Onda de violência deixa 110 mortos no Quênia
O presidente reeleito Mwai Kibaki deu início ao seu segundo mandato em meio a fortes protestos
Onda de violência deixa 110 mortos no Quênia
Foto: Noor Khamis/Reuters

NAIRí"BI, 31 dez 2007 (AFP) - Pelo menos 110 pessoas morreram no Quênia nos distúrbios que afetam o país desde domingo, depois do anúncio da reeleição do presidente Mwai Kibaki, cuja vitória foi contestada pelo derrotado candidato de oposição, Raila Odinga.

O temor de novos choque é grande por causa da cerimônia de posse alternativa programada por Odinga para esta segunda-feira à tarde em uma manifestação proibida pelas autoridades, um dia depois de Kibaki ter prestado juramento para um segundo mandato, apesar das denúncias de fraude.

O Quênia, um país bastante tranqüilo com uma das democracias mais estáveis da África, tem uma tradição de violência durante os processos eleitorais. A atual crise é a mais grave desde uma tentativa de golpe de Estado em 1982.

Desde 27 de dezembro, data das eleições gerais no Quênia, pelo menos 130 pessoas faleceram na violência pós-eleitoral, segundo fontes policiais.

Quarenta pessoas morreram na capital Nairóbi, 53 em Kisumu, a terceira maior cidade do país e reduto do líder da oposição e candidato derrotado na eleição, Raila Odinga, e outras vítimas foram registradas em cidades espalhadas pelo país.

"Havíamos encontrado 36 corpos às 5H00 da manhã em vários pontos da cidade, principalmente nas favelas", declarou uma fonte policial da capital do país que pediu anonimato.

"Esta manhã, ficamos sabendo que outros quatro corpos jaziam no bairro de Mathare", acrescentou. Todos os cadáveres foram levados para o necrotério.

"Um toque de recolher diurno das 6H00 às 18H00 foi imposto em Kisumu. A polícia recebeu a ordem de matar os que violarem o mesmo", afirmou à AFP uma alta fonte policial que pediu anonimato.

O necrotério do hospital de Kisumu - reduto do candidato da oposição à presidência Raila Odinga no oeste do país - já havia recebido 46 corpos na manhã desta segunda-feira.

"Estes corpos foram trazidos durante a noite por policiais", declarou à AFP um funcionário do necrotério que pediu para não ser identificado.

Outros sete cadáveres estão dentro do hospital à espera de transporte para o necrotério.

Mais cedo, o comandante da polícia da província de Nyanza, Grace Kaindi, havia informado que os corpos de sete manifestantes mortos pela polícia durante a noite foram levados para o necrotério local.

No centro do país, na cidade de Nakuru, a polícia encontrou os corpos de outras sete pessoas.

"Encontramos sete corpos nos bairros de Nakuru e procuramos outros", declarou à AFP Stephene Munguti, comandate de polícia de Nakuru, localidade situada no vale de Rift.

"Não foram mortos pela polícia, mas em confrontos entre grupos rivais", acrescentou.

No povoado de Cheber, também no vale de Rift, quatro pessoas faleceram em enfrentamentos entre grupos rivais, informou a polícia.

Em Kakamega, capital regional do Quênia ocidental, fonte médicas falam de seis mortos a tiros.

Poucos minutos depois do anúncio da vitória de Kibaki no domingo, violentos distúrbios explodiram nas áreas habitadas por simpatizantes do candidato de oposição, Raila Odinga.

Os protestos afetaram Kibera, a maior favela de Nairóbi, e várias cidades do oeste do país.

A lentidão até o anúncio dos resultados, três dias depois das eleições presidenciais, legislativas e locais, irritou os partidários de Odinga e alimentou as suspeitas de fraude.

Depois de aparecer na liderança nas pesquisas e nos primeiros resultados parciais, Odinga, candidato autoproclamado dos mais desfavorecidos e antigo aliado de Kibaki, foi perdendo força até chegar a uma vantagem de apenas 38.000 votos no sábado à tarde.

Kibaki recebeu 4.584.721 votos contra 4.352.993 de Odinga, segundo a comissão eleitoral queniana.

Casas e lojas destruídas na favela de Kibera, em Nairóbi, Quênia. O presidente reeleito Mwai Kibaki deu início ao seu segundo mandato em meio a fortes protestos, que já fazem mais de cem mortos.


Fonte: http://noticias.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir