Categoria Msica  Noticia Atualizada em 09-03-2008

'Blowin in the wind' encerra turn de Bob Dylan no Brasil.
Apresentação do cantor e compositor contou com o aguardado hino sessentista.Público deixou os assentos para curtir de perto o show.
'Blowin in the wind' encerra turn de Bob Dylan no Brasil.
Foto: Marcos Hermes

A crtica, o pblico e, em especial, o senador Eduardo Suplicy pediram. Bob Dylan atendeu. “Blowin in the Wind”, uma das msicas mais emblemticas de sua extensa carreira, foi includa como o ltimo nmero do set list do show realizado na noite deste sbado (08), na Arena Rio, no Rio de Janeiro. A apresentao do msico norte-americano, alis, marcou a abertura do local ao pblico para um evento desse gnero " at ento, apenas Roberto Carlos havia se apresentado ali, por ocasio da gravao de seu especial de fim de ano, que foi ao ar pela TV Globo, em dezembro.

Dylan subiu ao palco s 21h40, dez minutos aps o horrio marcado. Vestindo um blazer cinza, cala e chapu pretos, trouxe consigo outros cinco msicos e uma Fender Stratocaster, guitarra que o acompanha em “Rainy day women #12 & 35”, “It ain’t me babe” e “I'll be your baby tonight”, as trs primeiras msicas do show, todas oriundas da dcada de 60, seu perodo mais prolfero. Chega, inclusive, a arriscar alguns solos, demonstrando habilidade e bastante intimidade com as seis cordas.

O show prossegue e Dylan ento assume os teclados para no largar mais. “Masters of war”, um de seus hinos anti-belicistas, reconhecida pela platia logo em seus primeiros versos. Sim, difcil perceber qual msica est sendo executada. Dylan balbucia as palavras, no delineia mais as melodias. Sua voz baixa e completamente anasalada. Ainda assim, o pblico parece no se importar e alguns at se divertem tentando adivinhar: “Que msica essa?”.

Em cena, apenas msicos, instrumentos e microfones. Nada de luzes coloridas ou quaisquer outros recursos visuais comuns ao show business atual. A estranha exceo a estatueta (colocada estrategicamente sobre um amplificador ao lado de Dylan) de Melhor Cano, abiscoitada pelo cantor no Oscar de 2001, pela msica “Things have changed”, includa na trilha sonora do filme “Garotos incrveis” e executada em seguida.

O cantor abre passagem para material ainda mais recente e, na seqncia, aparecem o rockabilly “The levee's gonna break” e “Spirit on the water”, faixas do disco “Modern times”, de 2006. A banda se solta e os improvisos tomam conta da msica de Dylan. “My Back Pages”, registrada no disco “Another side of Bob Dylan”, de 1964, numa verso apenas voz-e-violo, se transforma em uma delicada balada ao ser executada em um arranjo que prioriza os teclados.

Lugares (des)marcados
Mas “Highway 61 revisited”, do disco homnimo de 1965, que pe fogo na Arena Rio. O blues eltrico ganha um andamento lento, tornando-se ligeiramente mais pesado e barulhento. Parte da platia que ocupa as cadeiras dispostas na pista comea a se levantar procura de espaos mais prximos do palco. Alguns casais j podem ser vistos danando nos corredores, o que provoca confuso junto aos seguranas e parte do pblico que ainda permanece sentado.

At que chega a vez de “Like a rolling stone”, que acaba de vez com a rigidez dos assentos marcados e deixa o lugar com aquele clima tpico de show de rock ‘n’ roll. Adolescentes se espremem na grande de proteo junto a senhores de cabelos brancos. Braos erguidos balanam no ritmo da msica. Contrariando pedidos da produo do show, dezenas de mquinas fotogrficas digitais disparam flashes contra um Dylan que, a despeito de sua fama de carrancudo, parece no se importar com o rebulio causado pela sua prpria msica. E quem conseguiu manter seu assento a salvo teve que ficar de p, em cima da prpria cadeira.

Cantor e banda se retiram discretamente para o aguardado bis. Na volta, “Thunder on the Mountain”, mais uma de “Modern times” aparece uma verso estendida, com solos de guitarra e teclados. A essa altura, quem estava nas arquibancadas j ocupava os lugares mais caros e se colocava a pouqussimos metros do palco.

No nico momento em que se dirigiu ao pblico, Dylan agradeceu e apresentou a banda. O show chega ao fim com “Blowin in the wind” em uma verso bastante diferente da original, gravada em “The freewheelin' Bob Dylan”, de 1963. Os versos “How many roads must a man walk down / Before you call him a man?”, quase que sussurados, passaram despercebidos aos ouvidos da grande maioria (ser que Suplicy reconheceria?). O impacto da cano s se deu no refro, quando foi identificada e entoada por todo o ginsio.

O show chega ao fim e, sob aplausos, Bob Dylan e seus msicos se alinham frente platia. O cantor faz sinais de “positivo” erguendo os polegares e deixa o palco com um discreto sorriso. Pois , simpatia no o seu forte, mas o pblico carioca parece que no se importou. Os gritos de “Dylan! Dylan! Dylan!” deram o veredicto.

A turn “Never Ending Tour” segue agora para o Chile (Santiago), Argentina (Crdoba, Buenos Aires e Rosrio) e Uruguai (Punta Del Este).

'Blowin in the wind' encerra turn de Bob Dylan no Brasil.
Apresentao do cantor e compositor contou com o aguardado hino sessentista.Pblico deixou os assentos para curtir de perto o show.

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Felipe Campos    |      Imprimir